Desaires (ou a relação causa-efeito positivo desmentida) | Sporting CP

Uma análise à temporada do Sporting CP e ao trabalho de Amorim, jogadores e direção.

Que todos conhecêssemos alguém do género do professor Pangloss! Auscultar a vida com a positividade a bater ferros no céu e colocá-la sob o papel químico do otimismo constante, como defendia Leibniz. Se há coisa que me entristece é o facto de – agora – as pessoas que vivem num luxuoso palácio (ou habitação igualmente nobre) não perderem tempo a consultar as opiniões e pareceres de filósofos do século vigente.

As pessoas que têm essa possibilidade e não a aproveitam andam a brincar com a cara das restantes. Quem é que não gostava de consultar um especialista em metafísica ou epistemologia antes de fazer borrada? Só desta forma é que um indivíduo percebia o entusiasmo pela essência e os sorrisos cravados no rosto de manhã à noite. Portanto, filosofia com fartura assim que fôssemos capazes de formar frases morfológica e sintaticamente aceitáveis e tudo era cor-de-rosa.

Camaradas, algo que não tem rigorosamente nada que ver com o que foi dito e que aqui entra é a relação causa-efeito positivo. Acontecem coisas com maior ou menor simplicidade e, para elas, existem consequências. Creio que a teoria da causa-efeito não é negável, mas também não me debrucei muito sobre o assunto. Voltaire utilizou muito este mote na história que contou sobre Cândido porque se não fosse a escapadela à Inquisição e situações escabrosas na Europa e América, eles não saboreavam limões e doces no fim da trama.

Bip. Bip. Bip. Bip. Bip. Bip. Bip.

Tic-tac. Tic-tac. Tic-tac. Tic-tac. Tic-tac. Tic-tac.

Simbolizar, através de onomatopeias, o avançar dos ponteiros do relógio não o faz galgar mais do que uns meros segundos. Percebam, de uma vez por todas, a partida que vos têm pregado com o maior dos sucessos.

“A teoria da relação causa-efeito não tem negação”. Escolhi debruçar-me sobre o assunto e adivinhem lá (guésse uóte, como dizem os franceses)?! Pois é, pois é! Nunca duvidem da vontade humana quando se trata de refutar teses brilhantes e soberbas.

Achas que o voto eletrónico pode aproximar o clube e os seus sócios? Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

A objeção à relação causa-efeito é tem origem e finalidade no Sporting Clube de Portugal. Se até o menino Cândido sofreu imenso até contrair matrimónio com a menina Cunegundes e acabou a cultivar o seu próprio jardim, que mal fez o clube de Alvalade para não festejar no fim da época um título ou quatro?

Na época 2022/2023, muitas foram as dificuldades que os jogadores do Sporting enfrentaram e, no entanto, nem uma guloseima vão poder saborear. Eliminados das competições europeias – UEFA Champions League e UEFA Europa League – e das competições internas – Campeonato Português, Taça de Portugal e Allianz Cup – nada resta ao Sporting CP para erguer os copos de champanhe e bebê-los de um só trago.

Vamos a factos. E, se vamos explaná-los, solto as causas: lesões de peças influentes no esquema tático gizado pelo treinador; exibições desastrosas que evidenciaram falhas no capítulo da postura defensiva da equipa no que concerniu ao posicionamento e concentração da linha utilizada que custaram pontos; exibições que construíam jogadas que até sim senhor, eram agradáveis à vista, mas com elevado grau de ineficácia ao nível da finalização; sepulturas erigidas por um guarda-redes a quem (também) devemos os mais recentes títulos; e saídas (ou vendas obrigatórias para equilíbrio financeiro como acredito serem designadas) que curvaram e não mantiveram retilínea o traçado qualitativo do plantel leonino.

Rúben Amorim
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Vamos a efeitos. Só se vislumbra negatividade: perder com o GD Chaves à quarta jornada (depois de ter levado três batatas no Dragão), cruzar a bola mais de quarenta vezes para a área e dessas ações conjuntas não surtir um remate ao alvo; sair derrotado de jogos com o Boavista FC e FC Arouca em lances de bola parada – exaustivamente práticas treinadas pela formação do Sporting CP durante a estadia de Rúben Amorim em Alvalade – depois de “carregar no adversário” durante a totalidade da partida; naufragar na ilha da Madeira defronte do CS Marítimo e, em 90 minutos, realizar apenas dois (!) remates à baliza e ser batido de grande penalidade pelo lateral direito que não é das Winx, mas é o Cláudio Winck; ser MUITO, MAS MUITO SUPERIOR À Juventus e não ter a inteligência emocional e a destreza física para desmontar o catenaccio italiano que parecia extraído da final da Taça dos Campeões Europeus jogada entre o FC Internazionale e o AFC Ajax, em 1972; e ser obrigado a dizer “xau” à Taça de Portugal por uma equipa que, neste momento, luta para fugir às garras do Campeonato de Portugal e que deu uma aula sobre “como ter atitude na quadra, independentemente do adversário” ao clube grande.

Como podem comprovar, está tudo desmentido. Fizemos borrada durante a época e não merecemos recompensa nem uma oportunidade para plantar as nossas verduras e outras sementes. A meu ver, é injusto. Pelo menos, mandem a canalhada tratar do relvado como deve ser nas férias de verão já que o efeito positivo está a retardar porque, enquanto quem representa o Sporting CP estiver entretido na labuta extra, acha que o tempo passa mais rápido e, consequentemente, que o brinde acelera na sua direção.

Romão Rodrigues
Romão Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
Em primeira mão, a informação que considera útil: cruza pensamentos, cabeceia análises sobre futebol e tenta marcar opiniões sobre o universo que o rege. Depois, o que considera acessório: Romão Rodrigues, estudante universitário e apaixonado pelas Letras.                                                                                                                                                 O Romão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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