Os grandes clubes – como o Sporting CP – têm, todos os anos, problemas com jogadores excedentários que, por alguma razão não se enquadraram na forma de jogar da equipa, não têm o perfil que o treinador deseja, ou simplesmente porque não demonstram qualidade para representar o clube.
No caso do Sporting CP, tem ainda a “agravante” de ser um clube formador, que todos os anos tem dezenas de atletas a concluir o seu percurso formativo, sem que o plantel principal de futebol tenha capacidade para absorver tantos jogadores, quer pela limitação do número de atletas que podem pertencer ao mesmo, quer pela qualidade dos jogadores que o integram, ou pela menor qualidade dos jovens que terminam a formação (porque é normal que muitos não tenham a qualidade necessária para integrar a equipa principal, apesar de nós querermos acreditar que todos os leõezinhos são craques.)
Os projetos de equipa B e Sub23 vêm atenuar este problema, permitindo que o clube mantenha muitos jogadores que saem da Academia de Alcochete. No entanto, e uma vez que estas equipas participam em quadros competitivos inferiores, faz com que o clube opte por colocar muitos desses atletas a rodar em equipas de clubes que participem em ligas profissionais, internas ou estrangeiras.
O problema desta opção é perceber se esses jogadores irão jogar com regularidade, para que se potencie um “activo” que apenas está a ser emprestado por não ter, no momento, lugar no plantel principal do clube. Porque, para estar constantemente no banco de suplentes, será contraproducente colocá-los em outros clubes, quando, se estivessem a jogar nas equipas secundarias do seu clube, aquele que lhes paga o salário (em muitos casos a cem por cento, mesmo estando a representar outro emblema), podiam pelo menos crescer e evoluir a jogar, ainda que num quadro competitivo não profissional.

Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede
Ou seja, um jogador crescerá muito mais a jogar em competições secundárias do que a aquecer o banco de uma equipa profissional de um grande campeonato. Podem dizer que treinar com equipas profissionais e jogadores experientes ensina muito, mas sem jogar não me parece que faça crescer um jogador. E para o clube, dono do passe do jogador, é mais um atleta que apenas representa um custo, sem que se valorize para uma futura venda.
Passando a alguns exemplos práticos, dos catorze jogadores emprestados pelo Sporting CP, segundo o site Transfermarkt, apenas Rosier, Misic e Pedro Marques estão a valorizar em termos de valor de mercado. Todos os outros estão a desvalorizar. Uns pela idade, outros pelos poucos jogos em que participam independentemente do motivo por que o façam, ou pelos dois.
A questão é que, não emprestando muitos deles, também não será possível às três equipas de futebol do clube absorver tantos jogadores, e não podemos esquecer também a vontade dos jogadores que preferem arriscar integrar uma equipa melhor, de um grande campeonato, mesmo arriscando a não jogar.
O segredo então será comprar pouco e bem, para que não tenhamos depois que andar a tentar colocar ou vender jogadores em que nenhum outro clube quer apostar. E quanto a potenciais bons jogadores que saem da academia, que não tenham ainda lugar na equipa principal do clube, e queiram rodar em clubes de primeira divisão, deve ter-se o cuidado de escolher equipas/treinadores que joguem o tipo de futebol que possa potencial as características do jogador.

Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede
Não há fórmulas mágicas ou infalíveis, e não quero dizer que em alguns casos, como William Carvalho, Adrien ou Cedric, o empréstimo não tenha sido uma boa solução. Mas a percentagem é muito baixa. Talvez, na maior parte dos casos, o empréstimo nem seja uma estratégia de crescimento, mas apenas um último recurso para não dispensar um jogador.
Por exemplo, e voltando novamente aos emprestados do Sporting CP na presente época desportiva, talvez só venhamos a conseguir ver alguma evolução em dois deles. Pedro Mendes e Pedro Marques. Os restantes, provavelmente andarão de empréstimo em empréstimo até serem contratados a um preço simbólico por algum clube, ou até chegarem a uma rescisão por mútuo acordo.
Há quem aproveite os empréstimos para conseguir vantagens sobre outros clubes, ou sobre percentagens de futuras contratações. No entanto, tirando esses esquemas, não entendo que os empréstimos tragam grandes vantagens para fazer crescer e valorizar os nossos “excedentários”. Mas posso estar enganado, e se estiver, vocês irão com certeza, apresentar-me vários exemplos.