
Eu sei, eu sei, o futebol que interessa é apenas o que é jogado dentro das quatro linhas. O que deve ser analisado é as grandes jogadas dentro de campo e não as “jogadas” fora dele, os grandes golos, as grandes defesas ou simplesmente o que se faz no retângulo de jogo.
A verdade é que custa estar a ver um jogo de futebol em que as decisões arbitrais não seguem uma linha reta, mas antes uma aos ziguezagues em que se decide à direita se for para uns e à esquerda para outros (depois admiram-se que, de por vezes apareça um ou outro a querer ter uma troca de ideias mais física com os árbitros – também eu, no meu imaginário, pensei em fazer isso muitas vezes, mas depois acalmei-me, PORQUE A VIOLÊNCIA NUNCA É A SOLUÇÃO MENINOS, ou porque estava sentado no meu sofá sem poder fazê-lo, e porque nunca iria arriscar ser castigado por algo que não vale e pena. Há os que o fazem sem o ser). E isso até nem seria de admirar se essas mudanças de avaliação não fossem sobre situações iguais.
Não, esperem, desculpem, nunca há uma situação exatamente igual, nem que seja em termos de intensidade, tamanho dó pé, força do punho de quem infringe o golpe, por isso talvez devamos dar o benefício da dúvida a quem lá anda com apito a pesar todas estas situações.

Dito isto, temos de começar a treinar a nossa forma de nos encostarmos ao adversário, principalmente ao que vamos enfrentar na próxima jornada, e temos também de apurar os reflexos porque eles batem bem. Batem tão bem que conseguem ludibriar árbitros, VARs, protocolos… Ah as saudades que eu tenho dos “sumaríssimos”. Ou então não, porque só funcionavam sempre a favor dos mesmos… ficávamos na mesma.
Ou seja, o que retiramos de tudo isto é que temos muito a aprender. Para além do acima mencionado temos também de aprender a motivar-nos com as injustiças que nos infligem. Nisso eles são muito bons. Encontram inimigos externos, e exploram-nos ao máximo. Eles tornam-se na Gália do futebol Português, rodeado de romanos (só para não usar o muito gasto “mouros”) a querer derrubá-los de todos os lados, e conseguem com isso criar uma fórmula mágica que lhes dá uma força sobre-humana (talvez esteja a exagerar. Mas pelo menos dá-lhes uma força extra). Depois é fácil, porque qualquer um, ou qualquer coisa se pode transformar num “romano”, desde que não seja da sua área geográfica ou mostre alguma opinião que não os favoreça, ou seja contra a deles.
Nós, que talvez sejamos os mais prejudicados, pelo menos entre os que lutam por títulos, o que nos dá todas as armas para usarmos as mesmas estratégias, preferimos entreter-nos a (e aproveitando ainda o contexto gaulês) atirar pargos e fanecas, a enviar marretadas, ou a gritar com os nossos pares por menos que uma opinião contrária ao que defendemos. Mas o Sporting não pode usar a mesma estratégia porque se se quisesse também tornar uma Gália prefeririam sempre uma luta do Ordralfabétix com o Céntautomatix, ou todos contra o Assurancetourix, o Bardo. E no fim, um banquete de croquetes para todos, a brindar por termos conseguido calar todos os Bardos que cantam o que nós não gostamos de ouvir.

Acho que devíamos aprender com ensinamentos vindos do Norte, uma vez que vem lá mais um embate, e se não nos despachamos vamos cair nas mesmas armadilhas. Porque eles já devem ter arranjado alguma manchete ou algum “romano” para os motivar. Para além de que há “romanos” que simpatizam com eles, ou têm tanto medo dos “sopapos” deles que preferem não entrar na luta, ou simplesmente fazer de conta que não viram nada.
Quanto ao exemplo dos gauleses, deveríamos pelo menos tirar a lição de que se somos mais fracos (e não estou a falar de força dentro de campo) temos de correr mais, esforçar-nos mais para compensar essa desvantagem com que começamos já antes do apito inicial.
Porque há jogos de futebol em que a probabilidade de o campo começar a inclinar são tão certas como a morte. Sabemos que vai acontecer, só não sabemos quando.