Matheus Nunes foi a grande figura do último derby em Alvalade e o herói inesperado do (também inesperado) líder do campeonato.
Apesar da excelente exibição do colectivo leonino, que só pecou pela falta de eficácia junto da baliza adversária, é Matheus Nunes que merece ser destacado em termos individuais. O jovem brasileiro formado no G.D.U.Ericeirense carimbou uma bela performance durante o jogo inteiro: sem medo do “um para um”, anulou transições ofensivas, ocupou espaços importantes no meio-campo e ainda foi à área contrária mergulhar para a vitória!
Embora Matheus Nunes se tenha assumido como uma peça fundamental na rotação do meio-campo dominado pela dupla João Mário e João Palhinha, num duelo frente ao Benfica, seria naturalmente suplente e não titular no onze inicial. A incerteza gerada em torno da disponibilidade de João Palhinha para o derby catapultou Matheus Nunes para a titularidade, com a grande responsabilidade de substituir um titular de peso como o é Palhinha naquela posição nevrálgica do meio-campo.
A verdade é que, provavelmente, nenhum sportinguista acreditaria, à partida, que Matheus Nunes seria a chave para a vitória dos leões frente ao rival e, mais importante, para a consolidação do primeiro lugar na tabela classificativa.

Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede
Não se esperava que o rapaz oriundo da Ericeira, que foi recusado no Seixal por não ter sido considerado “apto para o nível de uma Segunda Liga, nem da equipa B do SL Benfica“, fosse a figura principal num jogo frente a um SL Benfica carregado de “vedetas”.
O futebol é feito destas “delícias”, mas também é rico em histórias de superação. Poucos terão tido uma ascensão tão meteórica como a de Matheus Nunes. Aliás, o jovem médio conseguiu, num espaço de dois anos, o que muitos não conseguiram durante carreiras inteiras. E tal deveu-se ao seu esforço e trabalho.
Pese embora as “negas” dadas por clubes como Leicester FC, SC Braga e SL Benfica, Matheus Nunes nunca deixou de “dar no duro” no Ericeirense, o clube que o formou e revelou, enquanto trabalhava em part-time numa pastelaria. Quando teve uma oportunidade dada por Rúben Amorim, nunca mais a largou.
Com efeito, os níveis exibicionais de Matheus Nunes demonstrados em jogos decisivos, como a final da Taça da Liga e o derby diante o SL Benfica, podem sugerir uma mais recorrente titularidade do jovem médio no onze inicial leonino.
O percurso de Matheus Nunes é, pois, acima de tudo, uma história de superação, humildade e resiliência perante as adversidades. Uma história na qual o G.D.U.Ericeirense (honra lhe seja feita) teve um importante contributo, ao ter-lhe transmitido aqueles valores e que, certamente, será ilustrada com muitas alegrias no Sporting CP.
Artigo revisto por Mariana Plácido