O mercado do Sporting: cumprir o que era esperado, com direito a saída surpresa e a ‘telenovela’

    Sporting

    O Sporting entrou no mercado de transferências do verão de 2024 com o título de campeão nacional no bolso e contando com o melhor plantel da Primeira Liga, na opinião da maioria. Isto fazia prever que a atuação dos leões no mercado não seria a larga escala, dependendo mais das saídas que ocorressem. Jogadores como Viktor Gyokeres, Gonçalo Inácio ou Ousmane Diomande foram apontados a outros clubes em 2023/24, prevendo-se que chegassem ofertas convincentes às mãos de Frederico Varandas, por peças fundamentais do elenco. Tal acabou por não acontecer. Contudo, tratou-se de um verão agitado, com saídas inesperadas.

    Antes de prosseguir, referir que o Sporting fechou o mercado no negativo. Somando as saídas e descontando as entradas, o resultado do balanço foi de me nos 12,35 milhões de euros. Não se trata de uma novidade. Olhando ao histórico, os leoninos também contaram com prejuízo após o primeiro título de Rúben Amorim: menos 23,08 milhões de euros. É um padrão facilmente identificado e já explicado por alguns jornalistas. O Sporting investe sempre em busca do bicampeonato, mantendo as suas peças fundamentais. Em 2021/22 não correu como o esperado, já que o FC Porto de Sérgio Conceição ergueu o troféu em maio. Porém, em 2024/25 poderá ser distinto.

    O mercado por Alvalade ficou marcado por saídas de membros importantes ao nível do balneário. As baixas de Luís Neto e Antonio Adán já eram esperadas, com direito a homenagem na última jornada do campeonato. A saída de Paulinho fazia-se prever, caso surgisse uma oferta que agradasse a todas as partes. Porém, a de Sebastián Coates foi um choque, levando aficionados às lágrimas. Tratou-se da saída de um dos ídolos de Alvalade e possivelmente a maior figura do Sporting no século XXI. O capitão de equipa abandonou o barco, um dia que ninguém queria que chegasse, nem mesmo o uruguaio, que evocou razões pessoais para regressar ao Nacional de Montevideu. Temeu-se pelo futuro da defesa do Sporting nos dias seguintes, que perdera o seu pilar, o elemento que estava sempre lá, quando fosse necessária ajuda e que poucas semanas antes tinha feito a festa no Marquês de Pombal. Ao lado de Coates todas as restantes saídas tornaram-se ‘menores’.

    Mateus Fernandes acabou por deixar o Sporting para cumprir o sonho de jogar na Premier League. O Southampton necessitava de alguns reforços e levou o jovem médio que tinha brilhado no Estoril Praia e que seria aposta da equipa técnica. Os 15 milhões de euros mostram que a curto prazo foi um ótimo negócio, por um jogador que tinha poucas provas dadas. A longo prazo a conversa poderá ser outra e é um tema a analisar. As restantes movimentações para fora de Alvalade tiveram pouco impacto e nem mereceram grande relevância.

    Jovane Cabral foi para o Estrela da Amadora em definitivo, tendo que ser considerado uma das grandes desilusões dos últimos anos, naquilo que diz respeito a produtos da formação. Rafael Pontelo, Sotiris Alexandropoulos e Rúben Vinagre estão fora dos planos e foram cedidos. Todos os emblemas têm aquela lista de jogadores que ‘rodam’ por vários clubes, até ao final de respetivos contratos. Estes três nomes encaixam nesse perfil (mesmo que o central tenha chegado em janeiro de 2024, já se percebeu que é curto). Dário Essugo e Rodrigo Ribeiro também foram emprestados, mas na perspetiva de um crescimento, de modo a uma nova avaliação no verão de 2025. Rodrigo Ribeiro passou discreto pela Premier League e poderá ser protagonista no AVS. Dário Essugo será orientado por Luis Carrión no Las Palmas, experimentando a La Liga. Contará com espaço para crescer, numa turma que lutará por objetivos curtos no país vizinho.

    Olhando a entradas, Hugo Viana cumpriu com o plano. Comprar com objetivo e rendimento imediato e para o futuro. Desde o começo do mercado de transferências, era mais que sabido e comentado que o Sporting necessitava de um guarda-redes, de um defesa-central e de um ponta de lança (mesmo com a manutenção de Paulinho, caso a mesma tivesse acontecido), no mínimo. As duas primeiras questões foram resolvidas rapidamente. Para a baliza, Vladan Kovacevic foi confirmado como sucessor de Adán (e ‘rival’ de Franco Israel), oriundo do Raków, por 4,8 milhões de euros. O bósnio ainda não convenceu, mas era um nome badalado no futebol português, já que outrora foi apontado ao Benfica. Em termos preço/qualidade, parece um bom negócio.

    Para o posto de central, que ficou sem Luís Neto e sem Coates, apenas veio uma nova peça para Rúben Amorim. Zeno Debast chegou ao Aeroporto Humberto Delgado com uma etiqueta de 15,5 milhões de euros, mas com provas dadas. Falamos de um dos jovens mais promissores da Europa e que esteve no Euro 2024, com a malograda Bélgica, uma das desilusões da competição. Com estaleca para jogar na Premier League, preferiu dar um passo intermédio e crescer por Alvalade. A sua exibição na Supertaça de Portugal deixou os adeptos desconfiados, acabando relegado para o banco de suplentes e principal alternativa à tripla Eduardo Quaresma- Ousmane Diomande- Gonçalo Inácio. Contudo, mantém total confiança por parte dos responsáveis leoninos.

    Já para a o lugar de ponta de lança, a situação foi mais complicada, com a ‘telenovela’ do mercado. Ponto prévio: quem aceitasse ser reforço do Sporting para esta posição seguramente saberia que não viria para titular. Viktor Gyokeres é dono e senhor do lugar, podendo ter companhia na frente de ataque, quanto muito. Sabia-se também que teria que ser um investimento pesado, já que competir com o sueco é uma das missões mais complexas da Primeira Liga. O eleito foi Fotis Ioannidis, mas o Panathinaikos não queria perder o ‘seu’ Gyokeres, alongando as negociações e mostrado pouca flexibilidade. A verdade é que ninguém tirou o grego de Atenas, quando existiam mais interessados.

    Se no caso de Fotis Ioannidis foi a sua entidade patronal que não facilitou, no segundo alvo foi o próprio jogador que decidiu rejeitar uma mudança para o Sporting. Vitor Roque, que no começo do mercado estava a ser associado com o FC Porto, aparentava que seria o avançado que os leões iam conseguir fechar. Apesar do acordo com o Barcelona, que não tem o brasileiro em boa conta, o atleta preferiu assinar com o Real Bétis, já que o seu desejo era permanecer na La Liga e adaptar-se ao campeonato. Nem os catalães puderam sorrir em pleno. Se o Sporting oferecia uma transferência em definitivo, os andaluzes apenas propuseram um empréstimo que até contempla uma opção de compra.

    Por fim, a escolha acabou por cair em Conrad Harder, promessa de 19 anos do Nordsjaelland. Mesmo com um investimento de 19 milhões de euros, é verificável que se trata de uma aposta para o futuro e a exigência não será a mesma que seria com Ioannidis ou Roque. É alguém para crescer na sombra de Viktor Gyokeres e somar minutos em jogos de menos nível. O sueco também necessita de descansar e o dinamarquês quer provar que pode ser o seu sucessor, quando o mesmo render 100 milhões de euros à turma de Alvalade.

    No entanto, antes de Conrad Harder colocar os pés em Lisboa, outro reforço surgiu. Maxi Araújo, dotado de fazer a ala esquerda completa, chegou do Toluca (atual clube de Paulinho) por 13,6 milhões de euros. A explicação da contratação é dada pelo próprio Rúben Amorim. O técnico elogiou a versatilidade do uruguaio (destaque da última Copa América) e assumiu que o jogador será a alternativa a Nuno Santos. Matheus Reis terá tarefas mais defensivas, podendo atuar a central. O mesmo se passa na direita, explicando que Geny Catamo e Geovany Quenda disputarão o posto da ala direito e que Iván Fresneda será aposta em diferente contexto, tal como o brasileiro do outro lado. A função de Ricardo Esgaio não foi esclarecida.

    Em suma, o Sporting cumpriu o seu papel este verão, com o foco no bicampeonato. Comprou atletas com experiência como seniores, apesar da sua maioria serem jovens, e com capacidade de assumir um posto no 11 inicial. Por muito que o balanço esteja no vermelho, o orçamento salarial permitiu as entradas realizadas. Antonio Adán, Luís Neto, Cates e Paulinho recebiam ordenados que ocupavam uma fatia importante do bolo (Francisco Trincão, Viktor Gyokeres e Morten Hjulmand passam a ser os mais bem pagos, segundo o Capology). Rúben Amorim terá ‘boas dores de cabeça’, com os seus desejos a serem cumpridos, exceto Ioannidis. Em Alvalade vive-se um bom período e conta-se com o plantel em melhor forma de Portugal. A atuação no mercado de verão será considerado um ponto fundamental, caso haja festa no Marquês em maio de 2025.

    Podes ler também as análises aos mercados do Benfica e do FC Porto.

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