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Matadores, Levezinhos e Aviões

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milnovezeroseis

Caro leitor.

Não se assuste com o título da crónica que está prestes a jorrar. O nome pode sugerir, por exemplo, interpretações de guerrilhas animalescas, na Segunda Grande Guerra, entre aviões dos Aliados contra o Reich onde a morte e o avião se conjugavam. Pode, igualmente, levantar perspectivas literárias, ou não tenha sido A insustentável leveza do ser um marco no panorama da escrita. Milan Kundera nem por sombras desconfiava de que algumas décadas volvidas outro “Levezinho” faria furor para os lados de Alvalade. Liedson de seu nome. Contudo, antes da apoteose que o brasileiro naturalizado português representou, houve outro ponta de lança que deixou a sua indelével marca no Sporting Clube de Portugal. El Matador, pois claro.

Beto Acosta aterrou em Lisboa na época de 1998/1999, com um historial de peso na bagagem. Constou nas equipas que venceram a Taça da Confederações em 1992 e Copa América no ano seguinte, ao serviço da Argentina, jogando lado a dado com El Pibe Maradona. Ainda assim, o ingresso do “Matador” nas fileiras leoninas foi alvo de uma crítica generalizada, muito por culpa dos 32 anos que carregava. A adaptação de Acosta foi, de facto, um processo moroso. Um problema na ciática que já se arrastava há algum tempo impediu o argentino de mostrar serviço prontamente.

El Matador celebra mais um golo ao serviço dos leões / Fonte: Chamaco
El Matador celebra mais um golo ao serviço dos leões / Fonte: Chamaco

Com a chegada de Inácio ao banco do Sporting, o ponta de lança ganhou novo alento. Acosta era, doravante, um goleador nato temido por qualquer defesa adversária! Jornada após jornada, o argentino foi mostrando o seu faro para o golo. Para a História ficaram exibições como a realizada no Estádio da Luz, em jogo a contar para a Taça de Portugal, onde o Sporting categoricamente eliminou o eterno rival nuns clarividentes 0-3. O natural de Arocena marcou, no total 22 golos na edição de 1999/00 da Liga Portuguesa, tendo um papel crucial no fim do jejum de 18 anos. A maneira como se movimentava no seu habitat e a apetência para balancear as redes adversárias outorgaram-lhe, nas bancadas de Alvalade, a alcunha de El Matador. A cada golo de Acosta o ritual repetia-se – “Matador, Matador, Beto Acosta Beto Acosta, és o nosso matador”. Este foi um dos gritos de guerra da conquista do Campeonato, o primeiro que me lembro de entoar, no chão da sala, com 5 anos de idade.

Se à primeira vista, Beto Acosta, não convenceu, o próximo goleador sobre o qual a crónica se irá debruçar, ainda menos. Vindo do Brasil no tórrido verão de 2003, catastrófico para os Soldados da Paz, Liedson foi recebido com alguma desconfiança devido ao seu corpo franzino. O mundo do futebol enganou-se, uma vez mais. O “levezinho”, alcunha que lhe foi arreigada, devido à razão atrás apresentada, encantou as gentes de Alvalade durante cerca de 7 anos, repletos de golos. 172, para ser mais exacto. De bicicleta, de fora de área, de cabeça e até de chapéu, o luso-brasileiro, colocou a “redondinha” na baliza adversária, das mais variadas formas. Liedson foi o meu ídolo futebolístico. Comuns eram as ocasiões em que nos jogos de recreio, reproduzia a sua comemoração de golo. Mão atrás da orelha e eis-me um mini Liedson de 10 anos, na altura. Quando regressou ao Corinthians, como bom filho pródigo, senti que o Sporting tinha perdido um pouco do seu passado recente. E não me errei. O clube sentiu falta da raça e dos golos do Levezinho. Até à chegada do avião.

Nos últimos anos a Colômbia tem presenteado o mundo do futebol com um rol de avançados de grande calibre. Jackson Martinez e o inevitável Radamel Falcão – na minha óptica o melhor do mundo na sua posição- são expoentes paradigmáticos. Ora, o Sporting não quis de fora desta “moda colombiana”, e no último defeso contractou Fredy Montero, também ele internacional da Tricolor. El avioncito, alcunha pela qual é conhecido, não tardou em justificar a aposta que Bruno de Carvalho fez cair sobre os ombros do colombiano. Até ao presente momento, em 7 jogos Montero marcou 9 golos fixando-se como o melhor marcador do Campeonato Português. Fredy é um avançado móvel, tecnicista e com veia de goleador. O perfeito sucessor na linhagem de exímios avançados que passaram por Alvalade.

Fredy "El Aviocinto" Montero marcou 3 golos no primeiro jogo oficial, ante o Arouca" / Fonte: Global Imagens
Fredy “El Aviocinto” Montero marcou 3 golos no primeiro jogo oficial, ante o Arouca” / Fonte: Global Imagens

Com efeito, uma equipa com rotinas de vitória não vive sem contar com um garante de golos no seu manual de sobrevivência. Os melhores planteis leoninos, num passado recente, são paradigmas disso mesmo. Acosta e o “Super Mário” Jardel – o qual poderia, perfeitamente, ser parte integrante da crónica apesar da minha escolha ter recaído sob Liedson – foram preponderantes para as conquistas dos campeonatos de 2000 e 2002, respectivamente. E não só.

Desde Jordão e Manuel Fernandes até aos mais remotos Travassos e Peyroteo, o Sporting têm uma escola de avançados respeitável, da qual se espera que Montero seja o novo benjamim. Qualidade não lhe falta!

 

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