O balanço do Sporting de 2014/15

a norte de alvalade

Terminou no fim-de-semana passado a Liga NOS 2014/15. O Sporting terminou a competição em terceiro lugar. Pelas reacções pode-se concluir que há quem entenda que o copo ficou meio cheio e quem olhe e o veja meio vazio.

Sobre esta questão creio que o melhor comentário tenha sido feito no blogue ‘Jogo Direto‘ e que está em linha com as ideias que aqui fui deixando. Tal não deve ser estranho dado o facto de se tratar de uma análise externa, despida por isso quer da emoção clubista ou de uma visão de facção, tão tradicional no Sporting:

«(…) creio que o Sporting terá feito um campeonato positivo. Se compararmos com os registos históricos das últimas décadas, essa tem de ser claramente a conclusão, mesmo que isso não tenha chegado sequer para lutar pelo título. O Sporting, a este propósito, está numa situação atípica, porque não é uma equipa que tenha uma referência comparativa clara no panorama do futebol português actual. A sua ambição incontornável é a luta pelo título, mas não parece justo que se exija estar permanentemente no patamar de rivais que se preparam com condições orçamentais muito mais favoráveis.

Por outro lado, o Braga também não é uma referência suficientemente ambiciosa para a dimensão do Sporting. O habitual é que as equipas estabeleçam para si próprias metas comparativas (ser campeão, chegar à Europa ou não descer), dependendo estas sempre dos desempenhos alheios, mas não tem de ser assim. Pode-se perfeitamente definir metas próprias, como um número de pontos a alcançar, ou mesmo de golos marcados e sofridos, e no caso do Sporting creio que é isso que fará racionalmente mais sentido. Assim, e voltando ao inicio, não creio que se possa fazer um balanço negativo do campeonato do Sporting, se atentarmos apenas aos resultados da própria equipa.»

Estatisticamente o Sporting realizou uma época muito semelhante à temporada anterior. Os 76 pontos obtidos em 34 jornadas correspondem a uma média de 2,24 pontos/jogo, por comparação com os 2,23 pontos/jogo da época passada. A maior diferença está no número de golos marcados – 54 (1,87/jogo) – 20 (0,67/jogo) o ano passado, 67 (1,98/jogo) – 29 (0,85/jogo) este ano, mas não substancial. Estes números de certa forma espelham as diferenças entre os modelos de jogo de Jardim e Marco Silva. Jardim preferiu um modelo com menos risco, auxiliado por melhores e mais estáveis opções para defesa.

Rojo e Maurício não só formaram uma dupla mais funcional como também mais duradoura que das nove vezes que Marco Silva se viu obrigado a fazer mudanças no sector. Fica a interrogação sobre se à entrada de Nani na equipa para o sector dianteiro não deveria ter correspondido uma maior eficácia concretizadora e se isso seria possível mantendo os mesmos protagonistas, Slimani e Montero.

É hora de se fazer o balanço do que correu bem e mal neste ano Fonte: Sporting Clube de Portugal
É hora de se fazer o balanço do que correu bem e mal neste ano
Fonte: Sporting Clube de Portugal

A análise dos números diz-nos que o Sporting teve uma performance competitiva acima das suas médias habituais. O problema é que essa superação da média habitual apenas nos garantiria neste século o último titulo obtido em 2001/02 e o de 2004/05, também campeonato de 34 jornadas, em que o campeão SLB registou apenas 65 pontos. Os nossos 76 pontos deste ano seriam mais do que suficientes para ter então passado sem grandes sobressaltos. Repare-se no entanto no que eram os plantéis então à disposição de Boloni e de Peseiro e o que hoje existe, para que a avaliação seja justa.

O problema é claro: o Sporting não luta apenas com um mas com dois adversários com mais recursos. E, ou eles têm conseguido ser melhores que nós em simultâneo, ou pelo menos um deles consegue superar a nossa performance. Não conseguindo realizar médias superiores a 2,3 pontos/jogo a história recente diz-nos que o melhor que podemos esperar é o segundo lugar.

Outro dado estatístico deste ano a concitar discussão foi o número elevado de empates concedidos. Se todos eles contam para o resultado final, foram os empates em casa, onde deveríamos mandar, os que mais foram “responsabilizados” pela impossibilidade de lutar por mais do que o terceiro lugar obtido. Uns acham que é um problema do treinador, outros do valor dos jogadores.

Quanto a mim ambas as condicionantes concorreram para o resultado final, juntamente com as especificidades da nossa Liga, em particular, a forma como jogam as equipas que habitualmente nos sucedem na tabela. E se Marco Silva dispusesse do plantel do FCP? Ou, ao contrário, que resultados obteria Lopetegui com o nosso lote de jogadores? Desta equação deixo de fora Jorge Jesus, porque me parece estar a um nível superior de qualquer outro treinador em exercício na Liga.

Alguns dados estatísticos avulso que caracterizam a época agora finda e que, de certa forma, concorrem para a análise de copo meio cheio/meio vazio:

  • Nunca estivemos em primeiro ou segundo lugar, tendo estabilizado no terceiro lugar
  • Não perdemos em casa, o que já não acontecia há muitos anos- Número elevado de empates (10)
  • Série de 13 jogos sem perder
  • Não perdemos com o actual campeão (1-1)
  • Não ganhamos a nenhum dos dois maiores rivais
  • Enorme dificuldade com as equipas do escalão abaixo (que lutam pela Europa), tendo registado apenas 63,33% dos pontos possíveis (19 em 30).
  • Sofremos golos em 65% dos jogos (22), 11 deles em casa, o que explica em muitos casos o número elevado de empates.
  • Marcamos em 94% dos jogos (32), o que equivale apenas a 2 jogos (Guimarães e FCP fora) sem marcar.
  • O Sporting fecha a Liga sendo a equipa com menos derrotas.

Foto de Capa: Sporting Clube de Portugal

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José Duarte
José Duarte
Adepto do Sporting Clube de Portugal e de desporto em geral, especialmente de futebol.                                                                                                                                                 O José não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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