O meu Sporting está dividido e eles gostam assim

    Desde o ataque a Alcochete, e principalmente depois do “golpe de estado” que se verificou no clube, muitos foram os sportinguistas que mostraram vontade de deixar de ser sócios. Alguns documentaram até o seu descontentamento queimando ou destruindo o cartão de sócio. É um direito que lhes assiste, apesar de eu achar desnecessário.

    Foram muitos também os que vieram criticar esses mesmos sócios/ex-sócios, dizendo que aqueles não eram verdadeiros sportinguistas, que deviam era fundar outro clube, etc, etc. Mas como disse antes, é um direito que lhes assiste. E a estes que criticam deixo uma pergunta: o Sporting é feito apenas de sócios? Os milhares de adeptos do clube que, por uma ou outra razão, não querem ou não podem ser sócios, não são verdadeiros sportinguistas? Porquê?

    Penso que cada um vive o Sportinguismo à sua maneira, e da forma que pode. Conheço muitos que vivem de igual forma o clube e nunca tiveram a oportunidade de ir ao estádio do seu clube de coração (eu entrei pela primeira vez em Alvalade quando já tinha 28 anos). Uns por opção, outros por distância da capital.

    Mas hoje em dia, no Sporting, tudo serve para catalogar e dividir adeptos e sócios. Até mesmo os que são adeptos e não sócios já sofrem discriminação. Mas pensando bem, e ao preço que estão os bilhetes, um adepto que compre uma camisola, ou qualquer outro merchandising do clube, e vai ver 5 ou 6 jogos, já gastou tanto como um sócio que renovou a Gamebox. E depois, para que serve uma Gamebox ou o cartão de sócio a um sportinguista que vive a 300 ou 500 quilómetros de Lisboa?

    Não deveria haver sportinguistas de primeira e segunda. Deve haver sim, adeptos sportinguistas e adeptos sportinguistas que são sócios. A verdade é que, ao ser-se sócio, tem-se a vantagem de poder ajudar a escolher os destinos do clube, ou pelo menos tentar. É um direito que nenhum outro sportinguista pode ter, mas que acarreta responsabilidades de que não se pode abster quando o clube parece estar a chegar ao abismo. O sócio investe na empresa (é o que os clubes são hoje em dia) e tem voto na matéria. Ao abster-se dessas decisões, não pode vir depois tirar de esforço as decisões tomadas.

    No entanto, vi muitos sócios a dizerem coisas do tipo: “vamos é falar do que realmente interessa, da equipa e de jogos”, como que a desvalorizar toda a temática politica que envolve o clube. Mas NÃO, o sócio não se pode preocupar só com jogos e equipas… sei que é chato, mas se é sócio, tem o dever de se preocupar também com o presidente, o ex-presidente, o presidente da MAG, e todas as decisões que eles querem tomar.  Se querem tomar decisões têm que ouvir os sócios e estes não podem “lavar daqui as mãos” e dizer “decide tu”, porque depois não pode reclamar (se bem que era isso que eles queriam). Ser sócio não é só pagar as quotas e ver jogos. Ou não devia ser.

    O 12º jogador também deve jogar no campo onde as decisões do clube são tomadas
    Fonte: Sporting CP

    Um sócio de uma SAD, hoje em dia, não pode viver o clube indo apenas para ver a bola. É dono de uma parte da sociedade que gere o clube do seu coração e tem que estar presente nos momentos de decisão: primeiro para defender o seu investimento e depois porque quer o melhor para o seu clube. E apesar de que o que é bom para um pode não o ser para outros, devem apresentar-se os pontos de vista e chegar a um meio termo que satisfaça todos. É para isso que servem as assembleias (não é nas redes sociais).

    Podem agora vir dizer que numa votação (e se passar a electrónico ainda piora) tudo pode ser adulterado e nem comissões de fiscalização resolvem, muito menos vendo o estado de corrupção no futebol e no país, mas o mesmo acontece nas eleições para qualquer governo. E só depende de quem tem direito de voto deixar que as coisas continuem como estão ou mudar. E aqui não se pode achar que está tudo bem quando somos beneficiados e depois achar que tudo está mal quando algo é contra o que pensamos ser melhor.

    Num clube, se queres poder ter voz tens de ser sócio, mesmo que seja uma voz muito baixinha. E se for, junta-te a outras vozes para te fazeres ouvir. Não para impores a tua vontade, mas para que a tua opinião seja considerada quando uma decisão é tomada. Já o adepto não se quer chatear com politica. Só quer é ver bola. E mesmo que quisesse, não podia fazer mais que isso, pelo menos no que toca a escolher o que é melhor para o seu clube. É deixar rolar e no fim fazer as contas.

    Agora, quem é sócio não pode criticar quem decide ser apenas adepto, seja porque decide ser, seja porque não poderá aproveitar os benefícios que um sócio pode ter ou simplesmente porque não tem essa capacidade. E quem é adepto não pode criticar as opções tomadas nas assembleias por quem é sócio, porque este só tem os benefícios e obrigações que tem porque ganhou esse direito ao investir no clube.

    Cada um participa na vida do clube como pode e quer, assumindo depois os direitos e deveres que a isso obrigam. Mas acima de tudo, sejam simples adeptos ou adeptos sócios, o que todos querem é ver o Sporting ganhar. Pelo menos os que não andam lá pelo simples negócio. Porque esses, em determinado momento, se uma derrota ou duas lhes puder abrir caminho para o seu beneficio pessoal, não hesitarão em criar condições para isso mesmo. E é contra esses que os sportinguistas se devem revoltar. Basta estarem atentos. E percebam que para esses, quanto mais os sportinguistas estiverem divididos, melhor.

    O Sporting é feito de adeptos-sócios e adeptos-adeptos. Cada um contribui como pode para o sucesso do clube. E só todos juntos, chegando a consensos, deixando lutas pessoais de lado, poderemos contribuir para que o clube não volte ao que era (contrariando a declaração de um “notável” há uns dias atrás).

    Nota para quem governa (e um pouco off-topic): se querem continuar a deixar andar este estado de suspeição, em que já ninguém acredita na democracia e votação em urnas, qualquer dia podem-se dar conta que o povo está cansado de conversa, de frases que apenas são marketing circunstancial e passar a eleger nas ruas… Mas pensando bem, estamos em Portugal (serve para quem governa o clube e quem governa o país).

    Foto de Capa: Sporting CP

    artigo revisto por: Ana Ferreira

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    Nuno Almeida
    Nuno Almeidahttp://www.bolanarede.pt
    Nascido no seio de uma família adepta de um clube rival, criou ligação ao Sporting através de amigos. Ainda que de um meio rural, onde era muito difícil ver jogos ao vivo do clube de coração, e em tempos de menos pujança futebolística, a vontade de ser Sporting foi crescendo, passando a defender com garras e dentes o Sporting Clube de Portugal.