A Colômbia, súmula de matérias-primas em todo e qualquer setor ativo, é venerada, desde cedo, pela minha natureza moral pelo facto de potenciar e fazer emergir o expoente máximo da Literatura hispano-latina: Gabriel García Márquez. A mente humana na sua plenitude, o suplantar da genialidade naquela mescla bem conhecida entre a ficção e o quotidiano, a narrativa que enclausura o leitor e provoca a evasão a vicissitudes triviais. Um exemplo ilustrativo de determinação, coragem e sacrifício!
Cristián Borja, reforço de inverno leonino, é originário do mesmo reduto da divindade. Proveniente dos mexicanos do Toluca, o então camisola 26 do Sporting Clube de Portugal firmou a bagagem ao solo estrondosamente e com o simples desígnio de vencer.
Diante do Estádio da Luz, realizou o primeiro jogo envergando a listada verde e branca. Pessoalmente, tal como a leitura das notáveis obras de García Márquez, a exibição do defesa central/defesa esquerdo captou a minha atenção pela entrega ao jogo e determinação vincada na disputa de cada lance, rapidez com bola, caudal ofensivo disponibilizado e prática de cruzamentos sucessivos. Defensivamente, a postura a adotar nos duelos individuais e nas bolas paradas incita à mudança pelo facto de, em algumas situações, ser ultrapassado pelo adversário. O passe, maioritariamente, é materializado com sucesso e as desmarcações realizadas inúmeras vezes. Porém, a fluidez, no momento do remate, é quase invisível.

Fonte: Sporting CP
Ao estilo de “Crónica de Uma Morte Anunciada”, a titularidade de Cristián Borja é anunciada a toda a legião sportinguista após jogo defronte de SL Benfica. O colombiano segurou meritória e acerrimamente o bem indispensável de qualquer futebolista, a água após trilho no deserto, a felicidade após sucessivos infortúnios.
Aludindo à obra mais conceituada, “Cem Anos de Solidão”, Cristián Borja representa uma amálgama de Josés Arcadios e Aurelianos: dos primeiros detém o espírito trabalhador, aliando o sacrifício à última gota de suor, ao irrevogável suspiro; por sua vez, dos segundos, resgatou a serenidade, o trato de bola plácido e o temperamento caracterizado pela modesta quietude.
Na referência a “Amor em Tempos de Cólera”, o 26 leonino é personificado, no seio da minha índole, por Florentino: amor genuíno e intransponível de Fermina que, volvidos 53 anos, se junta à amada na escrita da mais bela das histórias, num hino à ternura, à paixão e à fidelidade. Doloroso seria se Marcel Keizer, governado pela teimosia desmedida que o caracteriza em algumas situações, interrompesse o meu fascínio e a minha admiração pelo internacional A colombiano…. Assumo-me como refém da sua utilização, o meu bem-estar depende diretamente disso!
A comparação feita com Jefferson constitui um erro crasso e imperdoável. Tão inquietante como Lorenzo, progenitor de Fermina, conservar a ideia, repleta de ignomínia, de que Juvenal é o homem que preenche todos os cânones de pai e filha. Tão tormentoso como a fuga de informação, a passividade da sociedade perante uma morte premeditada (Santiago Nasar) e a crueldade da razão e intelecto humano.
Foto de Capa: Selección Colombiana
artigo revisto por: Ana Ferreira