O turbilhão Jesus e o que precisa de ser dito

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Plano financeiro: ai jesus, como é que conseguiram…

No dia 14 de Março de 2011, Bruno de Carvalho, candidato pela primeira vez à presidência do Sporting, anunciou ter investidores russos dispostos a investir no clube e, mais concretamente, no seu futebol. Nas eleições, venceu Godinho Lopes mas, até lá, Bruno de Carvalho foi catalogado de mil e uma formas pejorativas e as pessoas riram-se dos supostos investidores.

Até hoje a história é conhecida. Bruno de Carvalho voltou a candidatar-se e, na segunda tentativa, tornou-se presidente do Sporting Clube de Portugal. Na sua primeira grande missão, tornou possível uma reestruturação que poderá ter salvo o clube da falência. Mexeu em muitos poderes internos instalados, cortou em muitos custos desajustados e, há poucos dias, o Jornal de Negócios anunciou: o Sporting apresenta resultados líquidos em 3057% superiores aos do mesmo trimestre do ano anterior e resultados operacionais que cresceram em 580% relativamente ao mesmo período. O passivo também diminuiu.

Perante estes factos, por um lado, é interessante a súbita preocupação do país com as contas leoninas: obrigado, mas quem apresentou até aqui este trabalho, saberá o que está a fazer; por outro, para se subir de nível é preciso subir o investimento – como em tudo na vida. De qualquer forma, é praticamente consumado que o dossier Jesus está a ser suportado por… investidores que BdC conseguiu.

Riam-se agora.

 Plano desportivo: o treinador superior ao do Real Madrid

Desportivamente, o Sporting tinha um bom treinador com o qual a sua estrutura não tinha uma boa relação. Quer se queira ou não, existia um problema porque a relação treinador/presidente é importante para o destino da equipa gerida por essas duas figuras. Com ou sem Jesus, o Sporting ia com quase certeza absoluta dispensar Marco Silva. Assim sendo, e embora me pareça que não é o único superior a Marco Silva, Jorge Jesus seria a única solução capaz de fazer o universo Sportinguista não eclodir perante a saída do treinador que venceu a Taça de Portugal. Mais do que isso: com Jesus, o Sporting garante um técnico (bem) superior ao anterior. Basta relembrar o que era o Benfica antes deste ciclo de seis anos – um título em quinze anos, quatro anos consecutivos atrás do Sporting de Paulo Bento, largos anos sem nenhuma final europeia.

Para além de todas as qualidades reconhecidas no plano táctico – com a excelência defensiva à cabeça -, Jesus é reconhecido pela valorização individual que consegue a partir das potencialidades dos seus jogadores. Sendo o plantel do Sporting bastante jovem e recheado de jogadores a quem se augura grande futuro, este poderá ser o treinador indicado para fazer alguns possíveis grandes jogadores em reais grandes jogadores.

Para finalizar quanto à valia de Jorge Jesus, e por muito que pareça presunção mas não o é, uma curiosidade: Sporting e o Real Madrid contrataram ambos um treinador no dia de ontem. E o do Sporting é melhor. 

Formação: os clichés de quem só hoje se lembrou dos miúdos

Sobre a formação há dois pontos fulcrais a ser esclarecidos. Primeiro, que Marco Silva apenas apostou realmente em Tobias Figueiredo (e por real necessidade, como se sabe) e que, até agora, nunca se tinha verificado o sinal de alarme para com a Academia de Alcochete como tem sido entoado nas últimas 24h. Wallyson, por exemplo, poderia perfeitamente ter sido aposta em determinada altura em que Adrien atravessava uma forma negativa. O próprio Tobias passou meses a ver Sarr e Maurício actuarem. Por outro lado, é cliché a história de que “Jesus não aposta na formação” e de que outros treinadores o fazem com insistência. Os treinadores querem ganhar – todos! E para isso usam aqueles que entendem ser os que mais garantias lhes dão. Se Jesus tinha disponíveis recursos que lhe permitiam contratar os jogadores que desejava, e se na formação do Benfica não existiam soluções de maior (com excepção de Bernardo Silva), é normal que o fizesse. Provavelmente no Sporting o cenário será outro. Não me parece que seja o treinador a ignorar os talentos de Alcochete em detrimento de jogadores piores. Se houver um investimento em reforços também… óptimo. Os jovens da formação não terão com que se preocupar: os que são realmente bons continuarão a poder aparecer e, sobretudo, fá-lo-ão como merecem, sem necessidade de salvar um colectivo fraco e com a tranquilidade e tempo para crescer, ao contrário do que tem sido norma no Sporting. Afinal a transição formação/equipa principal foi sempre apontado como um dos pontos a melhorar… lembram-se?

Perante toda esta nova conjectura, convém relembrar que nenhum treinador garante o que quer que seja. Nem Marco Silva, nem Jesus, nem Guardiola. A chegada de Jorge Jesus é, indubitavelmente, uma boa notícia para o Sporting mas não é garante do que for. Os melhores treinadores deixam as suas equipas mais perto do sucesso e, nessa óptica, o clube de Alvalade está um pouco mais perto do sucesso… e o da Luz um pouco mais longe. Ainda assim, expectativa para ver como será a relação Jesus/Bruno de Carvalho – lembrando que são duas personalidades muito mais parecidas do que eram Marco Silva/Bruno de Carvalho, com tudo o que isso possa significar. Mas o presidente leonino sabe que, este ano, tem menos margem para novos conflictos com o treinador – primeiro porque se tornaria reincidente na matéria, segundo porque Jesus não será tão comedido na reacção.

João Almeida Rosa
João Almeida Rosa
Adepto das palavras e apreciador de bom Futebol, o João deixou os relvados, sintéticos e pelados do país com uma certeza: o futebol joga-se com os pés mas ganham os mais inteligentes.                                                                                                                                                 O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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