Quando chega a hora dos nossos leõezinhos saírem de “casa”

Todos nós, os que já são pais, sabemos que os nossos filhos a determinado momento terão que sair de casa e seguir as suas vidas, percorrendo o seu caminho, escrevendo a sua história, mas, ainda que tenhamos noção de que isso é o percurso natural do crescimento pessoal, custa sempre vê-los tornarem-se independentes, privando-nos de os ter todos os dias para um abraço, um sorriso, um “ralhete”, a preocupação de os ver sempre bem, mas a segurança de os ter por perto para os proteger.

Dos nossos filhos temos ainda a particularidade de, como seus pais, termos noção dos seus defeitos e limitações, não gostando, no entanto, de que terceiros venham apontá-los.

No Sporting, e porque tanto acarinhamos os jogadores formados na academia de Alcochete, cada vez que o clube vê necessidade de colocar um “leãozinho” noutro clube, por empréstimo ou em definitivo, ou se eles consideram que o melhor para as suas carreiras profissionais é mudando de “casa”, fico sempre com a sensação de “pena” por ver mais um “filho” a sair da alcateia, mesmo os mais reguilas, e os que supostamente parecem não saber agradecer o que o clube lhes deu.

Bem sei que a casa não é suficientemente grande para comportar todos os leões de Alcochete, e tenho noção que muitos deles não desenvolvem competências técnicas e tácticas suficientemente boas para poder continuar em Alvalade (mas só eu posso dizer isto.

Ai de quem eu oiça dizer mal de um dos meus meninos…), no entanto sou dos que, mesmo que seja um atleta que a maioria não considere com qualidade suficiente para representar o Sporting mas seja originário de Alcochete, eu passo a acompanhar a nova equipa desse atleta só para poder perceber se está a ter sucesso. Passo a seguir a sua vida futebolística à distância, como um pai que ainda longe, não deixa de se preocupar com o bem-estar do filho.

Aconteceu com Figo, com Cristiano Ronaldo, Nani, Lourenço, Ilori, Adrien, Thierry Correia, e até dos que rescindiram com o Sporting depois da invasão de Alcochete (porque nem querendo deixam de ser formados pela escola de futebol do Sporting), e muitos outros que o Sporting vê partir todos os anos.

Os dois casos mais recentes são Tiago Tomás e Jovane Cabral. E independentemente das razões que os levaram a seguir as suas carreiras noutro clube, irá provocar-me sempre uma sensação de tristeza. Pode ser o melhor para eles, e até posso entender que eles teriam poucas hipóteses de jogar regularmente nesta equipa do Sporting, mas egoistamente adoraria mantê-los no clube.

Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

Porque um grupo é feito de relações interpessoais que, ao alterar individualidades pode piorar determinadas dinâmicas, e porque sabemos que “a cola” de um grupo não se baseia apenas pelo que é feito dentro de campo, mas principalmente pelas relações que se criam no balneário, estes dois elementos podem vir a fazer muita falta.

Percebemos facilmente, através de publicações nas redes sociais, que havia uma ligação muito especial de TT e Jovane com o restante grupo, e todos se lembrarão que uma das imagens mais icónicas dos festejos do título foi protagonizado por Tiago Tomás.

Já Jovane foi o décimo segundo jogador da equipa que conquistou o campeonato nacional da última época, que entrava quase sempre para contribuir com golos. Aliás, a taça da liga do ano passada foi ganha pelo Sporting muito por culpa de Jovane, e da exibição que este teve nos poucos minutos que jogou contra o FC Porto.

Jovane Cabral
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Percebo também que os grupos não são estanques, e há mudanças que podem melhorar ainda mais o que já é muito bom, e por isso é importante arriscar e não ter medo da mudança. Individualmente, e em termos de qualidade técnica, a equipa parece ter ficado mais forte, veremos agora se estas pequenas alterações se repercutem na dinâmica de grupo que até ao momento parecia perfeita. Uma coisa eu entendo, a forma de jogar de Jovane e TT poderiam não se enquadrar nesta forma de jogar com mais posse e menos em transições rápidas.

Quero ainda deixar uma palavra para Geny Catamo que foi “obrigado” a sair da casa prematuramente por servir de moeda de troca para conseguir contratar-se um outro jogador considerado prioritário para a melhoria do grupo.

Veremos se o Geny ainda volta a casa, até porque tivemos no passado jogadores que, depois de voltarem de empréstimos, contribuíram com muita qualidade futebolística ao futebol do Sporting, ainda que neste caso específico possa ser mais complicado por haver uma opção de compra.

Uma coisa é certa. Tudo isto vai fazer com que eu venha a passar a ser espectador atento aos desempenhos de VfB Estugarda, SS Lazio e Vitória SC. Muita sorte e felicidade para estes três “Leõezinhos” que vão continuar a crescer noutra casa. Voltem quando quiserem, a casa é vossa.

 

Nuno Almeida
Nuno Almeidahttp://www.bolanarede.pt
Nascido no seio de uma família adepta de um clube rival, criou ligação ao Sporting através de amigos. Ainda que de um meio rural, onde era muito difícil ver jogos ao vivo do clube de coração, e em tempos de menos pujança futebolística, a vontade de ser Sporting foi crescendo, passando a defender com garras e dentes o Sporting Clube de Portugal.

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