Já são vários os casos confirmados desta epidemia que tem assolado o país e o mundo. Desconhecemos os planos de contingência das diferentes latitudes, mas sabemos quais as regras a aplicar em Portugal e, ao que tudo aparenta, aquelas, por estas bandas, tardam em ser aplicadas.

Ao que tudo indica, e daquilo que é do conhecimento público, existe um conjunto de agentes que estão imunes a este vírus e um outro conjunto que está imune às regras. De um lado da barricada, temos a modalidade desportiva do futebol. Do outro, temos as (erradamente) chamadas apenas de modalidades.

Este vírus que tem vindo a afetar o mundo do futebol, contagiando cada vez mais agentes e organizações desportivas, parece não afetar as estruturas organizativas e entes das demais modalidades. Estas parecem ser imunes à epidemia porque aplicam, ou esforçam-se por aplicar as regras. Ao passo que o mundo do futebol, por causa deste malfadado vírus, a única coisa a que é, efetivamente, imune é mesmo às regras gerais de Direito.

Este surto epidemiológico, que o futebol português atravessa, não se baseia num agente virológico novo, mas sim num marcadamente conhecido, que ano após ano, como se de uma nova estirpe de tratasse, encontra novos focos de prevalência, sendo um dos mais recentes os “Sportings Clubes de”.

Abramos a porta do consultório, caminhemos até à rua e regressemos ao enquadramento desportivo integral que o debate deste tema merece. Ora, pois, estamos, mais uma vez, a debruçar-nos sobre o Regime de Acesso e Exercício da Atividade de Treinador de Desporto (RJFD), estabelecido pela redação, recentemente, atualizada da Lei n.º 40/2012, de 28 de agosto, bem como sobre o Programa Nacional de Formação de Treinadores (PNFT).

Com realidades muito mais reduzidas, com orçamentos muito mais limitados, com dificuldades inerentes ao seu concreto desenvolvimento, as ditas modalidades esforçam-se herculeamente por cumprir com a legalidade em vigor, com as exigências normativas estabelecidas, no fundo, agem como um cidadão médio deve agir num Estado de Direito.

No entanto, em paralelo, essas mesmas modalidades assistem, ano após ano e dia após dia, a uma outra modalidade a contornar a legalidade estabelecida, protegidos pelos asteriscos escondidos que resistem como último baluarte do cumprimento possível da Lei.

Mas não são só as organizações desportivas cumpridoras, e seus diversos agentes, que assistem a essa epidemia a propagar-se. É também o Estado de Direito, com todas instituições que o mesmo comporta.

É tempo de interromper a inércia da fiscalização da lei que o país orgulhosamente diz ter. É tempo de aplicar a lei de forma igual, independentemente de com a mesma se concorde mais ou menos, pois, a partir do momento em que a mesma é aprovada, esta deve ser aplicada a todos por igual. Não basta erigir grandes edifícios normativos que cobrem todas as mais rocambolescas situações da vida e, assim, declarar-nos como um país evoluído, neste caso, a nível desportivo.

É preciso que a agulha, que dizemos ter, cosa, efetivamente e de forma eficaz, as linhas que pretendemos quando tivemos a ideia de a criar. Acompanhar a Europa e o Mundo através do cumprimento, muito solícito, seja através do exemplo, seja a partir das diretrizes e orientações que nos são dadas, não é o objetivo último do poder legislativo de um Estado de Direito.

O objetivo é, e tem que ser, levar a que tal lei seja exequível, aplicável e fiscalizada, prevenindo e reagindo a todos os casos que revelem o seu, ostensivo, declarado e despreocupado incumprimento.

Ao contrário do que avança a maior parte da comunicação social, nem o Sporting Clube de Portugal nem o Sporting Clube de Braga têm novos treinadores principais, porque nenhum daqueles, que dizem que vão assumir tal posição, tem o Grau de Treinador exigido pela Lei e pelos Regulamentos aplicáveis a nível nacional e internacional. O primeiro assumirá vestes de treinador-adjunto e o segundo usará uma braçadeira com a inscrição “Delegado”.

Se, rapidamente, não se prescrever a vacina que já existe para esta epidemia, vamos continuar a ver a caravana passar, sob espirros contagiantes de contentamento desmedido de uns e de descontentamento inconsolável de outros.

João Pedro Maltez
João Pedro Maltezhttp://www.bolanarede.pt
Um militante no combate à monocultura desportiva nacional. Um esperançoso por um desporto melhor, a que seja garantido e reconhecido o justo retorno do seu valor social.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

Subscreve!

Artigos Populares

Filipe Luís arrasa estrela do Flamengo: «Comportamento e atitude foram lamentáveis e roçaram o ridículo»

Filipe Luís não teve meias palavras e deixou duras críticas contra Pedro. O avançado do Flamengo não foi incluído nos convocados do clube e o técnico explicou porquê.

Botafogo bate Vasco da Gama na estreia de Davide Ancelotti e com golo de Arthur Cabral

O Botafogo bateu o Vasco da Gama por 2-0, na 13.ª jornada do Brasileirão. O jogo marcou a estreia de Davide Ancelotti no cargo de técnico do fogão.

Ex-Benfica Raúl de Tomás vai deixar o Rayo Vallecano e já tem destino definido

O futuro de Raúl de Tomás está definido. O avançado espanhol vai trocar o Rayo Vallecano pelo Al Wakrah.

Sevilha perde com Birmingham City no Estádio do Algarve

O Sevilha perdeu este sábado com o Birmingham City por 3-1. Jogo particular disputado no Estádio do Algarve.

PUB

Mais Artigos Populares

Sporting já está no Algarve: Eis a lista de convocados e o plano de estágio

O Sporting chegou esta noite ao Algarve para realizar um estágio de pré-época. Segue a lista de convocados dos leões.

Suécia goleia Alemanha e garante 1.º lugar: Eis os resultados do dia do Euro 2025 Feminino

A Suécia goleia a Alemanha por 4-1 e garante 1.º lugar do Grupo C do Euro 2025 Feminino. Eis os resultados do dia.

E-Prix de Berlim #1: Mais uma vitória para Evans | Fórmula E

Na primeira corrida de Berlim, Mitch Evans (Jaguar) conquistou...