
O Prémio Revelação Bola na Rede referente ao mês de Maio de 2025 já foi entregue. Rui Borges, treinador do Sporting, foi o nome distinguido com um galardão que premeia a temporada do treinador concluída com a conquista da Dobradinha.
Quem é Rui Borges?

Rui Borges nasceu há 43 anos em Mirandela, no dia 07/07/1981, ainda bem longe de se saber que Trás-os-Montes assistiria aos primeiros anos do técnico que viria a conquistar a Primeira Liga.
Em conferência de imprensa, o técnico confessou que nunca foi um estudante nem um jogador extraordinário, mas durante a sua longa carreira como futebolista, Rui Borges chegou ao patamar da Segunda Liga. Começou a jogar no clube da terra a que chama casa e fez um percurso que passou por clubes como o Moreirense ou o Famalicão.
Onde os pés não permitiram o técnico chegar, foi a cabeça e o coração – fazendo crer todos aqueles que destacam na gestão do balneário um dos seus pontos chaves – que delinearam a caminhada de Rui Borges até à Primeira Liga e ao Sporting. Foi também no Mirandela, onde havia aprendido a atar os cordões das chuteiras, que o treinador começou a mexer as peças nos quadros táticos e a assumir um novo papel no banco.
Corria o ano de 2017 quando, após duas épocas a capitanear o Mirandela dentro de campo, Rui Borges assumiu os destinos da equipa fora deste. A partir daí, a subida foi a pulso. Na época seguinte o treinador despediu-se da família para assumir os destinos do Académico de Viseu e começou a trilhar um caminho pelas divisões profissionais do futebol português.
Académico de Viseu, Académica, Nacional da Madeira, Vilafranquense e Mafra em cinco anos até que, em 2023, Rui Borges atingiu o patamar da Primeira Liga, pelas portas do Moreirense. Os Cónegos fizeram uma temporada de grande nível e Rui Borges voltou a dar o salto na carreira e começou 2024/25 no Vitória SC.
Depois de uma caminhada invencível na Conference League, na primeira participação de uma equipa portuguesa na prova, o tornado que abalou Alvalade após a saída de Ruben Amorim e os jogos desastrosos com João Pereira levaram Frederico Varandas a pagar a cláusula de rescisão de Rui Borges e a levá-lo para Alvalade. O resto foi história numa temporada marcante para os leões.
Maio em números
- Jogos: 4
- Vitórias: 3
- Empates: 1
Qual o estilo de jogo de Rui Borges?

O Moreirense e o Vitória SC tinham mais pontos em comum entre si do que com o Sporting de Rui Borges. Entrando a meio da temporada, perante um plantel montado por outro treinador e pensado para outro sistema e com um período onde o departamento médico estava equilibrado com o número de jogadores nos meinhos do treino, é complicado perceber de facto qual a cara de Rui Borges no Sporting.
Nos últimos trabalhos de Rui Borges, o técnico procurou sempre dar protagonismo aos médios, habitualmente num triângulo 1+2 que visava o controlo da bola e da posse. Quer no Moreirense, quer no Vitória SC, era a partir da trinca do corredor central que as equipas do treinador, a partir do 4-3-3, faziam o seu jogo e iniciavam as várias dinâmicas.
Desde o início que Rui Borges se procurou moldar aos jogadores e moldar pelos jogadores, variando desenhos de saída de bola e maneiras de penetrar blocos adversários a partir das diferenças individuais dos jogadores à sua disposição.
No Sporting, curiosamente, poucas destas características se evidenciaram. Desde logo, o plantel foi construído para jogar com dois médios e Francisco Trincão, numa fase inicial, inverteu o triângulo. Depois, esta foi a zona do campo mais assolada por lesões, obrigando o técnico a fazer constantes ajustes nesta zona do campo. É assim mais indicado analisar à lupa a versão de seis meses do Sporting de Rui Borges.
O Sporting de Rui Borges

Há, genericamente, três etapas de Rui Borges em Alvalade. A primeira arrancou a 29 de dezembro com o dérbi, estreia do treinador de verde e branco num jogo em que os leões recuperaram a liderança do campeonato.
Rui Borges quebrou o único fio condutor que passou de Ruben Amorim para João Pereira, desfez o 3-4-3 e assumiu uma mudança de fundo no Sporting que passou a adotar um posicionamento inicial em 4-4-2 com laterais mais definidos e Francisco Trincão a funcionar como elemento a ligar o meio-campo ao ataque.
Numa segunda fase, Rui Borges recuperou o 3-4-3, para dar algum conforto aos jogadores do Sporting, habituados a defender nestes moldes e a atacar em proporções semelhantes, embora com padrões mais variáveis. No entanto, a onda de lesões que afetou todos os elementos do meio-campo tirando o defesa Zeno Debast, entretanto também ele médio, e que se alastrou a Viktor Gyokeres, trouxe ao Sporting o emergir da vontade em sobreviver mais do que construir qualquer coisa de futuro.
Na reta final da época, já com o sueco de volta ao melhor nível e com muitos dos jogadores recuperados – mesmo Pedro Gonçalves, que voltou para os últimos jogos – o Sporting voltou a ser uma equipa mais dominante e a impor-se nos jogos, sendo evidentes traços do trabalho de Rui Borges.
Taticamente, o Sporting passou a jogar em função de Viktor Gyokeres, procurando atrair a pressão adversária para criar espaço para as corridas do avançado sueco. Adotando vários desenhos na saída de bola, com os médios a variar os posicionamentos e os alas a tornar-se cada vez mais ofensivos (de Matheus Reis e Iván Fresneda a Maxi Araújo e Geny Catamo), os leões impuseram-se com posses de bola mais verticais e lances definidos a um ou dois toques na procura de chegar rapidamente ao meio-campo contrário.
O maior mérito de Rui Borges esteve, mais do que dentro das quatro linhas, na capacidade de se adaptar ao grupo. Recuperar os índices anímicos depois da experiência com João Pereira foi fundamental para o arranque do trabalho do treinador que, numa segunda etapa, não teve problemas em dar um passo atrás e procurar aumentar o conforto dos jogadores.
Ainda assim, a valorização dos jogadores também aconteceu dentro de campo. Zeno Debast é o nome mais óbvio, evoluindo como médio e adaptando-se a uma nova posição, mas há também jogadores que cresceram em rendimento e influência como Maxi Araújo ou Eduardo Quaresma. Também por aqui dá para medir o impacto de Rui Borges no Sporting traduzido no bicampeonato e na conquista da Taça de Portugal e consequente dobradinha. No próximo ano, já com pré-temporada e um mercado de transferências de verão, haverá certamente novidades quanto ao modelo de jogo do treinador do Sporting.
Resultados em Maio
- Sporting 2-1 Gil Vicente
- Benfica 1-1 Sporting
- Sporting 2-0 Vitória SC
- Benfica 1-3 Sporting
O Prémio Revelação Bola na Rede
O Bola na Rede está atento ao melhor do desporto nacional, em particular o futebol e, a partir deste mês, entregará um prémio a reconhecer méritos e feitos.
O Prémio Revelação Bola na Rede permitirá distinguir uma personalidade que, dentro das quatro linhas ou de qualquer outro terreno de jogo, tenha sido, como o próprio nome indica, uma revelação. Assim, o Bola na Rede vai procurar premiar os desportistas capazes de brilhar nos mais diversos palcos de Portugal e, quiçá, do mundo.
