Sporting 1-3 Lokomotiv: É este o futuro sem Carrillo

sexto violino

Não, André Carrillo não é o super-homem. Sim, há mais jogadores à face da terra, como disse hoje Dias Ferreira. É também verdade que a derrota não se explica apenas com a ausência do peruano – provavelmente nem foi essa, até, a principal causa do desaire. Mas o pior que os Sportinguistas podem fazer é desprezar o impacto que La Culebra tinha na equipa, e o seu carácter fulcral no que às hipóteses do Sporting nas competições diz respeito. Quem diz que Carrllo “joga zero” – como hoje ouvi ao chegar a Alvalade – ou que é facilmente substituível por qualquer Gelson, Mané ou Matheus Pereira, que não venha daqui a uns tempos queixar-se por o Sporting andar a jogar mal e a perder pontos. O primeiro capítulo de uma saga que se pode revelar trágica para os leões teve lugar hoje, em Alvalade.

Com Carrillo fora dos convocados, afastado pelo presidente, chegou a pior exibição da época e, como consequência, a primeira derrota merecida da era Jorge Jesus. O treinador optou por rodar um pouco o onze, chamando à equipa João Pereira, Tobias Figueiredo, Carlos Mané, Gelson Martins e Fredy Montero. O primeiro tempo foi muito morno, apesar de os leões terem tido mais bola do que o adversário. A verdade é que o Sporting voltou a não ter sorte, sofrendo golo da primeira vez que o Lokomotiv foi com perigo à área contrária. Um mau passe de Gelson originou um rápido contra-ataque pela esquerda, conduzido por Niasse, que permitiu a Patricio uma primeira defesa. O guardião, contudo, não teve hipótese de impedir a recarga de Samedov, de cabeça. O Sporting complicava, assim, um jogo em que era favorito.

O golo sofrido colocou aos leões, pela primeira vez nesta época, o cenário de desvantagem, pelo que seria curioso ver como a equipa de Jesus reage às contrariedades. Mas a verdade é que, ao longo de toda a primeira parte, o Sporting não deixou nunca de mostrar dificuldades em chegar à baliza do Lokomotiv. Os verde-e-brancos rondavam a área mas estavam pouco clarividentes, e também não ajudava o facto de o adversário se ter fechado ainda mais apos o golo, apostando apenas em contra-ataques pela certa. O Sporting, sem grande presença na área, insistia nos cruzamentos, secundados por um futebol lento, pálido e previsível. Não é de estranhar, portanto, que a melhor oportunidade dos primeiros 45 minutos tenha surgido através de um canto, quando Paulo Oliveira ficou a centímetros do golo.

Após o intervalo, as coisas pareciam mudar: aos 50’, Montero recebeu de Mané e empatou com um remate potente sobre a direita, quando o ângulo já não era o melhor. No entanto, a esperança durou pouco. Apenas 6 minutos depois, Niasse apanhou a defesa em contrapé, cavalgou pela esquerda – sempre por ali – e permitiu que Samedov bisasse com um toque frio, tão frio como o inverno moscovita e a exibição dos russos em Alvalade. No melhor período do Sporting, os de leste regressavam ao comando da partida e iriam consolidar a sua vantagem pouco depois. Niasse fartou-se de assistir e quis o protagonismo para si, concretizando após boa jogada individual. O Sporting mostrou claras dificuldades para parar jogadores velozes, e não é de hoje…

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Montero marcou o golo leonino, mas o processo defensivo esteve, uma vez mais, a níveis pouco aceitáveis
Fonte: Sporting Clube de Portugal

Até final manteve-se o jogo mastigado, com o Sporting a jogar aquilo que o Lokomotiv deixava, e só através de um remate de André Martins os leões criaram perigo. Houve também um penálti por marcar a favor dos portugueses, mas isso não explica o desaire. A forma como Jesus colocou o Sporting a jogar exige um bom finalizador de cabeça, o que faz com que Slimani seja um elemento indispensável da equipa. Não estando o argelino em campo, como não esteve até meio do segundo tempo, os leões não podem jogar como se estivesse. A isto acresce o facto de o Sporting, ao envolver muito os laterais no ataque (William também faz muita falta a proteger a defesa), ser muitas vezes apanhado em contrapé e sem capacidade de apanhar os “velocistas” adversários. Contudo, como a equipa de Alvalade precisava de marcar, neste jogo tem algumas atenuantes, apesar de ser obrigatório referir que Jesus ainda não acertou nesse aspecto.

Sendo justos, no entanto, há também que dar mérito à estratégia do Lokomotiv – facilitada, é verdade, pelo golo madrugador. Mas a verdade é que os russos defenderam muito bem, nunca se desequilibrando nem permitindo que o Sporting chegasse com perigo à sua baliza. Nos raros ataques a turma de leste privilegiou o lado esquerdo, aproveitando a capacidade do veloz Niasse para cair nas alas. Manuel Fernandes, de regresso a Portugal, não fez uma partida de encher o olho (nem podia, dada a estratégia montada pelo treinador), mas ajudou a sua equipa a fechar e a anular a força ofensiva leonina, que hoje esteve pouco mais do que incipiente.

O Sporting fez, como já se disse, a sua pior exibição da temporada. Jesus perdeu para o seu homólogo russo no capítulo estratégico, a defesa esteve muitíssimo permeável (não se admite sofrer três golos de uma equipa que jogou em contra-ataque), o meio-campo não cobriu a defender e pouco construiu a atacar, e o ataque não teve nem espaço nem arte para resolver. Gelson foi quem mais se mostrou, mas de modo algum fez esquecer Carrillo. Por enquanto, o jovem português é, como o próprio Jesus admitiu numa entrevista recente, apenas um projecto de futebolista; o peruano, por outro lado, faz parte do presente.

Não se entenda, lendo o título deste texto, que sem Carrillo o Sporting perderá todos os jogos. Mas só com ele em campo, a jogar aquilo que sabe, os leões terão capacidade para atingir aquilo a que se propuseram para esta época. E, como os clubes existem para ganhar títulos, pede-se ao presidente que reconsidere a decisão de afastar da equipa um dos melhores jogadores do campeonato. No ano passado, Maxi Pereira estava na mesma situação no Benfica mas jogou até ao fim, ajudando o seu clube a alcançar os resultados que se conhecem. Há que seguir o mesmo caminho com Carrillo, caso contrário não só não se impede o atleta de sair a custo zero, como não se aproveita o enorme contributo desportivo que ele pode oferecer. Encostar André Carrillo será uma desião trágica, a pior que o Sporting pode tomar.

A Figura:

Niasse – O ponta-de-lança senegalês fez jus ao nome do clube que representa: foi uma autêntica locomotiva! E a defesa do Sporting a vê-la passar… Dos seus pés saíram duas assistências e um golo. Fulcral.

O Fora-de-Jogo:

Tobias Figueiredo – Jesus apostou nele e perdeu. O destaque negativo podia ser todo o sector defensivo, porque todos os elementos pareceram estar a competir para ver quem ficava pior na pintura. Mas ninguém foi pior do que Tobias. O treinador também tem, no entanto, culpas no cartório, porque previu mal a estratégia do Lokomotiv – se o adversário tem elementos rápidos, das duas uma: ou os laterais não sobem tanto, ou tem de haver quem compense essas subidas.

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João V. Sousa
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O João Sousa anseia pelo dia em que os sportinguistas materializem o orgulho que têm no ecletismo do clube numa afluência massiva às modalidades. Porque, segundo ele, elas são uma parte importantíssima da identidade do clube. Deseja ardentemente a construção de um pavilhão e defende a aposta nos futebolistas da casa, enquadrados por 2 ou 3 jogadores de nível internacional que permitam lutar por títulos. Bate-se por um Sporting sério, organizado e vencedor.                                                                                                                                                 O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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