
A CRÓNICA: OS MILAGRES A 13 DE MAIO EXISTEM, SABIAM?
Bancadas despidas vestiam o Estádio José Alvalade de um verde pálido, cor frequentemente utilizada durante a temporada desportiva vigente do Sporting CP. O Mundo Sabe Que correu mal, mas continua a ser trauteado.
Em dia sagrado, a procissão de velas rezava por Paulinho e ele decidiu regressar ao altar leonino e preterir Hidemasa Morita para a sala onde se veste o Hábito.
O CS Marítimo, oriundo da ilha da Madeira numa nau pedinte de pontos, só precisou de 10 minutos para colocar a tripulação de Alvalade a vomitar: o ex-leão Félix Correia aproveitou a interseção deficiente de Sebaástian Coates, dispôs em Vítor Costa e este, desferiu um remate seco e rasteiro para o canto inferior esquerdo da baliza de Ádan. 0-1 e Alvalade gelava…
Alguns milhares de fiéis, durante os primeiros 45 minutos, assistiram desolados à exibição paupérrima por parte dos leões. Um remate enquadrado, indecisão no momento do último passe e perigo zero na chegada à baliza à guarda de Marcelo Carne definiram a turma de Rúben Amorim. Artur era o mais desinibido no ataque e, simultaneamente, o mais desajeitado.
Não pensar no SL Benfica obrigava a… pensar em alterar peças no xadrez de maneira a operar a reviravolta, correndo o risco de as perder defronte do eterno rival. O intervalo podia servir como ponto de viragem, caso o discurso perfurasse o âmago de cada jogador do Sporting CP. Os adeptos emaranhavam-se nos pensamentos anteriormente descritos. Os semblantes exibidos nas objetivas não mentem.
Tripla alteração ao intervalo: Gonçalo Inácio, Nuno Santos e Hidemasa Morita entraram na arena. Expectativa em Alvalade, mesclada de apreensão.
As mudanças efetuadas para o segundo tempo pareciam não surtir o efeito desejado. Manuel Ugarte (65’), o futuro senhor 60 milhões segundo o empresário do próprio, deu sinais de inconformismo e ameaçou a baliza dos insulares ao aprontar um remate não enquadrado com o alvo, mas muito perto do poste esquerdo. Marcus Edwards imitou-lhe o feitio volvidos seis minutos, Marcelo Carne ficou a ver o navio passar e a bola voltou a não encontrar o alvo.
Equipa que ganhe e se organiza exemplarmente no plano defensivo não mexe? Errado. É impelida a isso porque os jogadores são humanos e acusam cansaço. Matheus e Val Soares foram os escolhidos para manter a compostura e a solidez no terreno mais recuado do CS Marítimo.
Pedro Gonçalves (Sporting CP. What else?) bombardeou a muralha do CS Marítimo (84’) e desenhou, a solo, o tento do empate leonino: após corrida no corredor esquerdo, cruzou para a grande área à cata de correspondência avançada e, com felicidade, encontrou o calcanhar traidor de Matheus Costa. 1-1 em Alvalade com escassos minutos para jogar…
Marcus Edwards, inglês que andava fugido desde a rubrica do ultimato, folheou a primeira página do 32º capítulo, dispôs a bola na cabeça de Paulinho e o camisola 21 assistiu o capitão Coates que quebrou o enguiço e voltou a potenciar a mesma quantidade de sorrisos e acidentes cardiovasculares ao Sporting CP. 2-1 e o susto parecia ter sido superado!
Mas não! Até aos 90+13 – apesar dos sete minutos de compensação concedidos – a partida perdeu beleza e assumiu contornos violentos, amarelos e com imensa polémica à mistura. Praticamente a seguir ao golo do Sporting CP, a formação de José Gomes ainda chegou ao empate por Bryan Riascos, invalidado pelo fiscal de linha e… validado pelo árbitro principal. Resultado? Expulsão de António Adán, chuva de cartões amarelos distribuídos pelas duas equipas e estreia de Paulinho na baliza do Sporting CP.
O triunfo sofrido dos leões coloca pressão no SC Braga e relança a luta pelo terceiro posto da tabela classificativa.
A FIGURA

Organização defensiva do CS Marítimo – Até ao primeiro golo do Sporting CP, a formação maritimista acatou as diretivas do seu treinador e cumpriu-as até à exaustão. Extremos adversários com pouco espaço e obrigados a circular em velocidades reduzidas, anulamento de Paulinho enquanto referência atacante e estudo afincado quanto às movimentações entre linhas que envolviam os laterais leoninos.
O FORA DE JOGO

Primeira parte do Sporting CP – O tento do CS Marítimo provou, uma vez mais, que os pupilos de Rúben Amorim nem sempre sabem dar uma resposta forte e conclusiva em situações de desvantagem. Se na segunda parte Marcelo Carné teve pouca lida, na primeira parte podia muito bem ter defendido de óculos de sol e de chinelo de dedo. Enquanto não forem precisos avançados de área ou de outra estirpe goleadora, a equipa leonina arrisca-se a perder o pouco poder de fogo que lhe resta.