A CRÓNICA: QUEBRA DE RENDIMENTO NA SEGUNDA PARTE DITOU DERROTA
A última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões prometia ser muito emocionante no grupo D – todas as equipas tanto podiam terminar a noite no primeiro, como no último lugar. Para o Sporting, um empate bastava para passar aos oitavos de final, enquanto o Eintracht teria que buscar a vitória.
A importância desta autêntica final pesava na ansiedade das equipas, que entraram expectantes.
O Eintracht foi a primeira equipa a criar perigo, num canto que Paulinho desviou para a própria baliza; Adán defendeu, mas a bola ficou a pingar na pequena área, tendo a sorte sorrido aos leões, que depois afastaram o perigo.
Dava a ideia de que a equipa que marcasse primeiro, venceria o jogo, e nem lusos nem alemães queriam arriscar e abrir demasiados espaços. Só que com o decorrer do tempo, os leões ganharam confiança e iam limitando o Eintracht ao seu meio-campo.
Pouco depois de Nuno Santos (que estava a ser o melhor em campo) sair lesionado, Ugarte desperdiçou uma oportunidade de forma exasperante para os adeptos da casa. Mas o aviso estava dado.
Perto do intervalo, o Frankfurt perdeu a posse em zona proibida, Porro cruzou, a bola foi desviada, mas acabou por ficar à mercê do pé direito de Arthur Gomes, que adiantou o Sporting no marcador.
O Frankfurt só criara situações de perigo em bolas paradas e, por isso, entrou no segundo tempo com o espírito renovado, sendo mais agressivo nos diferentes momentos do jogo.
No entanto, o Sporting até ia controlando o jogo, mas perdia a bola com muita facilidade, sendo por isso incapaz de ameaçar o segundo golo. Até que ao minuto 60, após um ressalto infeliz, a bola tocou no braço de Coates dentro da grande área.
Na conversão do penálti, Kamada enganou Adán e empatou a partida. Em França, Marseille e Tottenham também estavam empatados.
Os leões foram-se completamente abaixo; incapazes de reagir, permitiram que o adversário os encostasse às cordas. Pouco depois, Kolo Muani ganhou em força e em velocidade a Gonçalo Inácio e fuzilou as redes da baliza. A reviravolta estava consumada, algo que, desde o empate, parecia ser inevitável.
A partir daí, o Sporting só jogou com o coração. Não criou mais nenhuma oportunidade de golo, com a mentalidade alemã a sobrepor-se à vontade portuguesa.
No fim do jogo, o Sporting estava em último, até que, em Marselha, Hojbjerg fez o golo da vitória do Tottenham, que atirou os spurs para primeiro, o Eintracht para segundo e os leões para a Liga Europa.
A FIGURA

Kolo Muani – Esteve bem no plano individual na primeira parte, com bons movimentos de rutura, mas teve alguma dificuldade em combinar com os colegas. No segundo tempo, foi um autêntico perigo à solta e mereceu marcar o golo decisivo.
O FORA DE JOGO

Falta de reação leonina – O jogo era do Sporting até ao fatídico minuto 60, quando foi assinalado penálti para o Eintracht. Depois do empate, a equipa caiu por completo de rendimento e permitiu que os alemães jogassem a seu bel-prazer.
ANÁLISE TÁTICA – SPORTING CP
Alinhando em 3-4-3, Pote foi essencial no meio-campo para escapar da pressão do Eintracht, jogando bem em espaços curtos e depois libertando nos colegas.
A equipa defendia em 5-4-1, pronta a recuar no seu meio-campo e concedendo poucos espaços no centro do terreno, ou aplicando uma pressão alta, o que trouxe alguns frutos.
11 INICIAL E PONTUAÇÕES
Adán (5)
St. Juste (6)
Coates (5)
Gonçalo Inácio (5)
Nuno Santos (7)
Ugarte (6)
Pedro Gonçalves (7)
Pedro Porro (6)
Arthur (6)
Edwards (5)
Paulinho (5)
SUBS UTILIZADOS
Matheus Reis (5)
Trincão (5)
Essugo (5)
Jovane Cabral (5)
ANÁLISE TÁTICA – EINTRACHT FRANKFURT
Atacando em 3-4-3, assistimos a muitos movimentos de Kolo Muani, que ia para as alas, tentando arrastar marcações. Lindstrom e Gotze também variavam de posição, atacando o espaço entrelinhas.
Os alas, Pellegrini e Ebimbe avançavam muito no terreno e procuravam sempre o cruzamento. Os centrais ficavam mais recuados, com exceção de Tuta, que ocasionalmente arriscava e avançava no terreno. No miolo, Sow atuava como trinco e Kamada procurava movimentos verticais e de rotura.
A equipa defendia em 4-4-2, com Ebimbe mais recuado e Lindstrom a posicionar-se na ala direita; tentava aplicar uma pressão alta, aspeto que melhorou na segunda parte.
11 INICIAL E PONTUAÇÕES
Trapp (5)
Tuta (6)
Jakic (5)
N’Dicka (5)
Dina Ebimbe (5)
Sow (6)
Kamada (7)
Pellegrini (6)
Lindstrom (4)
Gotze (5)
Kolo Muani (7)
SUBS UTILIZADOS
Rode (6)
Knauff (7)
Rafael Santos Borré (5)
Smolcic (5)
Alidou (-)
BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA
SPORTING CP
BnR: Logo após o golo do empate, fez entrar Dário Essugo e Francisco Trincão para os lugares de Ugarte e de Marcus Edwards. Pergunto-lhe se queria trazer mais velocidade para o jogo com a entrada de Trincão e se também fez as substituições tendo em conta o cansaço dos jogadores que saíram?
Rúben Amorim: Eles já estavam preparados para entrarem antes do penálti, porque o Marcus não estava bem no jogo e porque, desde a primeira parte, o Ugarte já andava muito condicionado. Portanto, olhamos para os jogadores da posição que podem jogar ali, o Dário é o único jogador que pode ser ali médio defensivo, porque não tínhamos outro para colocar e ele esteve muito bem e isso é um fator importante deste jogo.
Não houve gestão nenhuma do cansaço, este jogo era decisivo, era uma final, eles deram tudo, portanto a ideia foi termos jogadores frescos para jogar.
EINTRACHT FRANKFURT
BnR: Durante a primeira parte, o Frankfurt não criou muitas oportunidades, fazendo-o sobretudo através de bolas paradas; o que disse aos seus jogadores ao intervalo para tentar reverter a situação e chegar ao golo?
Oliver Glasner: Na primeira parte, atacámos com 80% de intensidade, conseguíamos manter a bola, atacar alguns espaços e sobretudo o plano era atacar a zona entre o corredor central e o corredor lateral do lado oposto ao da bola. Sabíamos que o Sporting dá poucos espaços no sítio onde está a bola, por isso queríamos variar o flanco, mas não tínhamos um jogador nesse sítio onde o queríamos.
Esta foi a mensagem tática, estar mais presente nesse espaço. E depois tínhamos de o fazer com mais convicção, com 100% de convicção, porque tudo o que fazemos, ou fazemos na máxima intensidade, ou não o fazemos. Se atacamos, atacamos com tudo ou não o fazemos. Quando tínhamos a bola, tínhamos de passar melhor, estar nas posições certas e atacar o espaço nas costas da defesa.
Se perdêssemos a bola, tínhamos que pressionar com a máxima intensidade e não a 80%, porque isso não é suficiente para a Champions League.