O futebol português tem sofrido nos últimos tempos com um temporal de revelações e denúncias de tal forma que já deveria ter, pelo menos, lavado um pouco de tanta sujidade que se tem descoberto.
A verdade é que está tudo já tão profundo e ressequido que não será com qualquer lavagem superficial que desaparece. Para que isso aconteça, terá que passar uma daquelas tempestades com possibilidades de passar a furacão, para que alguma coisa se revele ao ponto de já não haver forma de esconder, ocultar ou varrer para debaixo de qualquer tapete.
Desde o Apito Dourado que o futebol português tinha caído numa aparente calma, sem esquemas (ou menos esquemas), em que tudo era normal, até porque tudo o que se ganhava era apontado aos méritos de uma estrutura forte e dez anos à frente de todos os outros. E até porque ainda nos íamos entretendo com uns Dias da Cunha a falar em sistemas (que agora cada vez mais me parece ter servido como espantalho lançado por um qualquer adversário nosso para manter o povo entretido enquanto ia ganhando vantagem nos bastidores), e outros que se seguiram e nada mais fizeram do que ir deixando o nosso clube quase “morrer” até desaparecer ou se tornar num satélite gerido na sombra por rivais. Ainda há umas “madeiras” com resquícios dessa tendência.

Fonte: Facebook oficial de Bruno Fernandes
Por muito que apontem estragos ao Bruno, se esta tempestade não tivesse caído sobre o futebol português, ainda hoje andaríamos a ver outros com estruturas cada vez mais consolidadas, a ganhar em todos os campos e ringues, sem que alguém sequer colocasse em causa a anormalidade desses resultados inquinados que, em termos probabilísticos, seriam impossíveis numa concorrência leal e competitiva.
Esta tempestade teve o mérito de fazer levantar muitos tapetes e carpetes (tapeçaria de muita qualidade, cara, mas de material já velho e muito usado) de onde surgiu muita sujidade. Trouxe à vista de todos o que estava bem escondido apesar de se desconfiar que existisse. A desvantagem desta tempestade é ter levantado muita areia que alguns aproveitam para tentar desviar atenções dos reais problemas, e que lançam aos olhos de outros para tentar esconder o que ficará à vista de todos assim que a poeira assentar.