
As reuniões de amigos com a redondinha como plano de fundo vão ganhar um novo ingrediente no quente do mês de agosto. Findado o Euro 2024 e a comunhão simbiótica de uma nação a cantar a uma só voz, as dissonâncias das rivalidades vão começar a ecoar perante as diferentes cores das camisolas. O verde do Sporting e o azul do FC Porto encontram-se em Aveiro, o equador do primeiro jogo grande da época.
A Supertaça vale título e um arranque perfeito de uma temporada que arranca, em ambos os clubes, com dúvidas. Umas maiores que outras e que começarão a ser desfeitas sob o julgamento pesado do tapete verde do Estádio Municipal de Aveiro. É já este sábado, 3 de agosto, que a bola começa a rolar para o arrancar de 2024/225.
Os 3 aspetos táticos a observar

Construção da linha defensiva do Sporting: as baixas de Matheus Reis (suspenso) e de Jeremiah St. Juste (suspenso e lesionado) e a saída tão inesperada como apoteótica de Sebastián Coates deixam Rúben Amorim com quatro jogadores para três lugares. Só Gonçalo Inácio será indiscutível. Sem Coates, Ousmane Diomande parte na frente para o lugar como central do meio. Tem argumentos no passe e nos duelos físicos para se impor, mas a coordenação da linha defensiva não tem um dono claro. Zeno Debast fez a posição diante do Athletic e também é destaque pelo passe e pela serenidade no meio do risco. Pode ser opção pela direita também, mas independentemente do lugar que ocupe no primeiro jogo da época, é evidente que o Sporting quer ser ainda mais dominante, projetando os alas e oferecendo critério e criatividade ao setor mais recuado. Eduardo Quaresma é o quarto nome e o mais diferente dos restantes. Não se valoriza tanto no passe, mas na capacidade de condução, projetando-se desde trás e criando vantagens. A forma como Rúben Amorim definir a linha defensiva dirá muito sobre a forma como o Sporting atacará.
O enquadramento dos internacionais no FC Porto: Vítor Bruno construiu um plantel durante a pré-época. Mais do que os triunfos, a maior vitória do FC Porto foi recuperar ou fazer aparecer (ou renovar as possibilidades) de vários jogadores. Entre jogadores fora das contas, afastados do plantel e o “ouro da casa”, expressão que terá de marcar a época e as próximas épocas dos dragões, há jogadores a mostrar-se no Dragão aproveitando ausências de titulares indiscutíveis até então. Com os regressos, há questões. Continuará Martim Fernandes a ser lateral a pé trocado (variabilidade no passe) ou Wendell assumirá. Nico González foi destaque como médio de chegada e elogiado por Vítor Bruno na posição ocupada por Pepê. As características distintas do brasileiro destacado pela polivalência com Sérgio Conceição (mas que se firmou atrás do ponta de lança) continuarão a ser aproveitadas da mesma maneira? Qual o protagonismo que Francisco Conceição terá neste FC Porto, podendo crescer além do mero e redutor espalha-brasas com que foi patenteado. Namaso ganhou força como ponta de lança trabalhador a jogar em apoio. A dimensão mais pura de Evanilson, forte também nas diagonais a procurar receber nas costas da defesa, trará mudanças ao jogo do FC Porto. Por fim, e mesmo tendo estado a trabalhar junto de grupo, Wenderson Galeno foi, aparentemente, superado por Iván Jaime, um jogador mais associativo, combinativo e evoluído tecnicamente. Num jogo grande com mais espaço a explorar e maiores exigências defensivas, qual será a aposta de um FC Porto que se quer novo.

O duelo entre Viktor Gyokeres e os centrais do FC Porto: condicionar e reduzir a influência de Viktor Gyokeres sem deixar imenso espaço entrelinhas para Pedro Gonçalves e Francisco Trincão foi o maior desafio dos adversários do Sporting na última temporada. Depois de ser superado de uma forma tão natural que parecia privada de qualquer esforço em Alvalade, o FC Porto voltou a sofrer com a tempestade impetuosa criada pelo sueco num jogo que, com exceção de duas rajadas rompantes, foi extremamente seguro. Zé Pedro e Otávio conseguiram controlar um leão ferido e um sueco mais desamparado que o normal. 11×11 novamente, a estratégia do FC Porto para reduzir influência ao avançado sueco definirá o tamanho do campo jogável (pela altura da linha defensiva) e os riscos assumidos pelos dragões.
Os 3 registos que a história nos dá
- A Supertaça traz um registo redondo nos encontros entre Sporting e FC Porto: será o jogo 250 entre os dois clubes.
- O Sporting nunca perdeu com o FC Porto na Supertaça. Os únicos empates – numa altura em que a competição era jogada a duas mãos – terminaram com vitória dos leões não grandes penalidades.
- Com 23 vitórias, o FC Porto é, de longe o clube com um maior palmarés na Supertaça. O Sporting tem nove conquistas.
3 jogadores a ter em conta

Francisco Trincão: terminou a última temporada a grande nível, insuficiente ainda assim para estar no Euro 2024. Regressou ao Sporting depois das férias e foi destaque da pré-temporada. Tecnicamente é um dos jogadores portugueses mais evoluídos, colando a si a bola. Recuperou o atrevimento em superar adversários e tem relação fácil com os colegas e com a baliza.

Morten Hjulmand: bastou um ano em Alvalade para o dinamarquês assumir a responsabilidade de carregar ao braço o mais respeitado pedaço de pano do balneário. O legado de Sebastián Coates é um peso pesado e uma responsabilidade, mas também o era suceder a João Palhinha e a Manuel Ugarte. A sobriedade, responsabilidade e capacidade se multiplicar em campo aparenta ser replicada em influência nos colegas.

Nico González: demorou a cimentar-se no meio-campo do FC Porto, mas a presença do espanhol em campo ajuda a explicar a melhoria do rendimento dos dragões na segunda volta, já com um onze base estabelecido. Com Vítor Bruno tem funcionado como terceiro médio participando mais à frente no jogo e pisando a área. Uma evolução curiosa de um jogador que em La Masia era perspetivado como sucessor de Sergio Busquets.
As 3 equipas em campo
Sporting: Vladan Kovacevic; Geny Catamo, Eduardo Quaresma, Ousmane Diomande, Gonçalo Inácio, Geovany Queda; Morten Hjulmand, Hidemasa Morita; Francisco Trincão, Viktor Gyokeres, Pedro Gonçalves.
FC Porto: Diogo Costa; João Mário, Zé Pedro, Otávio, Martim Fernandes; Alan Varela, Marko Grujic, Nico González; Gonçalo Borges, Iván Jaime, Danny Namaso.
Arbitragem:
- Árbitro: João Pinheiro
- Assistentes: Bruno Jesus e Luciano Maia
- 4.º árbitro: Miguel Nogueira
- VAR: Tiago Martins
- AVAR 1: Luís Godinho
- AVAR 2: Rui Teixeira