5 protagonistas em finais da Taça da Liga

- Advertisement -

Tanta final memorável para competição tão recente e tão útil oportunidade de meter troféus nos museus daqueles a quem nunca a sorte sorriu – a Taça da Liga. A competição foi a filha que nasceu fora de horas ao futebol português, foi naturalmente olhada de lado pelos principais competidores nacionais, mais entretidos nas comparações de Campeonatos e Taças de Portugal.

Tanto desprezo levou a onzes sempre pouco sérios, que proporcionavam, aos mais humildes, vitórias saborosas e a esperança duma medalha – o Vitória sadino ganhou uma para dar à Taça de 2005 outra sustentação (que não fora fruto do acaso…), o Braga levantou uma antes da Prova Rainha e o Moreirense venceu finalmente uma prova de escalão máximo.

O Estoril poderá ser o próximo a beneficiar dum terceiro contexto competitivo – se estiver preparado para se apresentar ao seu melhor nível, cabendo a Guitane, Rodrigo Gomes ou João Marques continuarem a exibir futebol doutro gabarito. Se precisarem de inspiração, o Bola na Rede lembra cinco heróis das finais da Taça da Liga.

5.

Eduardo (07-08, Vitória FC 0-0 (3-2 gp. Sporting) – Teve o mérito de ser titular no melhor Braga de sempre – o vicecampeão de 2010 -, de integrar os 23 campeões da Europa em 2016 e de ter no Chelsea o mesmo papel que um dia teve Hilário; conseguiu ser peça importante na Turquia, em Itália ou no Benfica, onde como suplente de Artur Moraes para as taças consegue garantir uma Taça da Liga; mas para percebermos qual o mais inesquecível momento da carreira de Eduardo temos de recuar até 2008, quando aos 26 anos tinha como tecto uma época no Beira-mar, depois de andar a enrijecer no Braga B.

Carlos Carvalhal recruta-o para o seu Vitória setubalense para dar concorrência ao histórico Marco Tábuas e Eduardo assume-se como base da espinha dorsal. Com Auri, Sandro, Ricardo Chaves, Pitbull e Bruno Gama, levará o clube ao 6.º lugar na Liga, às Meias da Taça e à conquista da primeiríssima Taça da Liga, ganha com recurso às grandes penalidades: como Ricardo já fizera à Inglaterra, Eduardo foi buscar três bolas. Mostrou ter potencial para ficar na história do jogo português. Ficaria, pois seria o titular da Selecção no Mundial da África do Sul e suplente directo de Patrício nos dois torneios seguintes.

4.

Nico Gaitán (15-16, Benfica 6-2 Marítimo) – Marcou um e assistiu para um dos dois de Mitroglou, números suficientes para justificarem o prémio de melhor em campo para Nico Gaitán, mas o seu nome fica marcado a esta desnivelada final sobretudo pela forma como se despede.

Além da estatística – Nico, que naquele 15/16 faria 20 assistências e 11 golos em 37 presenças – , as incidências do jogo – de momento irrecuperáveis pelo YouTube por um daqueles motivos mesquinhos que revela tudo menos vontade de enaltecer o desporto – serviram sobretudo como última oportunidade para testemunhar a grandiosidade do talento de Nico Gaitán.

Naquela final da Taça da Liga, o argentino do Benfica fez tudo o que sabia e o que podia. Dançou e fintou efusivamente, consciente da eminência da saída para Espanha, remetendo o onze madeirense a papel de curiosos com bilhete na plateia em pé.

3.

Mossoró (12-13, Braga 1-0 FC Porto) – Era um prodígio irrequieto sempre pronto a atazanar os marcadores directos. Era um tecnicista nato mas desengane-se quem não viu de que era pouco dado ao momento defensivo.

Márcio Mossóró foi uma das grandes figuras do Braga da viragem da década exactamente por esse binómio técnica-intensidade que também definia Alan ou Lima. Presente na conquista da Intertoto em 2009, é homem do jogo no segundo título de António Salvador.

Frente a um Porto de Vítor Pereira que ganharia o campeonato sem derrotas (seis empates em 30 jogos), Mossoró fez, na final da Taça da Liga, o que quis de Fernando, Mangala, Danilo ou Abdoulaye, expulso por interferência do brasileiro. Mossoró saíria do Braga nesse 2013 e como grande marco de carreira ostenta os tempos passados em Istambul ao serviço do Basaksehir, onde foi muitas vezes utilizado no apoio a Adebayor ou Demba Ba.

2.

Francisco Geraldes/Dramé (16-17, Moreirense 1-0 Braga) – Aquele Moreirense de Augusto Inácio assentava em pressupostos simples, mas difíceis de contrariar. Com a segurança entregue a Fernando Alexandre e Cauê e a diversão como responsabilidade da então pequenada do Sporting – Podence, Chico Geraldes e Dramé formavam o tridente ofensivo que tratou de desbaratar as arrogantes defesas que se lhe opuseram naquela final four.

Na meia-final, o Benfica de Rui Vitória marcou cedo e continuou com a tracção à frente, com a linha defensiva onde deviam estar os médios: claro que Geraldes tirou sonecas na sombra de Samaris e Dramé, que no banco ficara boquiaberto com tanta displicência adversária, entrou ao intervalo e marcou logo no reatamento, aos 46’(com assistência de Francisco, obviamente).

Na final, a coisa fez-se por outros moldes, que o Braga de Jorge Simão era menos ousado – inverteram-se os papéis, o paciente Dramé esperou por um dos únicos momentos de caos defensivo dos arsenalistas e retribuiu a prenda do colega. Matheus sai, mas mantém o pé levantado e atropela o fantasista. Não foi nenhum dos dois a concretizar – foi Cauê, quem também ficava bem na lista – mas é indesmentível o protagonismo dos dois prodígios no grande título do palmarés cónego.

1.

Ricardo Horta (19-20, Braga 1-0 FC Porto) – Apesar do Braga ter entrado a asfixiar o FC Porto guiando-se por Ricardo Horta, o grande farol de ideias, depressa Sérgio Conceição acertou marcações e limitou o protagonismo do português, que entra na lista pelo simbolismo de assinar o seu primeiro momento clutch, que teria seguimento na Taça de Portugal do ano seguinte quando carimba o 2-0 perto dos 90 minutos frente ao Benfica.

Frente ao FC Porto era capitão Fransérgio, frente ao Benfica foi Esgaio – mas Ricardo Horta era já o mais decisivo e importante jogador da equipa, surgindo quando todos desesperavam por um herói. Seria a sua vitória e a de Amorim, que fazia então o seu quinto jogo ao leme dos arsenalistas – tendo já ganho no Dragão para o campeonato e vencido o Sporting no jogo de acesso a esta final (com outro golo de Horta).

Na semana seguinte, ganharia novamente ao Sporting na Pedreira e duas semanas depois, a 15 de Fevereiro, vencia na Luz.  

Pedro Cantoneiro
Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, de opinião que o futebol é a arte suprema.

Subscreve!

Artigos Populares

Vitória SC responde a André Villas-Boas: «Dispensamos intromissões exteriores, sobretudo com falta de conhecimento»

O Vitória SC divulgou um comunicado a responder a André Villas-Boas acerca da centralização dos direitos televisivos.

Chelsea é o mais recente tubarão europeu interessado em jovem mexicano

O Chelsea está de olho em Gilberto Mora, do Club Tijuana, que tem atraído interesse de alguns dos maiores clubes do mundo.

AS Mónaco oficializa despedimento de Adi Hutter

Adi Hutter já não é treinador do AS Mónaco. O técnico austríaco foi despedido na sequência dos recentes maus resultados da equipa.

Rui Costa garante que não quer fazer uma campanha suja e atira: «Não queremos que o futebol seja uma selva»

Rui Costa voltou a discursar em campanha para a presidência do Benfica. O presidente das águias garantiu que quer promover melhorias no futebol português.

PUB

Mais Artigos Populares

Adrien Silva anuncia fim de carreira: «O Sporting foi a minha casa»

Adrien Silva anunciou, esta sexta-feira, o fim da sua carreira profissional. O antigo médio foi campeão europeu por Portugal em 2016.

Óliver Torres revela momento com Julen Lopetegui: «Veio a chorar pedir-me desculpas»

O médio espanhol, Óliver Torres, refletiu sobre os tempos no Sevilha com Julen Lopetegui, relembrando algumas conversas e momentos.

Premier League atribiu prémios de jogador e treinador do mês de setembro a Erling Haaland e Oliver Glasner

Erling Haaland foi eleito o jogador do mês da Premier League pela quarta vez e Oliver Glasner estreia-se a vencer.