Está à porta mais um embate entre SL Benfica e SC Braga. Desta vez a contar para a Taça de Portugal e naquele que é o verdadeiro duelo de cartaz dos oitavos-de-final da competição, águias e gverreiros jogam pela manutenção na prova rainha do futebol português.
Ambas as equipas têm-nos habituado a confrontos bastante equilibrados e emocionantes nos últimos anos, pelo que é de esperar que a receita se venha a repetir. Prova da imprevisibilidade que impera atualmente nos jogos entre estas duas formações é a de que nos últimos seis embates registam-se três vitórias para cada lado. 11 golos marcados para o Benfica e 7 para o Braga. Com Roger Schmidt e Artur Jorge nos bancos, mantém-se o equilíbrio como nota de destaque. Aí, duas vitórias para cada lado e com saldo de golos positivo para os bracarenses – quatro marcados e três sofridos.
O SC Braga, principalmente o de Artur Jorge, tem-se mostrado um osso duro de roer para os atuais campeões nacionais, proporcionando sempre jogos extremamente competitivos, mas é inegável (e natural) que Roger Schmidt tem à sua disposição outro tipo de recursos.
Com base em ambos os plantéis e tendo em conta o atual momento dos atletas, segue o ‘onze’ combinado entre águias e gverreiros:
Guarda-redes
Anatoliy Trubin – Matheus é um ótimo guarda-redes e continua a escrever uma belíssima história com a camisola do SC Braga, mas o momento de Trubin e o seu impacto na baliza encarnada não podem ser ignorados. O SL Benfica passou a sofrer mais golos e as exibições do ucraniano são a prova de que a isso não se deve propriamente uma melhoria no sistema defensivo de Roger Schmidt. A mudança positiva, essa sim, deu-se entre os postes. Para quem ainda pudesse achar que Vlachodimos faria falta aos encarnados, Anatoliy Trubin não precisou de muito tempo para descansar os adeptos encarnados e preocupar os rivais. Não só debaixo da trave, como também no jogo de pés, o gigante de 1,99m transpira confiança e deixa a Luz mais descansada.
Lateral-direito
Fredrik Aursnes – Já fez de tudo do meio-campo para a frente e atrás só lhe falta central e guarda-redes. Aursnes já fez jogos menos positivos, embora muito poucos, mas não há ninguém como o noruguês para servir de ‘bombeiro’ no futebol português (e talvez não só). A lesão de Alexander Bah já dura há algum tempo, mas, graças aos desempenhos de Aursnes, não é essa a maior preocupação dos benfiquistas. Mais entrosado com a dinâmica da equipa a partir do corredor, tem se entendido às mil maravilhas com Di María (golo na Luz contra o Sporting CP) e cumpre muito bem o papel no plano defensivo. É o lateral-direito do campeonato com mais assistências – quatro.
Defesa-central
António Silva – Recentemente eleito para o ‘onze’ sub-20 do ano de 2023 pela Federação de História e Estatística do Futebol (IFFHS), António Silva teve durante a temporada passada, e contra todas as expectativas, a sua época de afirmação no SL Benfica. Formando uma dupla já consolidada com Otamendi, o jovem central português até tem sentido mais dificuldades esta época – prestações, com expulsões em jogos importantes pelo meio, aquém na Champions -, mas mantém-se de pedra e cal na equipa encarnada. É já um dos habituais nas convocatórias de Roberto Martínez.
Defesa-central
Nicolás Otamendi – Provavelmente teve em 2023 o ano mais especial da sua carreira. Para além da conquista do Campeonato do Mundo, no Catar, Otamendi liderou o Benfica à conquista do seu 38.º título de Campeão Nacional. Esta época, apesar das dificuldades iniciais – espelho de toda a equipa -, o argentino continua a ser peça fundamental na organização defensiva da equipa de Roger Schmidt. Pela qualidade, experiência e também por ser já habitual que eleve o seu nível nos jogos ‘grandes’, Otamendi seria o capitão desta hipotética equipa.
Lateral-esquerdo
Cristián Borja – É talvez a posição que levanta mais dúvidas e a que será, certamente, menos consensual. O SL Benfica perdeu Grimaldo e não tem conseguido encontrar solução à altura do espanhol – Bernat veio passar férias, Jurásek tem se revelado um tiro ao lado, Morato, apesar de andar a cumprir com o papel, não está minimamente confortável encostado ao corredor esquerdo e até Aursnes já por lá andou antes de se fixar na direita. Do lado bracarense, Adrián Marín até começou como titular, mas é o colombiano, ex-Sporting CP, quem tem sido a primeira opção de Artur Jorge. Leva duas assistências em 14 jogos no campeonato.
Médio-centro
João Neves – Tal como António Silva na temporada anterior, o impacto de João Neves na equipa encarnada tem surpreendido tudo e todos. Já em 22/23, o português havia sido importante na reta final do campeonato, mas só este ano se pode realmente afirmar que o jovem médio de 19 anos é a principal peça no meio campo benfiquista. Com um golo, uma assistência e uma panóplia de grandes exibições, João Neves já não deixa ninguém indiferente às suas qualidades. O momento do jovem natural do Algarve levou-o já à estreia com a camisola da Seleção Nacional, com Roberto Martínez a mostrar-se rendido às suas qualidades.
Médio-centro
Orkun Kokçu – Contratado para fazer esquecer Enzo Fernández, Kokçu tem sentido o peso dos 25 milhões de euros a si associados. Não tem tido o impacto do argentino, mas está a subir o seu rendimento a olhos vistos. Dono de uma qualidade de passe longo muito acima da média, o turco parece fazer mais a diferença quando está em zonas altas do terreno. Em Arouca, apontou um golo na sequência de uma excelente jogada coletiva e deu boas indicações quando passou para a posição normalmente ocupada por João Mário.
Será uma questão de tempo até cimentar-se completamente no ‘onze’ vermelho e branco e atingir um nível elevado.
Médio-ofensivo/Segundo-avançado
Rafa Silva – É, por esta altura, assunto do momento no futebol português. Termina contrato com o Benfica no final desta época e os rumores quanto ao seu futuro já começaram a circular. Certo é que Rafa tem sido uma peça fulcral para o modelo de Schmidt, desde a sua chegada a Lisboa, pelo que o técnico alemão não pensa sequer na possibilidade de ver-se privado de utilizar o português. Capaz do melhor e do pior, Rafa Silva tem sido sempre um pau de dois bicos para o emblema encarnado. No entanto, quando está bem, parece ser quase imparável. Com seis golos marcados e sete assistências no campeonato, o ‘irrequieto’ Rafa vem da melhor exibição individual da época.
Extremo-direito
Ángel Di María – Já ganhou tudo o que havia para ganhar neste belo desporto, mas a fome de jogar futebol ainda está bem presente no corpo de El Fideo. Tem estado em todos os momentos importantes do Benfica esta temporada e até tem jogado mais minutos do que aquilo que seria expetctável no início da temporada. Já não é o mesmo ‘diabo’ do início da carreira – velocidade e finta absurdas -, mas continua a desequilibrar defesas adversárias através de passes, cruzamentos e movimentos para zonas interiores. A caminho dos 36 anos, Di María já assinou cinco golos e uma assistência esta temporada, para o campeonato.
Extremo-esquerdo
Ricardo Horta – Foi a grande novela do mercado de verão da última temporada. Acabou por ficar em Braga e realizar uma temporada de encher o olho, que colocou os gverreiros na luta pela glória máxima. Não tão fulgurante como na temporada transata, Ricardo Horta prossegue como um dos homens mais importantes no modelo de Artur Jorge. Ora por dentro, ora a partir da esquerda, o atleta de 29 anos soma sete golos e duas assistências em 14 jogos no campeonato. Já tem dois golos nesta edição da Taça de Portugal.
Ponta de Lança
Simon Banza – É baixa confirmada para o jogo por estar na convocatória final da seleção da República Democrática do Congo, para a CAN. Com 14 golos marcados em 15 jogos (12 como titular), Simon Banza é o melhor marcador do Campeonato Português. Assumiu a função de goleador da equipa de Artur Jorge e tem dado poucas hipóteses a Abel Ruiz na luta pela titularidade. No Benfica, Arthur Cabral tem assumido a posição depois da lesão de Tengstedt, com Musa no papel de arma secreta, mas continua longe de impressionar a massa associativa encarnada.
