Força da Tática: Paulo e Julian, a primeira dança

O sorteio da Liga dos Campeões ditou que no grupo F, iriam se encontrar Manchester City FC, Olympique Lyonnais, FK Shakhtar e TSG Hoffenheim.

Para além de esse sorteio nos proporcionar novo encontro entre Paulo Fonsesa e Pep Guardiola, tão bom de ver na época passada, trazia também um primeiro embate entre o treinador português e Julian Nagelsmann. Treinador do Hoffenheim que se tornou o técnico mais jovem de sempre a comandar uma equipa na Liga dos Campeões.

É uma primeira dança, entre muitas a que vamos assistir no palco do futebol europeu.

Equipas

A equipa da casa alinhou no seu habitual 4-2-3-1. Em comparação com a equipa que vimos na edição passada desta prova, Butko assume o lugar de Srna na lateral direita, Patrick (na posição de Fred) faz dupla com Stepanenko no meio campo, Moraes é o ponta de lança, lugar que era de Ferreyra, e Bolbat foi o escolhido para completar a perigosa linha de três homens (com Taison e Marlos) na frente da dupla de meio campo.

Fonte: BT Sport

Podemos observar que a organização é uma palavra bem presente na equipa, e que Paulo Fonseca adora. Geralmente o corredor central é fechado a cadeado pelo treinador português, que consegue não só o controlo territorial dessa zona, como impede o acesso aos espaços nessa zona do campo.

Hoffenheim

Julian Nagelsmann também não alterou aquilo que é a sua estrutura habitual, o 5-3-2. Uma estrutura que se transforma em função da posição da bola.

Apesar da ausência de nomes importantes da equipa inicial, como Dermirbay e Amiri, o Hoffenheim não mudou muito a equipa para este jogo. Grillitsch no vértice mais recuado do triângulo de meio campo, tinha a companhia de Kramaric e Bittencourt no apoio a Joelinton e Szalai.

Fonte: BT Sport

Nagelsmann só dança, se pressionar o seu “par”

O Hoffenheim consegue chegar ao golo bem cedo, cinco minutos, em resultado da forma como pressiona os adversários. Não acontece de forma agressiva perto da grande área do adversário, mas em zonas mais intermédias, geralmente no meio campo, onde força através de marcações homem a homem às opções de passe do portador da bola, ao erro. O papel de Vogt, central do meio dos três, é muito importante na forma com sai da sua posição para proteger a linha defensiva, impedindo que o adversário rode e fique de frente para a baliza. Pressionar desde trás, é isso que Vogt induz.

Na imagem, podemos ver os dez jogadores de campo do Hoffenheim. Uma clara sobrecarga da zona da bola, que resulta na recuperação de bola e no golo.

Fonte: BT Sport

Quando os centrais do Shakthar tinha posse de bola, eram imediatamente pressionados pelo ponta de lança, que pela forma como abordava o central, cortava a linha de passe interior para o médio da equipa ucraniana.

A colocação dos jogadores alemães, em Organização Defensiva, entre a bola e o jogador adversário, procurava cortar a linha de passe, mantendo esse tal adversário na sua sombra. Assim, ao se posicionarem dessa forma, mais próximo da baliza adversária que os próprios jogadores do Shakthar, um erro dos homens da casa, colocava os alemães imediatamente em uma posição vantajosa para lançar contra-ataques.

Fonte: BT Sport

Hoffenheim ofensivamente: Direto

Um dos aspetos mais fortes da equipa alemã em termos ofensivos, é a forma como usa os movimentos de aproximação à bola ao mesmo tempo que promove muitos de ataque à profundidade. Aqui vemos os dois avançados da equipa a baixarem até ao meio campo defensivo, para dar apoio frontal ao médio, este movimento de aproximação arrasta toda a linha defensiva adversária, e cria o espaço para o médio do lado oposto iniciar automaticamente (em um movimento padrão) a corrida em direção à baliza adversária.

Fonte: BT Sport

Normalmente vemos nos sistemas com dois alas laterais, como acontecia no Chelsea FC de António Conte, serem esses homens mais exteriores a realizarem este tipo de ataques ao espaço, mas Julian usa muito mais os dois médios interiores para este tipo de movimentos.

Shakhtar bloco médio

Bloco médio, organizado. Normalmente, vemos a linha defensiva mais próxima do meio campo e este bloco mais afastado na baliza, mas tendo em conta o adversário, assumo que foi estratégia de Paulo Fonseca, defender ligeiramente mais baixo, mas continuado a confiar na “armadilha do fora de jogo” para controlar o espaço atrás da linha defensiva.
Médio, quase sempre Patrick, sobe ligeiramente para encurtar no seu homem, lateral desse mesmo lado faz o mesmo. O único homem que não participa na pressão é Moraes, que se fixa ao centrais para evitar que estes consigam rodar a bola rapidamente para o lado contrário, onde o Shakthar não tem ninguém.

Fonte: BT Sport

Já o companheiro de Patrick, o homem mais recuado do meio campo, Stepanenko, raramente procura abandonar a sua posição para pressionar. A sua missão é equilibrar os movimentos de Patrick, preenchendo dos espaços quando este sai para pressionar mais à frente.

Shakhtar trabalho ofensivo

A forma como a equipa inicia a construção é normalmente bastante flexível. Pode recorrer ao central Rakitskiy, e à sua qualidade de passe ou mesmo a Pyatov e a facilidade com que, caso o Shakhtar consiga atrair o adversário até à sua área, o guarda redes consegue fazer a bola chegar aos laterais, que a partir dai pode avançar.

Jogar e explorar o espaço entre linhas e intralinhas, é uma das imagens de marca desta equipa. Particularmente através do tridente: Marlos, Taison e o novo recruta da função: Bolbat. Onde existe uma procura clara da equipa, por colocar estes homens em situações de um para um com o adversário, algo que o Hoffenheim raramente permitiu.

Curiosamente, quando a equipa alemã permitiu a um dos “artistas” brasileiros ficar em uma situação de um para um (Ismaily), sofreu golo.

Com um Shakhtar ainda a procurar se encontrar, depois da perda de jogadores importantes, Julian Nagglesmann mostrou que vinha com a lição muito bem estudada e colocou muitas dificuldades a Paulo Fonseca.  Vamos esperar pela segunda volta e ver como corre a segunda parte desta dança.

 

 

Foto de Capa: TSG Hoffenheim

 

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João Mateus
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A probabilidade de o Robben cortar sempre para a esquerda quando vinha para dentro é a mesma de ele estar sempre a pensar em Futebol. Com grandes sonhos na bagagem, está a concluir o Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial, pela Uni-Nova e procura partilhar a forma como vê o jogo com todos os que partilham a sua paixão.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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