Naquela final, bem… Naquela final estava o seu maior rival de sempre: aquele que havia derrotado mais vezes o tenista suíço do que este o havia derrotado. Depois de todo um esforço para chegar a esta final e, após superadas quaisquer expetativas que existissem, Federer voltou a não quebrar e realizou um dos melhores jogos de que me lembro de o ver fazer contra Nadal.
O jogo em si não foi tão bom quanto o que estas lendas já realizaram no seu passado, mas valeu muito pelo simbolismo e por aquele quinto e último set. É interessante verificar que, provavelmente, um dos fatores que levou o mais recente vencedor do AO a ganhar foi, exatamente, a vertente mental/psicológica, algo raro de acontecer nestes jogos, onde o espanhol claramente se destacava nesse aspeto.
Com 35 anos, e com uma última vitória em torneios do Grand Slam a datar já do distante ano de 2012, em que venceu Wimbledon, poucos seriam os tenistas a fazer o que este homem fez e, principalmente, depois de uma lesão. Além disso, ainda iria jogar esta final contra Rafael Nadal, outro jogador com problemas recentes com lesões e um dos melhores tenistas de sempre e, também, o melhor tenista na terra batida de todos os tempos.
O título ficou confirmado com a ajuda do sistema eletrónico de arbitragem, algo que, curiosamente, nunca teve muito o apoio de Roger Federer. O resto… Enfim, o resto é história e é emoção, é querer e é glória, é o espetáculo em ação. O “eterno” e único “King Federer” festejou como se do primeiro Grand Slam se tratasse: foi incrível, um momento sem palavras para qualquer apreciador ou fã deste desporto.
No momento das declarações, outro aspeto comprovado: a amizade pura e genuína que reside entre dois senhores do ténis e do desporto mundial. Uma capacidade de fair-play assinalável e um respeito imenso entre ambos. Vejamos, por exemplo, uma das coisas que Federer disse: “O que fizeste foi incrível. No ténis não há empates, mas se houvesse aceitaria empatar este encontro contigo hoje. Por favor continua a jogar ténis. O ténis precisa de ti…”. Palavras, estas, bastante precisas e acertadas, não é verdade? Classe, humildade e reconhecimento, tudo em poucos segundos e em poucas palavras.