Paulo Gomes está na Tribuna VIP do Bola na Rede, depois de ter estado recentemente no Botafogo SP. Iniciou a carreira de treinador no Luxemburgo, sendo que a sua primeira experiência sénior foi no Muhlenbach, tendo estado também no US Mondorf-les-Bains. Esteve na Arábia Saudita onde foi coordenador de formação no Al Wehda e treinador no Al Najran e Al-Khaleej. Orientou ainda o Al Jabalain.
Georgiy Sudakov conjuga inteligência de jogo, técnica refinada e uma maturidade tática invulgar, características que o destacam como um dos grandes valores emergentes da sua geração.
O seu entendimento do jogo é sofisticado, lendo e antecipando as movimentações antes da jogada acontecer. Seja a receber de costas, sob pressão ou já orientado para a frente, resolve situações de 1×1 com naturalidade e critério, criando superioridades nas zonas intermédias e desbloqueando defesas compactas. Destaca-se pela visão criativa, pela precisão a encontrar passes progressivos e pela procura intencional de rupturas, transformando a posse em ocasiões de golo. Soma ainda boa finalização de curta e média distância, aumentando o seu raio de ameaça ofensiva.
Fisicamente, Sudakov não é um velocista em campo aberto, mas compensa com forte aceleração em espaços curtos, decisiva para quebrar linhas adversárias. Tem equilíbrio corporal, capacidade de proteger a bola no contacto e facilidade de ligação ao jogo coletivo, destaca-se tanto nos apoios como na condução progressiva e na devolução em vantagem.

Do ponto de vista tático, demonstra à-vontade nos half-spaces, tanto à direita como à esquerda, recebendo entre linhas, girando sobre o adversário e acelerando o ritmo do jogo, características essenciais no futebol moderno. Esta versatilidade permite-lhe adaptar-se a diferentes sistemas de jogo, com especial aptidão para esquemas de médios móveis e criativos.
No plano teórico, imaginando-o num contexto como o do Benfica, a configuração ideal seria atuando num triângulo invertido, ao lado de Barrenechea e Richard Ríos. Barrenechea garantiria o equilíbrio defensivo, Ríos traria energia e vigor físico, e Sudakov assumiria o vértice criativo, com liberdade para explorar os corredores interiores e influenciar o último terço. Tal solução promete elevar a qualidade do Benfica no jogo posicional e na ocupação dos espaços interiores.
O maior desafio não está no talento, mas na transição para um contexto competitivo mais rigoroso. O Shakhtar disputa uma liga menos exigente, onde Sudakov dispõe de mais tempo e espaço. O salto para um clube como o Benfica significa enfrentar pressão constante, menor margem de erro e uma exigência física e tática superior.
O sucesso dependerá da sua capacidade de traduzir as virtudes técnicas e cognitivas para um cenário mais intenso e competitivo. Georgiy Sudakov é um médio moderno, inteligente, versátil, dotado de todas as ferramentas para se afirmar entre os grandes clubes europeus. Num clube de topo, encaixa naturalmente como criador nas zonas interiores, contribuindo para golos, assistências e organização tática. Se conseguir adaptar-se ao novo contexto, pode assumir-se como uma das figuras de referência do futebol europeu na próxima década