Tribuna VIP: O melhor será fecharmos para balanço

Ponto prévio: este texto da Tribuna VIP não é dirigido ao vermelho, ao verde, ao azul, ao amarelo, ao preto ou ao branco, isto só para referir as cores presentes na primeira teoria sobre o tema (Aristóteles), é antes um texto de quem gostava que em Portugal existisse um campeonato a sério.

A rábula de um árbitro pegar no telefone para falar com o VAR e toda a polémica que daí se desenrolou, com o nosso campeonato a ser notícia um pouco por todo o lado e não pelas melhores razões, é o atingir de um cúmulo que muito dificilmente se consegue ultrapassar.

Basta olharmos para a quantidade de “casos” em apenas quatro jornadas para facilmente chegarmos à conclusão de que alguém tem de fazer alguma coisa. Mas o quê? É a pergunta de um milhão de euros.

Acabou-se com programas de adeptos aos gritos uns com os outros, mas o formato, segundo as audiências, ainda tem muitos adeptos. Adeptos que no dia a seguir às polémicas discutem e chateiam-se nos cafés, enquanto quem os influenciou para terem esse comportamento vai calmamente aproveitar uma refeição com os “adversários” de painel.

Qual é o primeiro programa que existe após a transmissão de um jogo grande da nossa liga? Um programa em que se analisam as decisões da equipa de arbitragem. Não interessa se as equipa jogaram bem, se jogaram mal, se algum jogador se destacou. Interessa é saber onde e como é que o árbitro pode ter influenciado o jogo. Nunca conseguirei entender a lógica.

VAR futebol português
Fonte: Jornais Internacionais

O facto de só o primeiro classificado ter apuramento garantido para uma Champions League que cada vez vai significar mais dinheiro em caixa para os apurados, a questão do título ganha uma importância ainda maior. Não é só a entrada de algum dinheiro e a alegria dos adeptos, com os fatores financeiros que daí resultam, como bilhetes vendidos ou as vendas de merchandising. A partir de agora, trata-se de, no caso dos clubes que estão melhores, poder cavar um fosso para quem está pior e, ao contrário, quem está pior não deixar fugir os rivais.

São objetivos que se aceitam, só assim faz sentido andar na alta competição. O que não faz sentido é que se continue a olhar apenas e só para os interesses de cada um dos clubes e nunca para a necessidade de ter um campeonato cada vez mais fortes, onde os “pequenos” possam ter a ousadia de tentarem aproximar-se dos “grandes” e onde os adeptos tenham gosto no jogo de futebol propriamente dito.

Alguém se lembra que em Braga houve um excelente jogo? Ou que o Boavista está a fazer um arranque digno dos melhores anos do “Boavistão”? E muito mais haveria para destacar, mas hoje só somos notícia porque um árbitro pegou num telefone para falar com o VAR.

Podíamos e devíamos olhar para bons exemplos, alguns deles aqui tão perto. Termino com uma referência à LaLiga, da vizinha Espanha: também são latinos, também existe polémica, também existem clube (muito) grandes e clubes mais pequenos. Por lá, para melhorar a experiência de quem assiste às transmissões, colocam-se cameras nos balneários, ouvem-se treinadores antes dos jogos e as suas indicações durante a pausa para hidratação e entrevistam-se jogadores ao intervalo. Por cá, temos árbitros a pegar num telefone para falarem com o VAR e somos notícia por isso mesmo.

A sério, o melhor talvez fosse mesmo fecharmos para balanço.

Artigo de opinião de Pedro Castelo, redator Tribuna VIP

Pedro Castelo
Pedro Castelohttp://www.bolanarede.pt
Desde que se lembra de ser gente que gosta de futebol, mas sabe que se apaixonou a sério pelo jogo em 1994, com 12 anos. Romário liderava o Brasil à conquista do Mundial dos EUA e tornou-se no primeiro ídolo do Pedro Castelo. O “Baixinho” e Iniesta são os seus jogadores preferidos de sempre. Na área da comunicação social desde 1998, o Pedro Castelo é daquelas pessoas com dias que parecem ter mais de 24 horas. Na televisão, é narrador na Eleven e na ZAP (Angola e Moçambique). Na rádio, é coordenador da Rádio Voz de Alenquer e relata na TSF - Rádio Notícias. Na imprensa, também em Alenquer, coordena o jornal Nova Verdade. No online, relata em flashscore.pt.

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