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Tribuna VIP: “Festa” das Taças

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TRIBUNA VIP é um espaço do BnR dedicado à opinião de cronistas de referência para escreverem sobre os diversos temas da atualidade desportiva.

A Taça é para todos a festa do povo. A alegria das gentes de todos os pontos de cada país que acreditam que a sua equipa do coração pode trilhar um bonito caminho. Na cabeça dos adeptos e dirigentes dos clubes mais humildes está sempre a possibilidade de enfrentar um dos ditos grandes. A festa da nossa Taça de Portugal é, infelizmente, cada vez menos festa. Nesta temporada estamos sem adeptos nas bancadas, mas vamos falar como se eles pudessem estar presentes. E olharemos para as diferenças brutais entre Portugal e Inglaterra no que toca a esta festa.

Com mais uma eliminatória da Taça de Portugal aí à porta e com o meu Estrela da Amadora já fora da competição, surgiu-me fazer um artigo sobre a competição a que todos chamam do povo mas que, a meu ver, é cada vez menos do povo. Cada vez menos dos clubes pequenos. Cada vez menos dos adeptos, que, mesmo afastados das bancadas devido à pandemia, são quem dá alma ao futebol e é por eles que esta indústria se movimenta. Se imaginarmos um mundo sem pandemia, ninguém concebe um estádio sem adeptos. Mas há quem conceba que, por exemplo, na Taça de Portugal, um clube mais humilde se veja forçado a mudar de casa para um jogo que poderia ser ainda mais histórico se fosse disputado no habitat natural de cada clube.

Fonte: Sebastião Rôxo / Bola na Rede

As exigências para a realização de um jogo com um clube dito grande são cada vez maiores e, no meu entendimento, algo desfasadas do que é a realidade nacional. Já perceberam que sou contra o facto de uma equipa mudar de estádio só porque vai enfrentar o clube A, B ou C, e de esse clube, por estar noutro patamar, fazer com que sejam criadas exigências e regras que não fazem parte do dia a dia dos clubes de patamares inferiores. Mesmo com esforço e com apoios municipais ou de empresários, é uma missão extraordinariamente complicada proporcionar a alguns clubes a possibilidade de jogar no seu estádio perante os seus adeptos naquele que seria um dia de pura festa e alegria. Para uma equipa que é deslocada do seu habitat natural, um dia que seria inesquecível acaba por perder muita da magia e da alma de uma competição tão bonita como a da Taça.

Mas, para vos justificar tudo isto, vamos a exemplos concretos e vamos comparar a nossa Taça com a Taça de Inglaterra. Não só com exemplos concretos já da presente temporada mas também com a experiência de ter estado na organização do Estrela da Amadora-Benfica, que felizmente conseguimos que se realizasse no Estádio José Gomes.

16 de dezembro de 2020. Sorteio dos oitavos de final da Taça de Portugal. Quis a sorte que o Estrela da Amadora reencontrasse o Benfica. Muitos anos depois dois históricos voltam a jogar, e logo na prova rainha do futebol português. Quando saiu a bola do Estrela da Amadora e logo depois a bola do Benfica, tive um misto de sentimentos.

Fonte: Sebastião Rôxo / Bola na Rede

Primeiro pensei: “Espetacular! Que jogo que vai ser! Que oportunidade para os nossos jogadores, equipa técnica e estrutura!”. Mas depois outro pensamento ocorreu-me de imediato: “Temos muito trabalho pela frente. As exigências federativas são brutais para um jogo destes. Reerguemos um grande clube há cinco meses e agora não podemos permitir que este jogo não se realize no Estádio José Gomes”. Primeiro a alegria, depois o receio e a tensão. Que semanas loucas foram as da organização deste jogo! Que prazer enorme nos deu, mas muitas horas de sono nos tirou.

Reuniões e mais reuniões. Vistorias e mais vistorias. Obras, melhoramentos, alterações. Foi um autêntico turbilhão de acontecimentos.

Cumprimos com tudo e foi exemplar. Jogámos no Estádio José Gomes. Perdemos, mas fomos dignos derrotados. Jamais imaginaria enquanto Diretor Executivo ter de explicar às gentes da Amadora, que viram o clube desaparecer e agora renascer, que o jogo com o Benfica teria de ser noutro recinto desportivo. Para mim é impensável. Mas para outros clubes, infelizmente, não houve possibilidade de terem o prazer de receber os ditos grandes nos seus estádios. Por exemplo, Montijo e Sacavenense não puderam ter a oportunidade de receber SC Braga e Sporting, respetivamente, nos seus estádios.

Não há adeptos nas bancadas e isso minora os danos destes acontecimentos. Mas o problema é que se houvesse adeptos tudo seria igual. E temos de mudar isso.

E é aqui que entra Inglaterra.

Basta um exemplo para demonstrar as diferenças brutais. 10 de janeiro de 2021. Marine vs. Tottenham. O clube, poderoso e com aspirações nacionais e internacionais, orientado por José Mourinho jogou com o humilde Marine do 8.º escalão do futebol inglês.

Nunca, em momento algum, esteve em causa a realização do jogo no “The Arriva”, casa do emblema de Crosby. Bancos de suplentes improvisados, plataformas de TV improvisadas, balneários improvisados. O Tottenham equipou-se no bar do estádio! Todas estas condicionantes tornariam impossível que um jogo assim se realizasse na Taça de Portugal.

E isso não faz sentido. Não pode fazer sentido. A Taça é do povo, é dos clubes. É das diferenças de realidades e de patamares. Não é só das televisões, não é só dos interesses, não é só das condições de topo. Porque muitas vezes os jogadores e equipas de topo precisam de perceber que nem tudo são rosas. Precisam de encarar outras realidades e aceitá-las. Isso, sim, faz a festa!

Fonte: Lourenço Graça / Bola na Rede

Porque o Marine ou o Sacavenense ou o Montijo (há muitos mais casos) têm tanto o direito quanto os maiores clubes de jogar no seu estádio perante os seus adeptos.

Uma palavra para todos os clubes com condições mais humildes. Nunca desistam de tudo fazer para jogar no vosso habitat. Nunca virem a cara à luta. Vão até ao fim na defesa dos vossos interesses, dos vossos adeptos. Porque ninguém merece ficar privado de jogar no seu próprio estádio por mais humilde que seja. Inglaterra mostra-nos de ano para ano que é possível. Nós, portugueses, temos de o tornar possível também. Porque, se eles podem e conseguem, nós também!

Artigo de opinião de Marco Ferreira,
diretor-executivo do CF Estrela Amadora


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