«Estou feliz no Bodo/Glimt mas gostava de jogar numa liga dos top-6 e isso inclui Portugal» – Entrevista BnR com Nikita Haikin

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    Nikita Haikin é guarda-redes do Bodo/Glimt há seis temporadas e ganhou a titularidade na equipa norueguesa nos últimos anos. O guardião de 28 anos enaltece o crescimento da sua equipa, mas admite que tem interesse em experimentar outros campeonatos. Poucos sabem, mas Nikita Haikin já jogou em Portugal, no Nacional da Madeira, e o guardião até tem boas memórias do nosso país. Com muita simpatia, o atual número 1 do Bodo/Glimt concedeu-nos uma curta entrevista para falar sobre a sua carreira e objetivos que ainda guarda no mundo do futebol.

    «Gostava de jogar numa liga dos top-6, seria fantástico».

    Nikita Haikin, guarda-redes Bodo/Glimt

    Bola na Rede: Nikita Haikin, antes de mais obrigado pelo seu tempo. Tiveram derrota no último fim de semana, mas a temporada está a correr bem no Bodo Glimt. Objetivo é lutar novamente pelo título?

    Nikita Haikin: Antes de mais, muito obrigado pelo convite. Os nossos objetivos passam por melhorarmos o nosso jogo e a nossa performance. Queremos lutar para estar na Champions League na próxima época.

    Bola na Rede: Têm sido anos de afirmação do Bodo Glimt a nível europeu. O que é que sentes que tem contribuído para este recente sucesso da tua equipa?

    Nikita Haikin: Acredito que é o nosso mind-set e a mentalidade do nosso treinador [Kjetil Knutsen] que está muito focado nas nossa exibições e não só nos resultados. E estamos sempre a crescer.

    Bola na Rede: Sentes que esse crescimento também tem sido recorrente na tua posição. Como é que tem sido o desenvolvimento nesta equipa?

    Nikita Haikin: Sim, a 100%. A minha inteligência dentro de campo melhorou, a minha visão também melhorou e, claro, a experiência. Com os jogos europeus, crescemos muito, quer queiramos, quer não.

    Bola na Rede: A nível pessoal, tens contrato com o Bodo Glimt até junho de 2026. Achas que há alguma possibilidade de poderes sair no verão?

    Nikita Haikin: Claro que me quero desafiar num nível superior, mas isso depende da oferta. Estou muito feliz aqui, mas se a proposta certa aparecer, e foi interessante para mim e para o clube, claro que quererei dar mais passos para crescer como jogador. Gostava de jogar numa liga dos top-6, seria fantástico. Estou de olho nessas ligas, incluindo Portugal. Acho que é uma Liga muito bom com muito talento e potencial. E aí podes crescer, certamente.

    Bola na Rede: Estás há cinco épocas no Bodo, ganhaste cinco títulos, quando chegaste ao clube, esperavas este sucesso e este crescimento da equipa a nível coletivo?

    Nikita Haikin: Não, não esperava que chegaríamos tão alto quanto crescemos. É um clube pequeno e que cresceu muito com resultados fantásticos em cinco anos. É realmente impressionante e um gosto trabalhar aqui.

    Bola na Rede: A nível individual, têm saído muitos jogadores do Bodo para outras equipas: Victor Boniface, Ola Solbakken, Moumbagna… A que é que se deve este sucesso?

    Nikita Haikin: É um clube ótimo para desenvolveres as tuas características. O Bodo/Glimt dá-te essa possibilidade. Muitos cresceram e chegaram ao mais alto nível, outros não, mas esta é uma ótima plataforma para qualquer jovem jogador ficar ainda melhor.

    Bola na Rede: Em Portugal, o nome Bodo Glimt começou a ser muito falado com a vossa célebre goleada frente à AS Roma de José Mourinho, por 6-1, em 2021. Foste titular nesse jogo. Foi o encontro mais marcante da tua carreira?

    Nikita Haikin: Foi um dos mais marcantes, sim. Não foi o único porque felizmente tivemos jogos fantásticos. No Celtic Park, em Alkmaar… com o Besiktas. Mesmo ganhando os campeonatos aqui. São momentos ótimos. Mas essa noite foi muito especial porque estávamos “on fire“. Só queríamos executar o que o treinador nos pediu e fazer o melhor possível. Estava tudo alinhado naquele dia: na forma como jogámos a partir de trás, na forma como estávamos na defesa e no ataque e, claro, a nível individual. Toda a gente estava a sentir-se bem. Começámos a marcar… um golo, outro golo, outro golo… Isso aumentou a nossa confiança e foi muito especial, claro que sim.

    «Gostei mesmo muito e sinto falta de Portugal».

    Nikita Haikin, guarda-redes Bodo/Glimt

    Bola na Rede: Nessa época tiveram uma grande caminhada e só caíram nos quartos de final, precisamente com a AS Roma. Sentiram que podiam ter ganho essa Conference League?

    Nikita Haikin: Sim… Acho que nos superámos na competição, mas à medida que íamos crescer, a bater o Celtic, o AZ, a AS Roma em casa, outra vez, por 2-1. Pensámos que podíamos lá chegar. Mas a realidade é que não éramos tão experientes como somos agora.

    Bola na Rede: Olhando precisamente para o agora… nesta época estiveram na Liga Europa com Arsenal e PSV e acabaram por cair com o Ajax. Acreditavam que podiam ter feito uma gracinha a nível europeu novamente?

    Nikita Haikin: Sim, definitivamente. Mas a verdade é que os anos passam e nós temos de transferir alguns dos jogadores mais importantes. É como funciona no Bodo/Glimt. Mas temos sempre jogadores a evoluir e novos jogadores a aparecer. Temos qualidade e não vejo motivos para não voltarmos a brilhar nas ligas europeias.

    Bola na Rede: Nikita, voltamos a falar de Portugal… A nível pessoal, muitos não sabem, mas tens ligação a Portugal. Jogaste no Nacional da Madeira, como júnior, em 2013/14. Tens boas memórias desses momentos?

    Nikita Haikin: (risos) Sim, ótimos, a 100%. Lembro-me de crescer em Portugal, estar um ano na Madeira. Estive a viajar muito em Portugal. Gostei mesmo muito e sinto falta de Portugal. É uma pena que tenha tomado a decisão de não ter ficado mais tempo no Nacional. Mas tudo acontece por um motivo.

    Bola na Rede: Como é que surgiu esse convite para jogares no Nacional da Madeira?

    Nikita Haikin: Foi o Paulo Barbosa [empresário]. Apresentou-me o Nacional e fui lá fazer testes. Gostaram de mim e decidiram ficar comigo. Joguei a temporada toda nos juniores e, no final da temporada, até comecei a trabalhar com a equipa principal. Foi uma experiência fantástica. Sim, foi mesmo bom.

    Bola na Rede: Ainda te lembras de alguma palavra em português?

    Nikita Haikin: Sim! (risos). Sei algumas: “tudo bem”, “obrigado”, “falo português, um pouco”. Também sei algumas palavras menos boas (risos). Mas se tivesse estado mais tempo, teria aprendido mais.

    Bola na Rede: Sabes que o Nacional subiu de divisão? Voltaram à Primeira Liga…

    Nikita Haikin: Sim, eu sigo-os no Instagram. Parabéns para eles. Eles pertencem ao topo de Portugal. Têm muita história e ligação ao Cristiano Ronaldo. Têm de estar na Primeira Liga.

    Bola na Rede: Gostavas de voltar a Portugal, portanto?

    Nikita Haikin: (risos) Depende, claro. Tem de ser um projeto ambicioso que me cative. Tem de ser o clube certo com ambições europeias. É o que tenho aqui e quero que seja idêntico. É uma liga muito atrativa, vamos lá ver…

    Bola na Rede: Para quem não te conhece tão bem, quais é que são as tuas melhores características?

    Nikita Haikin: Sou um guarda-redes que gosta de ter bola, gosto de sentir pressão e tenho bons reflexos. E acho que a minha mentalidade é boa.

    Bola na Rede: A posição de guarda-redes tem tido uma evolução muito importante ao longo dos tempos. Que novas necessidades é que hoje te são exigidas para cumprires bem o teu papel de guarda-redes?

    Nikita Haikin: Temos de ser bons com a bola a 100%. Temos de jogar bem com os pés, temos de saber ler o jogo e entendê-lo bem. O jogo é muito mais exigente e o nível de exigência do nosso treinador para construir a partir de trás é elevado. Eu adoro a pressão e gosto de sentir essa responsabilidade.

    «Schjelderup é muito talentoso e o Benfica conseguiu garantir uma transferência fantástica».

    Nikita Haikin, guarda-redes Bodo/Glimt

    Bola na Rede: Permite-me que te coloque aqui uma questão sobre dois jogadores que se destacaram no campeonato da Noruega. Casper Tengstedt, no Rosenborg, e Andreas Schjelderup. Que avaliação fazes de ambos?

    Nikita Haikin: O Casper é um jogador muito bom. Lembro-me dele quando jogámos contra o Rosenborg. É um bom avançado, finaliza bem, mas tem muito para evoluir. Sobre o Schjelderup posso falar mais porque ele esteve cá connosco no Bodo/Glimt, mas não ficaram com ele. Ele é muito talentoso e o Benfica conseguiu garantir uma transferência fantástica. A questão é que não podes apressar as coisas. Há tempo para tudo e ele está na fase de evolução. É preciso paciência.

    Bola na Rede: Achas que ainda pode ter impacto no Benfica?

    Nikita Haikin: Sim, a 100%. Um jogador com aquele talento e habilidade… E não se esqueçam que ele ainda tem 19 anos. É só preciso ter paciência com ele.

    Bola na Rede: E quanto aos melhores jogadores com quem já tiveste o prazer de partilhar balneário. Consegues destacar os melhores?

    Nikita Haikin: Ui… Já vi tantos jogadores com tanto talento, outros que não corresponderam. Mas olha, o Schjelderup, quando treinou connosco com 16 anos, era um miúdo especial. Tinha muito talento. Também o Jens Petter Hauge, que esteve fora quatro anos, e agora está connosco. É fantástico e um jogador com muita qualidade. Claro, o Victor Boniface, que é um amigo e estou muito orgulhoso pelo seu trajeto.

    Bola na Rede: Nikita, para fechar, e a nível futuro, que objetivos guardas nesta altura?

    Nikita Haikin: Os meus objetivos passam por ter boas exibições de forma consistente e estar a procurar sempre melhorar. É o que quero sempre para mim e adoro que assim seja. Sempre procurei ter inspirações e gosto muito de analisar outros guarda-redes e outros jogadores na Europa. Vejo muito futebol e o jogo está sempre a evoluir. Esta posição de guarda-redes também. Vemos muito bons guarda-redes e ficas inspirado. Especialmente quando vês Champions League, que eu adoro.

    Bola na Rede: Nikita, muito obrigado.

    Nikita Haikin: Muito obrigado.

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    Mário Cagica Oliveira
    Mário Cagica Oliveirahttp://www.bolanarede.pt
    O Mário é o fundador do Bola na Rede e comentador de Desporto. Já pensou em ser treinador de futebol por causa de José Mourinho, mas, infelizmente, a coisa não avançou e preferiu dedicar-se a outras área dentro do mundo desportivo.