Oito anos depois da histórica conquista lusa em França, a seleção prepara-se para voltar a caminhar rumo ao sonho europeu que, desta vez, vai deslocar a ambição portuguesa até à Alemanha.
Esta terça-feira, o selecionador nacional Roberto Martinez anunciou a lista dos 26 jogadores que integrarão a armada portuguesa rumo à reconquista do título europeu.
Os eleitos foram: Diogo Costa, Rui Patrício e José Sá; Ruben Dias, António Silva, Gonçalo Inácio, Pepe, Danilo Pereira, Nuno Mendes, Diogo Dalot, João Cancelo e Nelson Semedo; Bruno Fernandes, Bernardo Silva, Vitinha, João Palhinha, João Neves, Rúben Neves e Otávio; Cristiano Ronaldo, Rafael leão, João Félix, Gonçalo Ramos, Diogo Jota, Francisco Conceição e Pedro Neto.
Posto isto, há que analisar e, sobretudo, perceber as escolhas de Roberto Martinez para a competição que se avizinha.
No que diz respeito às escolhas para defender a baliza portuguesa, já era expectável a chamada destes três nomes. Estes que têm sido os habituais nomeados pelo treinador nas últimas convocatórias, juntam qualidade e experiência para assumir a responsabilidade em qualquer tipo de ocasião. O outrora salvador da seleção, Rui Patrício, perdeu lugar para Diogo Costa que, ainda assim, em grandes torneios ainda não foi capaz de assumir o mesmo papel decisivo que Rui Patrício havia conquistado. Apesar disso, o guardião do Porto deve ser a escolha natural para a titularidade durante a competição. Nada de polémico por aqui.
Passando para o setor defensivo, as potenciais surpresas surgem pela ausência de jogadores como Raphael Guerreiro, Toti Gomes e principalmente Nuno Santos. O lateral do Sporting tem feito uma época excepcional ao somar seis golos e 16 assistências em todas as competições, ainda assim, mesmo podendo encaixar perfeitamente no sistema utilizado pela seleção, acabou por não merecer a chamada de Roberto Martinez.
Um setor que, apesar dessas tais ausências, como um todo não traz qualquer tipo de preocupação. O centro da defesa está assegurado entre a experiência de Pepe e Rúben Dias e a juventude de Gonçalo Inácio e António Silva, podendo contar também com Danilo Pereira em determinadas ocasiões. Já as laterais acabam por ficar marcadas pela polivalência de João Cancelo e Diogo Dalot que se podem juntar a Nuno Mendes e Nélson Semedo em qualquer um dos corredores.
Apesar da ausência de Guerreiro e Nuno Santos, a exclusão dos atletas referidos anteriormente era quase impensável num cenário que fizesse jus à continuidade das últimas convocatórias.
Olhando para o miolo do terreno, começam a emergir mais dúvidas e questões em relação às escolhas do selecionador. Não pela presença óbvia de Bruno Fernandes, Bernardo Silva, João Neves ou Palhinha, mas sim pela chamada de Rúben Neves e Otávio face à exclusão de atletas como Matheus Nunes, Pote ou Florentino.
O campeão inglês e o campeão português, principalmente, foram renegados para a emancipação de atletas que acabam por atuar num contexto inferior e secundário. Isto não quer dizer que os atletas que atuam na Arábia não possuam valor ou qualidade, mas sim que, face ao contexto, e supondo que não se apresentam como naturais titulares, a inclusão de jogadores com mais ritmo e rigor competitivo seria, à partida, algo mais benéfico para o conjunto luso.
Ainda assim, o selecionador nacional acabou por optar pela continuidade de atletas que já se encontram mais enquadrados na lista e no esquema da seleção.
Por fim, chegamos ao setor mais ofensivo do terreno, o ataque. Setor este que, à semelhança de outros terrenos, combina também a experiência e a longevidade com a irreverência da juventude.
Ao contrário de Rúben Neves e Otávio, a adição de Cristiano Ronaldo à equação não é posta em causa pelo contexto, pois, no que diz respeito à sua posição, o próprio continua a assumir-se como um dos jogadores mais importantes para o conjunto, ao contrário dos dois médios. 53 golos e 10 assistências na temporada atual, juntando à incontornável figura e história que o capitão representa, fazem de Ronaldo uma escolha óbvia atualmente, mesmo que essa questão tenha sido posta em causa anteriormente.
A disputa pela posição de ponta de lança dar-se-á novamente com Gonçalo Ramos que, mesmo que não tenha feito a época ideal em França, continua a ser uma presença indiscutivelmente útil e viável para a ofensiva lusa. Depois, para além da evidente inclusão de Rafael Leão e João Félix, existia ainda espaço para mais três nomes que se mostravam como as principais dúvidas na antevisão à convocatória. Os três eleitos acabaram por ser Diogo Jota, Pedro Neto e Francisco Conceição. Os primeiros dois seriam escolhas indiscutíveis em qualquer momento de forma saudável, contudo, as recentes lesões de ambos abrem a porta ao risco associado a essas questões. Ainda assim, saudáveis, qualquer um deles representa uma forte adição ao conjunto.
Já Francisco Conceição, competia com atletas como Trincão, Jota Silva e Ricardo Horta, mas acabou por ser mesmo o “espalha-brasas” portista a conquistar a última vaga para a Alemanha. Um jogador de características diferenciadas e que pode, sem qualquer tipo de dúvida, ajudar a equipa em diversos momentos da competição.
Assim sendo, Roberto Martinez distribuiu desta forma, a realmente importante, os bilhetes para a viagem com destino à Alemanha. A comitiva lusa parte rumo ao Euro no dia 12 de junho mas, até lá, ainda vai disputar três amigáveis de preparação em solo nacional.
Caso o sonho se torne realidade, e a campanha termine com um final feliz, a seleção das quinas só regressa a Portugal no dia 15 de julho. Até lá, vão-se somando as expectativas de um povo perante um desfecho positivo da competição que, agora, já sabe quais serão os principais protagonistas da mesma.