Manter a distância | Farense x Benfica

    Benfica
    Primeira Liga, 30.ª jornada: segunda-feira, 22 de abril de 2024, 20h15.

    A ANTEVISÃO: ENQUANTO A MATEMÁTICA DEIXAR, CABE AO BENFICA ACREDITAR E ADIAR A FESTA RIVAL

    Horas antes do Sporting dominar o Vitória em Alvalade e deixar o título à distância duma viagem certeira ao Dragão – não confirmando logo, poderá coroar-se na semana seguinte-, Schmidt foi peremptório na antevisão.  Assumindo que «o mais provável» é o Benfica não chegar ao título, deixou, no entanto, garantias de brio e mínimos olímpicos de… dignidade competitiva, não fugindo da mais que necessária autoavaliação. «Nós perdemos alguns pontos durante a época e por isso estamos sete atrás, restam cinco jogos e eles têm vantagem, mas não está decidido. Temos de fazer a nossa parte, ganhar os 15 pontos que faltam e veremos se ainda há alguma chance de ganharmos a Liga.»

    Esmiuçou mesmo. Apontou, circulando a vermelho, os disparates. «Perdemos quatro pontos em casa, contra o Farense e o Casa Pia. São jogos que são bons exemplos desta época. Temos de ganhar estes jogos, claramente, por 3-0, 4-0 ou 5-0. O Sporting está sete pontos à frente, com estes quatro pontos a situação poderia ser diferente. Decidir jogos, especialmente nesta Liga, com o Sporting a fazer uma época tao consistente, é muito importante» Além da falta de eficácia, não se coibiu o alemão de falar no assunto Di Maria ou de abordar o próprio futuro, dividido entre a determinação em voltar ao Marquês e os rumores que o apontam ao Bayern. Roger garante que não será por sua decisão que deixará Lisboa. «Quando assinei o novo contrato, fi-lo com o objetivo de fazer o meu trabalho aqui o melhor possível (…) É um grande orgulho ser treinador do Benfica. Fui claro quando falei sobre o contrato, quando tomo uma decisão está tomada, sabia o que queria quando assinei. Tentei o meu melhor com todos, com o diretor, o presidente, as pessoas no seixal, os jogadores… sabemos o quão exigente é, não é fácil fazer parte do Benfica. É bonito, mas é muito exigente. Nestas circunstâncias temos de apresentar resultados e ter sucesso. Temos de melhorar, desenvolver, ter foco e confiança.»

    Naturalmente, a sessão de esclarecimentos focou-se em tudo, menos na viagem a Faro. As desassombradas palavras do treinador do Benfica não retiram ao encontro uma apática envolvência que nasce da conjugação entre fim de época e fracassos sucessivos – em condições normais, será um Benfica moribundo aquele que se apresentará no sempre complicado São Luís. O único entusiasmante dado que pode salvar o bom futebol e os três pontos lisboetas será a provável rotação no onze, depois dos 120 minutos e três substituições efectuadas no Velódrome.

    Quem olha para tudo isto e sorri, esperançoso, é José Mota, que só não está mais satisfeito por um dado nada animador – tanto o melhor marcador, Bruno Duarte (11 golos), como o segundo melhor marcador, Mattheus Oliveira (seis golos), estão de fora por acumulação de amarelos. Num plantel já de si curto e com bastante gente que transitou da aventura na Segunda Liga, não estão reunidas as circunstâncias ideais para aproveitar a desmotivação adversária – ainda que a retoma exibicional demonstrada contra Boavista e no Dom Afonso Henriques dê azo a boas sensações. Mas claro, alguém com a experiência do treinador farense nunca deixa o optimismo à solta, mete-lhe sempre a trela da prudência.

    Foi desconfiado que surgiu na antevisão, esmagando qualquer réstia duma qualquer ilusão de facilidade no seio do grupo. Se quiserem aproveitar o mau momento adversário, é preciso que sejam sérios. «Vai ser um jogo muito competitivo, é isso que espero dos meus jogadores, que tenham uma forte concentração e determinação e que sejamos um pouco à imagem daquilo que temos sido ao longo deste campeonato, nomeadamente no confronto com os chamados grandes. Vai ser um jogo interessante, em que estamos confiantes, como é óbvio, mas que temos que ter responsabilidade e perceber a dimensão deste adversário e a qualidade dos seus jogadores».

    Dúvidas táticas? O que fazer com a intermediária. Optar por juntar Fabrício Isidoro a Rafael Barbosa á frente de Falcão, dotando o conjunto dum outro arcaboiço técnico? Ou insistir na mesma receita dos outros jogos contra Grandes (3-2 em Alvalade e 1-3 na recepção ao Porto), reforçando o raio de acção defensivo, juntando Cáseres ao trinco brasileiro?

    Qualquer ponto nesta segunda-feira daria um jeitaço, mas até ao fim há quatro match-points com gente do seu próprio campeonato. E o melhor de tudo: a última jornada será em casa contra o Portimonense, que é quem está em lugar de play-off neste momento. Há folga para assegurar o objectivo essencial.

    O árbitro é Gustavo Correia e no VAR estará André Narciso.

    10 DADOS RÁPIDOS

    1. Será o 55.º confronto, 36 superioridades encarnadas contra seis – a última dessas seis aconteceu em Setembro de 1998, há 10 confrontos.
    2. Dessas seis vitórias algarvias, cinco foram em Faro – quatro vezes pela margem mínima (1-0) e um fabuloso 4-1, em 1994-95, obra do capataz Paco Fortes.
    3. Actualmente, os de Faro partilham o 10.º lugar com Gil Vicente e Rio Ave. Apesar disso, os 31 pontos (19 deles ganhos em casa) não permitem ainda relaxamento quanto à manutenção (o antepenúltimo, Portimonense, conta menos três).
    4. Antes da vitória caseira contra o Boavista, na jornada 28, o Farense atravessava a pior fase da época: nove jogos sem conhecer o sabor do triunfo (o último tinha sido a 20 de Janeiro, jornada 18), com quatro derrotas seguidas pelo meio.
    5. Bons indicadores ofensivos: marcam-se golos desde a 23.ª jornada e nunca se ficou a zero nos seis jogos contra os Três Grandes – apesar das cinco derrotas e um empate (na Luz), a equipa conseguiu… nove finalizações! Seis contra Sporting.
    6. Registo tímido na digna carreira de José Mota, em relação a jogos contra o Benfica: em 29 encontros, só nove jogos sem perder – quatro vitórias, três pelo Paços e a última pelo Leixões. Já lá vão 16 anos.
    7. Apesar do fracasso a toda a linha esta época, existe ainda a possibilidade para Roger Schmidt completar 85 pontos – melhor só Rui Vitória (2015-16) e Bruno Lage (2018-19) no reino encarnado e a mesma pontuação de Rúben Amorim no título 2020-21.
    8. Nas 20 edições em que a Liga se jogou a 34 jornadas com as vitórias a valerem três pontos, Schmidt seria campeão em 13 delas, mantendo a actual taxa pontual.
    9. O recorde da época no São Luís são 6565 espectadores na recepção ao Futebol Clube do Porto. O recinto pode albergar sete mil.
    10. Gustavo Correia, juiz de sortes opostas para os intervenientes. O Benfica ganhou sempre, em quatro jogos; Farense tem as mesmas quatro vitórias em… nove jogos.

    JOGADORES A TER EM CONTA

    Rafael Barbosa vai ser uma das ameaças do Farense para o jogo contra o Benfica
    Fonte: Farense

    Rafael BarbosaSim, Ricardo Velho é o guarda-redes que mais golos evita (pela estatística das defesas – xSaves) nas seis principais ligas europeias. Mas Barbosa é outro dos nomes a realçar na aparente recuperação farense, já que a melhoria exibicional coincide com o seu reaparecimento. Titular nas últimas duas jornadas – onde só não se fizeram seis pontos porque o Vitória empatou aos 96’- deverá assumir novamente as responsabilidades de criativo na ausência de Mattheus Oliveira. Aos 28 anos, o irreverente médio formado no Sporting tem ainda tempo para mostrar o porquê das 19 internacionalizações nas Selecções jovens.

    Benjamín Rollheiser estreou-se a marcar com a camisola do Benfica
    Fonte: Carlos Silva/Bola na rede

    Benjamín RollheiserApareceu muito bem na segunda metade dos 3-0 ao Moreirense, onde arrancou da direita para aproveitar todo o potencial da sua canhota. O golo prova toda a técnica e astúcia dum futebol que obrigou o Benfica a pagar adiantado para apressar a sua chegada.

    XI´s PROVÁVEIS

    Farense: Ricardo Velho; Pastor, Gonçalo Silva, Igor Rossi e Talys; Cláudio Falcão, Fabrício Isidoro e Barbosa; Belloumi, Marco Matías e Zé Luis

    Treinador: José Mota

    «Sabemos a forma como o Benfica vai atuar e que estas equipas grandes não gostam e não perdem dois jogos seguidos, conseguem em termos mentais um equilíbrio muito forte e percebem o que é ser do Benfica, treinador ou jogador. Portanto, espero um Benfica à sua imagem, muito forte a tentar resolver o jogo o mais rapidamente possível».

    Benfica: Trubin; Bah, António Silva, Otamendi e Carreras; Aursnes e João Mário; Neres, Kokcü e Gouveia; Arthur Cabral

    Treinador: Roger Schmidt

    «Temos de fazer o nosso papel, manter o nosso foco, vencer os próximos cinco jogos para voltarmos ao campeonato e termos uma possibilidade. É uma situação possível».

    PREVISÃO DE RESULTADO: Farense 1-3 Benfica

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    Pedro Cantoneiro
    Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
    Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, o Benfica como pano de fundo e a opinião de que o futebol é a arte suprema.