Na rubrica “Perdidos no Tempo” desta semana falamos sobre um jogador que terá sido, porventura, um dos mais talentosos a chegar ao Dragão no presente século. Falo de Diego Ribas. Um menino que chegou em Julho de 2004 ao FC Porto, oriundo do Brasil com o rótulo de prodígio.
A generalidade dos portistas lembrar-se-á deste jogador que Pinto da Costa ofereceu a Del Neri na ressaca da vitória na Liga dos Campeões para que este pudesse aprimorar e utilizar no ataque novas conquistas. Diego Ribas da Cunha aterrou no Porto vindo do Santos de São Paulo, onde se havia tornado profissional em 2002 e que, após 31 golos em 99 jogos, aguçou o apetite do Velho Continente.
Diego atuava em qualquer posição do meio campo ofensivo e era um fantasista. Impressionava pela técnica e capacidade de drible. Veloz e elegante a conduzir a bola, era, igualmente, primoroso no capítulo do passe. Era, ainda, dono de um excelente e fácil remate. Ainda hoje, os adeptos portistas recordarão este brasileiro como um dos mais jogadores com mais talento que passaram pelo clube e de quem se chegou a acreditar poder ser o herdeiro de Deco no plantel do FC Porto. O problema estava na cabeça, mas não só. Já lá vamos.
O primeiro ano de Diego no clube foi penoso. Não só para o jogador, mas também para o próprio clube. Não fosse a conquista da Taça Intercontinental, em Dezembro de 2004, e podia ser considerada uma das piores épocas desportivas do clube. Três treinadores, mais de 20 pontos perdidos em casa e um SL Benfica não mais do que banal a sagrar-se campeão nacional.
Apesar de tudo Diego não deixou de apresentar bons apontamentos e demonstrar o seu potencial. Na segunda época, sob o comando de Co Adriaanse, o brasileiro teve vida muito difícil. Apesar de a época ter culminado com uma dobradinha, foi notório que o médio não encaixou no esquema do holandês, que o acusava de adornar demasiado os lances e de não participar no momento defensivo. Acabou por sair no final da época. No final de contas ficaram 63 jogos, sete golos e a clara sensação de que podia facilmente ter atingido outros patamares.
No verão de 2006, rumou aos alemães do Werder Bremen. Nos três anos em que alinhou pelo clube assumiu-se como um dos melhores médios do futebol europeu e convenceu a Juventus a adquirir o seu passe. Em Turim, voltou a desiludir e acabou vendido no final da temporada ao Wolfsburgo. De regresso à Alemanha voltou a destacar-se e uma época depois foi emprestado ao Atlético de Madrid, onde se exibiu a altíssimo nível e foi pedra basilar da conquista da Liga Europa.
Na Europa foi a sua última grande aparição. Entre épocas na Alemanha, empréstimos ao Atlético e, por fim, duas épocas na Turquia ao serviço do Fenerbaçe, pouco ou nada de vistoso se voltou a ver. Como qualquer bom brasileiro, regressou em 2016 ao seu país, onde hoje é figura de proa no Flamengo.
Fica para a história do FC Porto como um dos heróis de Yokohama e será sempre recordado pelos seus pés de veludo. Fica a clara ideia de que podia ter dado mais ao clube e, porventura, não tivesse apanhado um treinador tão rigoroso como Co Adriaanse, talvez o tivesse conseguido. Um dos brasileiros com maior potencial da sua geração, viveu uma carreira de altos e baixos, alternando épocas de brilhantismo cintilante com outras completamente desinspiradas. Chegou, inclusive, a representar a seleção nacional A do seu país, tendo mesmo conquistado duas Copas América. Infelizmente, alguns vícios boémios, alguma incompreensão dos treinadores, uns quantos infortúnios com lesões e, até, alguma falta de sorte impediram-no de perdurar no estrelato.
Foto de Capa: FC Porto
Artigo revisto por: Jorge Neves