O destino da Fiorentina conheceu um novo capítulo no final da época passada. Depois de vários anos a comandar os destinos do clube, a família Della Valle decidiu vender a sua participação ao magnata Rocco Commisso, que desembolsou cerca de cento e setenta milhões de euros pela compra do clube viola.
Apesar de reerguer o clube no início dos anos 2000,a família Della Valle nunca conseguiu tirar a melhor rentabilidade financeira e desportiva, pese embora os vários investimentos feitos ao longo dos anos. O novo líder dos viola quer mudar esse paradigma.
E o que muda na Fiorentina com esta troca na direcção? Para já uma nova forma de pensar e gerir o clube.
Mudar a forma como o clube é dirigido financeiramente é um dos objetivos a que Rocco Commisso se propõe. Entre várias ideias que o italo-americano tem, uma delas é explorar a marca Fiorentina aumentando patrocínios e as receitas comerciais. Com uma forte ligação aos Estados Unidos, Commisso pretende atrair mais adeptos daquele país, sendo uma forma de o clube ganhar maior visibilidade. O acesso à Champions League é outra das fontes de receitas, embora não seja tão linear, já que o acesso tem que ser disputado com outras equipas e no momento actual a Fiorentina não tem condições de disputar esses lugares de acesso, para tal, o clube terá que investir no plantel para chegar aos tão desejados milhões.
O investimento no plantel também vai ser feito de maneira diferente ao que acontecia com anterior direcção. Atento às regras do fair play financeiro da UEFA, o novo presidente da Fiorentina já afirmou que devido à extensão do plantel, o ideal será primeiro vender para depois começar a investir. Um pensamento muito diferente do modelo da anterior direcção onde a balança pendia maioritariamente para as compras, em prol das vendas, sendo este um dos factores para o desnorte financeiro da equipa.
Remodelar o velhinho Artemio Franchi é mais um dos desejos do magnata, muito embora os imbróglios burocráticos sejam um atraso na evolução da casa dos Viola.
Sem esta natural evolução o clube também não consegue ombrear com os maiores clubes italianos.
Isto leva-me ao próximo tópico, o plano desportivo.
Como disse anteriormente, a política de transferências era incoerente do ponto de vista financeiro, e o mesmo se refletia no plano desportivo.
As contratações feitas sem qualquer lógica desportiva, fizeram com que as épocas da Fiorentina ficassem aquém dos anos dourados a que fomos habituados a ver, anos onde Batistuta e Rui Costa passeavam a sua classe pelos campos da Serie A. Commisso quer voltar a ter esse panorama em Florença.
Uma das mudanças que planeia fazer na estrutura directiva, é trazer um dos ídolos dos tiffosi viola, Gabriel Batistuta, para a função de director desportivo, um regresso que iria agradar a todas as partes.
Para comandar os destinos da equipa, o escolhido foi Vincenzo Montella, sendo esta a sua segunda passagem pelo clube. Não foi uma escolha consensual mas a intenção é ter no clube pessoas que tenham paixão pelo mesmo e Montella preenche esses requisitos.
Na vertente das contratações, nota-se já o dedo da actual direcção naquilo que pretende entre o equilíbrio financeiro e o reforço da equipa para os objectivos a que se propõem.
O balanço financeiro entre entradas e saídas manteve-se negativo mas é inegável o retorno financeiro que possam vir a ter em virtude das compras que fizeram.
O motivo de tal optimismo? Frank Ribery! O francês foi recebido pelos tiffosi em total apoteose. Há muito que Florença não via chegar um jogador de nível mundial e não foi de espantar esta recepção ao francês, que apesar da idade é visto como peça chave para esta equipa. Logo, é muito provável que as receitas de merchandising venham também a subir.
Olhando para a lista de compras da Fiore, saltam-me à vista nomes que de certo modo vão dar outra qualidade à equipa em relação à época passada, desde já Kevin Prince Boateng, o ganês que dá tudo em campo, apesar se ser um jogador controverso, é sempre um nome que acrescenta qualidade a equipas de meio da tabela, também Pol Irola, Martin Caceres, Dalbert e Pedro, são nomes a ter em conta.
Falando um pouco de Pedro, o brasileiro herda a camisola número 9, a mítica camisola de Batistuta, colocando sobre si a responsabilidade de estar à altura do avançado argentino, qualidade não lhe falta.
“Haverá uma tremenda quantidade de esforço, trabalho, paixão e dinheiro para que a época que vem seja melhor do que o ano passado” prometeu Rocco Commisso.
Mas olhando para a classificação actual dos Viola, dá a entender que continua tudo como dantes, mas do que vi em campo esta Fiorentina aparenta ser melhor do que a classificação nos mostra.
Romper com o passado e investir no futuro passará à ser agora o lema da Fiorentina, e com Rocco Commisso o futuro poderá ser risonho, ainda que demore algum tempo. Já diz o ditado, “Roma e Pavia não se fizeram num dia”.
Foto de Capa: Fiorentina
Revisto por: Jorge Neves