Revista Mundial’2014 – Argentina

cab argentina mundial'2014

Temos de recuar até 1986 e à mão de Deus do lendário Maradona para darmos de caras com o último Mundial conquistado pela Argentina. Desde então, a selecção alviceleste conquistou o título olímpico em 2004 e 2008, mas a Copa do Mundo teima em fugir-lhe. Com adeptos conhecidos por toda a parte pela sua paixão ao jogo, muitas vezes a selecção deixa-se levar por esse espírito e claudica nos momentos cruciais. No Mundial’2010, por exemplo, foi humilhada com um 0x4 diante da fortíssima Alemanha de Joachim Low. Aí, Maradona era o seleccionador, e os argentinos jogavam mais com o coração do que propriamente com a razão.

Pode este ser finalmente o ano das pampas? Não creio que tal possa acontecer. Alejandro Sabella insiste num estilo de jogo pouco adaptado ao fabuloso conjunto de jogadores de que dispõe e muito dependente do talento individual, apesar de esse haver em sobra nesta selecção. É certo que o apuramento foi conseguido de forma relativamente tranquila, com a Argentina a alcançar o primeiro lugar. Mas, se olharmos para os números desta fase de qualificação, salta à vista o facto de terem alcançado apenas nove vitórias em 16 jogos: pouco mais de 50%, portanto. Estes dados negativos ganham ainda mais importância se nos lembrarmos da ausência do Brasil destas contas…

Muito do possível sucesso argentino neste Mundial dependerá do momento de forma das suas principais estrelas atacantes. Como é sabido, Messi teve uma temporada complicada em termos físicos, e de Kun Aguero podemos dizer o mesmo, apesar da boa época que realizou no Manchester City. Di María teve um ano soberbo no Real Madrid mas jogando numa posição diferente daquela que Sabella lhe dá em campo. Em Espanha, Ancelotti recuou Di María, vendo (e muito bem) nele a capacidade de aceleração do jogo dos merengues desde muito perto da linha de meio-campo. Na selecção, Sabella “cola” Angelito à linha numa zona mais adiantada do terreno e acaba por perder algumas das suas mais-valias. O desequilíbrio de qualidade entre os sectores atacante e defensivo é por demais evidente, e estará aí o maior obstáculo à caminhada argentina. Enzo Pérez seria uma excelente solução para um possível equilíbrio na equipa, mas não acredito que Sabella ceda às suas ideias predefinidas. Fernando Gago deverá ser o escolhido para preencher o lado direito do meio-campo.

É difícil de traçar um limite a esta selecção, porque quem tem jogadores como Messi, Di María, Aguero ou Lavezzi pode sempre sonhar. No entanto, na defesa, este nível de qualidade apenas é acompanhado por Garay e Zabaleta, e isso poderá ser fatal. No grupo com Irão, Nigéria e Bósnia, a Argentina não deverá ter grandes dificuldades, mas os maiores desafios estarão reservados para fases mais adiantadas da competição, quando estas debilidades no momento defensivo do jogo porventura vierem ao de cima. No equilíbrio entre o ataque de luxo e a defesa mediana estará o segredo alviceleste.

 OS CONVOCADOS

Guarda-redes: Sergio Romero (Sampdoria/Itália), Mariano Andújar (Catania/Itália) e Agustin Orion (Boca Juniors);

Defesas: Pablo Zabaleta (Manchester City/Inglaterra), Federico Fernandez (Napoles/Itália), Ezequiel Garay (Benfica/PORTUGAL), Marcos Rojo (Sporting/PORTUGAL), Hugo Campagnaro (Inter Milão/Itália), Martin Demichelis (Manchester City/Inglaterra), José Basanta (Monterrey/México);

Médios: Javier Mascherano (Barcelona/Espanha), Fernando Gago (Boca Juniors), Lucas Biglia (Lazio/Itália), Augusto Fernandez (Celta Vigo/Espanha), Ricky Alvarez (Inter de Milão/Itália), Angel Di María (Real Madrid/Espanha), Maxi RodrÍguez (Newell’s Old Boys), Enzo Perez (Benfica/PORTUGAL);

Avançados: Lionel Messi (Barcelona/Espanha), Gonzalo Higuaín (Nápoles/Itália), Sergio Aguero (Manchester City/Inglaterra), Rodrigo Palacio (Inter Milão/Itália) e Ezequiel Lavezzi (PSG/França)

A ESTRELA

Lionel Messi Fonte: MSN
Lionel Messi
Fonte: MSN

Inevitavelmente, Lionel Messi é a figura maior da selecção das pampas e nele recaem os maiores sonhos argentinos. A temporada menos conseguida no Barcelona levantou algumas dúvidas em relação à condição do astro, mas é de crer que Messi dê uma resposta à altura do seu talento. Muitos dizem que, para poder ser comparado a Maradona, Messi tem de levar a Argentina ao topo do Mundo. 2014 é mais uma oportunidade.

O TREINADOR

Alejandro Sabella Fonte: depuntin.net
Alejandro Sabella
Fonte: depuntin.net

Sem deslumbrar, Alejandro Sabella tem levado a água ao seu moinho. Assumiu o cargo em Julho de 2011, após as experiências falhadas de Maradona e Sergio Batista, e um dos grandes méritos de Sabella tem sido a notória melhoria das exibições de Messi. A este facto não será alheia a atribuição da braçadeira de capitão ao astro do Barcelona. A tentativa de rejuvenescimento – principalmente do sector defensivo – tem complicado a estabilização das ideias da equipa.

Como treinador, Sabella apenas tem um título no currículo, com a conquista da Libertadores pelo Estudiantes, em 2009.

 O ESQUEMA TÁTICO

10406031_655041817903808_555939884_n

É nesta espécie de losango de Sabella que reside o grande problema desta Argentina. A colocação de Gago a fechar o corredor direito pretende dar uma maior liberdade à criatividade de Messi e às subidas de Zabaleta pelo flanco. No entanto, o jogador do Boca Juniors é lento sem bola e pouco criativo na sua posse e isto desequilibra a equipa. Do lado esquerdo, Di María tem total liberdade atacante, já que Rojo não se destaca pela qualidade do seu jogo ofensivo e restringe-se mais às acções defensivas. A disposição táctica não está errada de todo e a ideia de Sabella é compreensível, mas a opção por Enzo Pérez em detrimento de Gago traria muito mais criatividade e capacidade de pressão à equipa. Resta saber se o talento individual das pampas é superior ao marasmo táctico em que estão envolvidos.

O PONTO FORTE

O sector atacante é, sem dúvida, onde residem as maiores esperanças dos argentinos. Para nos apercebermos da vasta quantidade e qualidade de que Sabella dispõe no ataque, basta lembrarmo-nos da decisão – criticável – de não levar Carlos Tévez ao Mundial. Mas a técnica, imprevisibilidade e velocidade de Messi, Di María, Aguero ou Higuaín é capaz de causar estragos em qualquer defesa adversária.

O PONTO FRACO

A diferença de qualidade do ataque para a defesa é tremenda. O momento defensivo do jogo é a grande dor de cabeça para Sabella. Como já referi anteriormente, apenas Garay e Zabaleta se apresentam como jogadores de qualidade mundial neste sector. Rojo fez uma boa temporada a central, mas na alviceleste será lateral-esquerdo. Fernández, jogador do Nápoles, que faz dupla com Garay, é algo limitado, e Romero não traz muita segurança entre os postes. 

Sabe Mais!

Sabe mais sobre o nosso projeto e segue-nos no Whatsapp!

O Bola na Rede é um órgão de comunicação social de Desporto, vencedor do prémio CNID de 2023 para melhor jornal online do ano. Nasceu há mais de uma década, na Escola Superior de Comunicação Social. Desde então, procura ser uma referência na área do jornalismo desportivo e de dar a melhor informação e opinião sobre desporto nacional e internacional. Queremos também fazer cobertura de jogos e eventos desportivos em Portugal continental, Açores e Madeira.

Podes saber tudo sobre a atualidade desportiva com os nossos artigos de Atualidade e não te esqueças de subscrever as notificações! Além destes conteúdos, avançámos também com introdução da área multimídia BOLA NA REDE TV, no Youtube, e de podcasts. Além destes diretos, temos também muita informação através das nossas redes sociais e outros tipos de conteúdo:

  • Entrevistas BnR - Entrevistas às mais variadas personalidades do Desporto.
  • Futebol - Artigos de opinião sobre Futebol.
  • Modalidades - Artigos de opinião sobre Modalidades.
  • Tribuna VIP - Artigos de opinião especializados escritos por treinadores de futebol e comentadores de desporto.

Se quiseres saber mais sobre o projeto, dar uma sugestão ou até enviar a tua candidatura, envia-nos um e-mail para [email protected]. Desta forma, a bola está do teu lado e nós contamos contigo!

Francisco Vaz de Miranda
Francisco Vaz de Miranda
Apoia o Sport Lisboa e Benfica (nunca o Benfas ou derivados) e, dos últimos 125 jogos na Luz, deve ter estado em 150. Kelvin ou Ivanovic não são suficientes para beliscar o seu fervor benfiquista.                                                                                                                                                 O Francisco não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

Subscreve!

Artigos Populares

Três tubarões europeus interessados em Gianluigi Donnarumma

Bayern Munique, Real Madrid e AC Milan são os clubes interessados em Gianluigi Donnarumma caso não renove com o PSG.

Luis de la Fuente elogia Cristiano Ronaldo e admite: «Portugal é uma seleção poderosa»

Luis de la Fuente realizou a antevisão à partida entre Portugal e Espanha, relativo à final da Liga das Nações.

Al Nassr pretende defesa do Barcelona para a próxima temporada

O Al Nassr quer garantir a contratação de Andreas Christensen na próxima janela de transferências, O jogador representa o Barcelona.

Diferença entre Benfica e Real Madrid por Álvaro Carreras está em 8 milhões de euros

Álvaro Carreras está perto de ser reforço do Real Madrid. O lateral espanhol prepara-se para deixar o Benfica nos próximos dias.

PUB

Mais Artigos Populares

Arthur Cabral não marcou presença no Seixal e está de saída do Benfica

Arthur Cabral vai deixar de ser jogador do Benfica nas próximas horas. O avançado vai assinar um contrato com o Botafogo.

Gonçalo Ramos regressou aos treinos de Portugal

Gonçalo Ramos regressou este sábado aos treinos de Portugal, depois de ter viajado para assistir ao nascimento do seu filho.

FC Porto ofereceu 7 milhões de euros por defesa central

O FC Porto ofereceu sete milhões de euros por Vitão, mas o Internacional recusou a oferta do emblema do Dragão.