A festa da Taça, interrompida pelo vírus que teimosamente continua alapado às nossas vidas, teria no USC Paredes x SL Benfica uma boa oportunidade de assistir a novo episódio, se tivermos em conta a fase negativa que os encarnados atravessam.
Porém, as visitas dos encarnados à sede dos clubes de divisões inferiores serão sempre motivo de orgulho e entusiasmo, constituindo momentos de verdadeira catarse depois de anos e anos de espera e marcos históricos para vilas e localidades, onde a alegria de ver os craques da televisão se conjuga com a ambição de ser “Tomba-Gigantes” e escrever a letras douradas o nome na extensa lista de Davides que derrubaram Golias.
Há, num passado que reuniu por uma única vez USC Paredes e SL Benfica – em 1984-85, nos quartos-de-final – a intenção de vingança por parte dos nortenhos, já que foi nessa ocasião esmerada a melhor classificação de sempre, sonho que terminou aos pés dos homens de Sven Goran Eriksson. Manniche, Wando e Néné construiram o 3-0, jogado em Penafiel.
Nunca mais foi alcançada fase tão evoluída. Houve incursões interrompidas por confrontos com clubes de Primeira Liga, “grandes” inclusive, sem nunca existir surpresa maior: a visita do FC Porto em 1989-90 (0-5), a estrondosa derrota no Bessa em 1999-00 (8-2) e a viagem até Alvalade, em 2005-06 (2-1), jogo que marca o início de recorde negativo – desde aí que a terceira eliminatória não é ultrapassada.
É precisamente no ano seguinte, em 2006-07, que Paredes e Jorge Jesus se encontram pela primeira e última vez, resultando em vitória esforçada (2-4, apenas no prolongamento), daquele Belenenses que o técnico levaria à final da competição.
Nesta temporada, as coisas têm corrido bem aos homens de Eurico Couto, técnico de 35 anos, que já levou a sua equipa a ultrapassar duas eliminatórias. Castro Daire (1-0) e São Martinho (1-2) foram vítimas da competitividade do terceiro classificado da Série C do Campeonato Nacional de Seniores, onde assume sem problemas o estatuto de candidato à subida.
Este sábado (21h15), não terá tambem problemas de assumir papel de carrasco a uma debilitada equipa encarnada que procura retomar a boa forma depois três jogos consecutivos a sofrer tripla de golos: um cenário que, a repetir na Cidade Desportiva de Paredes, obrigaria a equipa a redobrada dose de competência na finalização – que, até agora, não foi ainda observada.
Seguindo esse raciocínio, e não descurando quaisquer hipóteses quanto ao desfecho da partida, não reunimos as goleadas encarnadas em estreias da Taça de Portugal nem, pelo contrário, as ocasiões onde o Benfica foi surpreendido à primeira. É mais sensato compilar as estreias de Jorge Jesus e encontrar paralelismos nos contextos de cada época, na procura de perceber o que esperar do jogo inaugural de 2020-21.