A nova moda dos gritos e das pauladas | Sporting CP

    De há uns tempos para cá surgiram no universo do futebol português mais duas modas. E se há coisas em que os portugueses são bons é na capacidade que têm de inventar chavões para tentar desculpar a incompetência.

    Há algumas semanas surgiu um treinador a criticar o jogador português por se mandar muito para o chão a queixar-se com uma agonia que quase parece ter levado com um pau. Esse é o mesmo treinador que foi apanhado a mandar o seu guarda-redes simular lesão para perder tempo num determinado jogo.

    Mas bem, todos sabemos que o fair-play é uma palhaçada. A verdade é que o senhor tem razão até porque na semana passada veio um jogador dizer que o futebol português tem de evoluir por parar muito, jogador esse que, com certeza, nunca se mandou para o chão aos gritos como se tivesse levado uma boa paulada.

    Ou seja, todos se queixam, mas como é permitido fazem-no. A culpa é de quem apita as faltas, portanto.

    A questão de fundo então é saber quem grita mais. Porque já se percebeu que quem gritar mais alto terá mais vantagem. Não sou eu que o digo, são todos estes intervenientes e mais alguns.

    Uns dizem que perdem porque outros se mandam para o chão aos gritos a perder tempo e a “cavar faltas” (as saudades do Jonas ou de um Félix), podendo nós deduzir então que, para ganhar, o Sporting CP terá que treinar o famoso “mergulho para a piscina”. No entanto, talvez não precise muito já que mesmo sem esse movimento artístico estamos bem na frente, ainda que o treinador do nosso último adversário se tenha queixado dos gritos dos leões. Mas, como disse o nosso treinador, deve ser culpa do Nuno Santos e daquele grito que ele deu quando ganhamos a este mesmo adversário na Taça da Liga. Pelo menos naquele eles pareceram ter ficado chateados. Até parecia que o Nuno Santos tinha ganho a Champions.

    Na conferência de imprensa que anteviu o Clássico, Nuno Santos foi implicitamente visado
    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    A questão de se ganhar pode vir também dos gritos que vêm dos bancos de suplentes. Pelo menos, a ver pelo número de vezes que os suplentes do nosso adversário saltaram do banco a esbracejar, devia ser para gritar com alguém. Se não foi por isso poderia ser por estarem a festejar algum golo, mas não houve nenhum. Poderiam estar também em aquecimento, mas acho que não são permitidos tantos em simultâneo. (E daí já não sei). Será que era por pensarem que iam festejar esta vitória como se da conquista de uma Champions se tratasse? Não, os empates é que se festejam como se fosse uma conquista dessas.

    Quanto a este incomodo que levantam os festejos do Sporting CP deve ser uma questão geográfica uma vez que já outra equipa do mesmo hemisfério se havia queixado pelo clube leonino ter festejado a conquista de uma competição. Realmente é algo que não se entende. Festejar uma vitória, ainda mais quando dá direito a conquistar uma competição?? Nunca se viu. Só mesmo o Sporting CP. Parecia uma Champions. E o que os jogadores gritaram a festejar? Acho até que eles ganharam só porque gritaram mais que os outros.

    Mas, para o Sporting CP, nem precisa ser uma vitória para festejarmos. Já nos chega empatar na casa de um rival direto na luta para o título, valendo-nos a manutenção de uma vantagem de dez pontos sobre o mesmo. Isso lá é motivo de festejo? Não, mas pode valer a ida à Champions. Já o terceiro lugar não garante essa presença, ok? Estou só a avisar os interessados.

    Quanto a paulada e gritos, os sportinguistas estão vacinados. Andamos anos a fio a fazer de mortos só porque parecia mal andar nas televisões a fazer barulho, a choramingar e, por isso, vamos ganhando de vinte em vinte anos. Mas os sportinguistas gostam disso, mesmo a ver pelo que fizeram ao último presidente que lá esteve antes deste, que gritava sempre que tentavam defraudar o Sporting CP. Mas até o actual, aquando do nosso primeiro empate, veio dizer que se for preciso gritar para ganhar, vamos gritar. Pois então gritemos a plenos pulmões, porque os outros já andam a gritar há muito tempo.

    Top peças fundamentais no clássico
    Na flash interview, Sérgio Oliveira utilizou uma expressão que gerou polémica
    Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    De qualquer forma eu vou manter-me calmo, aproveitando para gritar em cada golo, cada vitória (ou empate se isso me garantir vantagem sobre os adversários) e cada conquista do meu clube, por mais insignificante que seja. Isto porque temos de afinar a voz para se todas estas vitórias se refletirem na conquista do tão ambicionado título nacional.

    Depois sim virá a Champions. E aí gritaremos a dar com um pau o seguinte, vejam se conhecem:

    “Ce sont les meilleures équipes
    Es sind die allerbesten Mannschaften
    The main event

    Die Meister
    Die Besten
    Les grandes équipes
    The champions

    Une grande réunion
    Eine grosse sportliche Veranstaltung
    The main event

    Die Meister
    Die Besten
    Les grandes équipes
    The champions

    Ils sont les meilleurs
    Sie sind die Besten
    These are the champions

    Die Meister
    Die Besten
    Les grandes équipes
    The Champions”

    Ah, e já agora, gritar é mau, mas cuspir na direção de um adversário não, certo?

    Nota final: Não há aqui bazófia. Em nenhum momento disse que o campeonato está ganho. Temos sim de continuar a lutar jogo a jogo pelos três pontos com a seriedade e competência com que fizemos até agora.

    Nota habitual: O texto contém alguma ironia. Nunca é demais reforçar!

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    Nuno Almeida
    Nuno Almeidahttp://www.bolanarede.pt
    Nascido no seio de uma família adepta de um clube rival, criou ligação ao Sporting através de amigos. Ainda que de um meio rural, onde era muito difícil ver jogos ao vivo do clube de coração, e em tempos de menos pujança futebolística, a vontade de ser Sporting foi crescendo, passando a defender com garras e dentes o Sporting Clube de Portugal.