Gil Vicente 0-4 Sporting: O maestro diz Olá

escolhidificil
No momento em que as orquestras começaram a ganhar notoriedade na sociedade ainda não existia a figura do regente. O maestro, leia-se! Fosse pelo tamanho reduzido dos grupos orquestrais (normalmente não mais que 20 ou 30 músicos) ou pela menor complexidade rítmica, normalmente não era necessária a regência. Estima-se que tenha sido apenas no século XVII que houve um primeiro homem responsável por decisões de interpretação como andamento, carácter, marcação do tempo e das entradas mais importantes durante a execução em palco. E já viram como há tantas semelhanças entre a música clássica e o futebol?

Marco Silva mudou pouco – menos do que o necessário, na minha opinião – mas mudou na parte do campo mais importante. Colocou João Mário por André Martins e toda a equipa ganhou uma dimensão diferente. O regresso das boas exibições de Adrien também ajudou, mas foi mesmo o nº 17 dos leões a possibilitar o controlo do jogo ao Sporting. No fim, vitória por quatro mas até poderia ter sido por mais. O demérito do Gil Vicente não pode, ainda assim, ser excluído da análise.

O jogo começou de feição para o conjunto de Marco Silva, que, após uma (das raras) boas intervenções de Slimani na manobra ofensiva, viu Adrien fazer um grande golo de fora da área. A confiança subiu e o Gil estremeceu. Pouco tempo depois, novamente Adrien a combinar bem com Nani, que fez mais um excelente golo, outra vez de longe. Apesar de cedo no jogo, o Sporting justificava a vantagem. Jonathan Silva, a outra alteração no 11, dava bastante profundidade pela esquerda; Adrien, João Mário e Nani iam fazendo do jogo o que queriam e se ao intervalo a vantagem não era bem maior, Marco Silva só se podia queixar do pouco jeitinho de Slimani e da cabeça sempre baixa de Capel.

Não é difícil melhorar a qualidade deste Sporting  Fonte: zerozero
Não é difícil melhorar a qualidade deste Sporting
Fonte: zerozero

E a defesa?, pergunta quem tanto contestou a análise que fiz no último fim-de-semana. A defesa pouco teve de defender, dirá a maioria. Graças a Deus, respondo eu. Mas ainda assim é inaceitável que, num jogo tão tranquilo, Maurício seja capaz de falhar (pelo menos) dez passes – que contei. Parecendo que não, este dado significa que o Sporting atacou menos dez vezes. E dez são muitas vezes! Sarr esteve mais tranquilo, também arriscando menos, como fariam os mais experientes (?!) em situação de pressão.

No início da segunda parte o jogo mudou um pouco. É natural, ora. Poucos maestros dominam a totalidade do espectáculo na sua estreia. A equipa da casa tentou subir linhas, explorou mais os seus melhores jogadores (Diogo Viana e César Peixoto) e foi pelo menos tentando mais do que nos primeiros 45 minutos. Ainda assim, sem nenhuma real ocasião de golo. Saiu William por Rosell – gosto bastante deste rapaz! – e o Sporting, aos poucos, foi aproveitando o espaço de que dispunha. É isso que acontece quando há jogadores que procuram, sem bola, o espaço para explorar, recebem, protegem, procuram a melhor linha de passe e entregam jogável. E melhor do que juntar João Mário a Nani só juntar João Mário a Nani e Montero. Fico à espera, Marco! Não te deixes enganar pelo golo do Slimani, que até o mais limitado dos músicos acerta algumas notas quando orientado pelo melhor maestro. E já disse que há semelhanças entre a música clássica e o futebol, não já?

Depois entrou Carrillo por Capel e Montero por Slimani – eu aplaudi em casa! – e a equipa acabou por fazer o quarto. Podia acabar aqui, mas deixava passar o pormenor que separa os bons dos melhores. A capacidade de decidir bem no contexto específico que só é possível a quem sabe ver o que o rodeia. Em casa, quando o João Mário recebeu isolado na grande área, gritámos todos “remata!”. Mas o maestro disse olá. Neste caso, a Carrillo. Foi assim hoje; mas há que dar ao maestro os melhores músicos ou a orquestra há-de desafinar.

A Figura

João Mário – Não preciso de falar mais dele, pois não? Luís Freitas Lobo bem disse que ele hoje comprou gamebox para a época inteira. Mas não é para a bancada.

O Fora-de-jogo

Gil Vicente – A equipa de José Mota vai precisar de melhorar muito se ambiciona manter-se entre os melhores no próximo ano. Há jovens com muita qualidade por aí perdidos, digo eu a quem acho que não tem mundos e fundos para gastar em reforços.

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João Almeida Rosa
João Almeida Rosa
Adepto das palavras e apreciador de bom Futebol, o João deixou os relvados, sintéticos e pelados do país com uma certeza: o futebol joga-se com os pés mas ganham os mais inteligentes.                                                                                                                                                 O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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