Não, não se preocupem. Não venham já com sete pedras na mão para me agredir. Não vou escrever sobre nenhum jogador do Sporting CP e muito menos sobre o emblemático roupeiro do clube.
O texto vai incidir antes nas declarações de há uns dias atrás, de um ex-jogador do Sporting CP que se indignou com um lance de um jogo do Sporting CP contra o SC Farense em que, para ele, havia pênalti de Nuno Mendes. Ora o lance nem é unanime entre os especialistas.
Mas mesmo que pudesse ser pênalti naquele lance, teria o suposto adepto sportinguista motivos para tanta indignação e vergonha?
Bem, eu diria que, para sentir vergonha num lance destes, o que lhe terá acontecido quando ouviu declarações do seu “pai” do futebol a corromper agentes do futebol para obter vantagem para o seu clube? Como essas provas não puderam ser usadas para incriminar o seu querido presidente, já não tem que sentir vergonha?
O que terá sentido o Paulinho quando viu o treinador do clube do seu “pai” ser expulso por desacatos contra os seus pares? E na segunda? E na terceira? Já vai em quantas? “Ah, mas o Rúben…”. O Rúben ainda não tentou bater ou cuspir em ninguém, até ver. Mas mesmo que acontecesse também não envergonharia Paulinho, o dono de Porsche amarelo. Ou talvez envergonhasse por ser o Rúben. Já se fosse outro treinador, a vergonha talvez se desvanecesse.
Paulinho, o amigo de Gil Y Gil, terá ficado preocupado com a falta de visão que o seu velho “patriarca” já sente, por não ter visto nenhuma agressão a um jornalista que estava a uns 20 metros de si? Nestas idades, a vista ao longe é logo a primeira afetada. Só não entendo como a mesma pessoa consegue ver penalties dentro de campo com a mesma certeza de qualquer jovem bom de vista. Mas quanto à agressão que, apesar de um senhor idoso não ter visto, efetivamente existiu, o Paulo sentiu algum tipo de pudor? Ou por o senhor ter dito que não viu, parte do princípio que não existiu? Temos que acreditar cegamente nos nossos, certo?
Uma coisa é certa, para sentir vergonha por um lance desses, com tudo o que se passa no futebol português, ou tem uma visão seletiva ou só diz o que lhe mandam dizer.
De qualquer forma, para estar há tantos anos a participar num programa como aquele em que se apresenta todos os dias, não pode ter uma noção da real definição de ter vergonha. Já eu, das poucas vezes que o ouvi falar, senti alguma vergonha alheia. Na realidade, de bom mesmo só teve os pés. Belíssimos pés para ser sincero (e não falo de Podolatria).
O que eu sinto mesmo vergonha é de o ouvir dizer-se adepto do Sporting CP associado ao que depois se reflete nas suas palavras. Não bate a bota com a perdigota. E pior é perceber que, apesar de tudo isso, alguém decidiu homenageá-lo dando o seu nome a uma das instalações do clube. Se bem que nesse caso a culpa nem é do comentador, mas de quem tomou essa decisão.
No “seu” programa idolatra o “seu” presidente (que não é o do Sporting CP), nas suas redes sociais só se mostra associado a um clube de Madrid, e quem o homenageia é o clube que o envergonha. Isto há com cada uma. Não lembra nem ao diabo. A verdade é que alguém se lembrou.
Ao Paulinho devo só relembrar que, no futebol português, o Sporting CP ainda é o que menos envergonha dentro deste lodo em que o mesmo vive. E não é um suposto pénalti que mudará isso. Diga-o um grande ex-jogador, ou qualquer outro comentador, adepto, jornalista, dirigente, juiz ou presidente.
Mas quem sabe se o “seu” Sporting CP ainda lhe poderá dar alguma alegria este ano? Ou isso, ou ganhar o campeonato, se é que me entende.