Sporting CP: O estilo de jogo que poucos souberam combater

Nas conferências de imprensa e nos espaços de comentário por esse país fora, surge muitas vezes a ideia nos intervenientes de que a forma como o Sporting CP joga é fácil de decifrar e identificar, mas difícil de contrariar.

Prova disso, é o rendimento da jovem equipa leonina, que continua na liderança partilhada do campeonato e vai marcar presença nos oitavos de final da Liga dos Campeões. Mas, afinal, qual são os segredos da formação leonina?

É inegável o sucesso que Ruben Amorim trouxe ao Sporting CP. Para além da conquista do campeonato nacional da temporada transata, a percentagem de vitórias desde a chegada do jovem português ao comando técnico dos leões é superior a 70%, números impressionantes para quem vai já a caminho das 80 partidas de leão ao peito.

Como diria Rúben Amorim se lhe perguntassem sobre este tópico, o segredo da sua equipa é trabalho e competência – da parte dos jogadores, mas sobretudo do treinador. Porém, como o meu discurso pode ir um pouco além das típicas conferências de imprensa, destaco quatro pilares do sucesso da equipa do Sporting CP.

 

Os segredos do 3-4-3 do Sporting de Rúben Amorim

O primeiro, e provavelmente o mais importante, é a coesão defensiva da equipa do Sporting CP. O ano passado foi a melhor defesa do campeonato, e esta temporada para lá caminha – em 14 partidas da Liga Portuguesa, os leões sofreram apenas cinco tentos na sua baliza.

Mérito do enorme guarda-redes titular, António Adán, que tem sido seguríssimo entre e a sair dos postes, mas principalmente de toda a equipa. A maneira como a linha de cinco defesas está montada e preparada para pôr os adversários em fora de jogo, aliada à pressão intensa dos três da frente na primeira fase de construção adversária, são a simbiose perfeita para o sucesso defensivo.

Depois, a eficácia ofensiva que revela, sobretudo nos jogos grandes. Falo disto porque, nesta fase, o Sporting CP ainda se sente mais confortável a sair em transição rápida, como se revelou na vitória frente ao SL Benfica no Estádio da Luz.

Sporting x Benfica
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Apesar de estar a jogar melhor em organização ofensiva do que o ano passado, parece que a frieza diante da baliza é menor. Os 24 golos marcados no campeonato, comparando com 34 e 39 de FC Porto e SL Benfica, respetivamente, são reveladores de que o Sporting CP se fia muito na capacidade defensiva, descartando, por vezes, dilatar a vantagem no marcador, em prol de não se desequilibrar.

Os poucos golos que o Sporting CP marca frente a equipas ditas menores devem-se também aos poucos elementos desequilibradores (do ponto de vista individual) presentes no plantel leonino. Muitas vezes, é Matheus Nunes que “sai” da sua posição e enverga por zonas mais adiantadas do terreno, procurando encontrar caminhos para desbloquear o adversário, através da sua velocidade e fintas de corpo.

Muitas vezes, Ruben Amorim é acusado de ser demasiado fiel às suas ideias e de ter problemas em mudar de esquema tático. Embora a utilização do 3-4-3 seja primordial para o técnico, a variabilidade dentro deste mesmo sistema está garantida, mediante os intervenientes do jogo.

Ao contrário daquilo que dizem, o Sporting CP muda de dinâmicas durante o jogo quando sente que é necessário, algo que revela que o treinador prepara vários cenários e estuda bem os adversários. Para além disso, também o trabalho que se faz na constante versatilidade dos membros do plantel é sinal de que Amorim cria mais opções dentro do plantel limitado que tem à disposição.

Por fim, mas não menos importante, a eficácia nas bolas paradas do Sporting CP é impressionante. Embora não pretenda alongar-me muito neste tópico, pois já dediquei um artigo inteiro à importância deste tipo de lances no jogo de Ruben Amorim, os leões são fortíssimos em grandes penalidades, livres indiretos e pontapés de canto. Fica apenas a falta um exímio batedor de livres diretos.

Teremos o próximo special one português?

Ruben Amorim Sporting
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Sei bem que é uma frase bastante arriscada de escrever. Porém, o trabalho que o treinador de 36 anos tem vindo a fazer na Liga Portuguesa, ao serviço de SC Braga e Sporting CP, é digno de quem percebe da coisa. Ruben Amorim tem tudo para evoluir ainda mais, afinar as suas ideias e experiência (que ele próprio diz que ainda está a aprender) e, infelizmente para os sportinguistas, brevemente voar para patamares mais altos.

O fator decisivo que vai fazer com que Amorim dê o salto ou fique estagnado no nível em que está é o lidar com egos altos do futebol, situação recorrente nos grandes clubes europeus. É preciso haver uma prova de que o treinador português tem também essa capacidade para unir um balneário com “vedetas” do desporto rei, algo que acredito piamente que irá acontecer.

 

 

 

Miguel Gato
Miguel Gatohttp://www.bolanarede.pt
Há muitos anos que o Miguel tem contacto com o futebol. Desde tenra idade habituado ao nervoso miudinho causado pelo desporto rei, Alvalade acabou por se tornar o palco principal do teatro dos seus sonhos. Jovem aspirante a jornalista e apaixonado pela área da comunicação, escolheu a ESCS para tirar a sua licenciatura. Agora, pretende ganhar asas e rumar até novos palcos.                                                                                                                                                 O Miguel escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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