Sporting CP | Digerir um Clássico após um dérbi pede álcool e Sam The Kid

Sempre fui altamente fascinado pela digestão e pelas transformações físicas e químicas que lhe estão associadas. Portanto, um comum mortal deglute alimentos como as máquinas trituradoras açambarcam qualquer coisa aparentemente dura, inflexível e tal.

Depois desse processo extremamente penoso para quem não está munido de uma dentadura maciça e uma garganta com as condições propícias, as enzimas colocam-se em fila e apoderam-se do que resta. Na saliva, no estômago e no intestino. Se isto não for o auge da felicidade, o que será?

Quis destapar o véu de uma confissão desta estirpe somente nesta altura do campeonato pelo simples facto de ter tudo que ver com uma irritação. Irritação, se calhar, é abundar na simpatia aquando do emprego da designação do estado de espírito.

Se quiserem, ergo uma petição para que as dez melhores e mais originais designações para o termo “irritação” possam fazer parte deste texto. Adiante! Da passada quinta-feira para sexta-feira, não fiz bem a digestão. Não por ter mergulhado num espaço aquático após um manjar dos deuses como é o panado com arroz malandro, mas sim pelo desaire e posterior comprometimento da passagem à final da Taça de Portugal.

No universo do futebol, todos os que o circunscrevem classificam o “Clássico” como o zénite da incerteza e da surpresa, simultaneamente. As posições que cada equipa ocupa na tabela classificativa dos inúmeros campeonatos, os seus momentos de forma, os seus jogadores mais ou menos valiosos, o “fator casa” e as diferentes aspirações de cada um pouco ou nada contribuem para ditar o vencedor do – quanto mais não seja – jogo pela Honra dos símbolos que se carregam ao peito. O jogo do FC Porto vs Sporting CP constituiu uma bela ilustração da descrição anterior.

Primeiramente, importa realçar que, após ter visto os 90 minutos daquela coisa, não saí do Youtube durante uma longa hora. A não comparência do Sporting na partida pareceu um sonho que tive há algumas noites atrás: o relvado, se fosse um pano, podia ser torcido vezes sem conta até as mãos ficarem com o molde rugoso; Pote, Sarabia e Paulinho – o famoso trio “PSP” que os jornais fizeram avançar com a pretensão de repreenderem os adversários e os multarem com golos – realizaram sapateado e foram domados pela defesa comandada por… Pepe. Exatamente, Pepe.

Pedro Gonçalves Pote Pablo Sarabia
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Indisponível até às 17:30h do mesmo dia; Matheus Nunes escorregou duas ou três vezes (acho que contei bem) e Ugarte não podia jogar, correr e querer sozinho; atrever-me-ia a falar do quarteto defensivo e da sua passividade em alguns momentos da partida, mas não quero expor o meu lado mais sincero. Porque me dói, claro. Por isso, marquei quatro bilhetes de avião para as Maldivas e para aquele paraíso que conheço através do Instagram.

Ali, toda a esperança que existia na salvação de uma época com um troféu prestigiado desvaneceu. E desvaneceu pela incapacidade de o Sporting Clube de Portugal apresentar uma inépcia elevada no que às ações ofensivas concerniu.

Pode parecer muito estranho o que estou prestes a escrever, mas uma equipa que necessita de vencer um dos eternos rivais como de pão para a boca como o Sporting, tem obrigatoriamente de enviar a bola para baliza adversária, independentemente dos obstáculos e circunstâncias que possam surgir. O Toni Martínez percebeu a tese e argumentou em pouco tempo, curiosamente. Depois de um dérbi enformado em desaire e do comprometimento da reconquista do campeonato (0-2, defronte do SL Benfica), o “adiós” à prova rainha do futebol português.

Além de tudo, a movimentação dos peões fora das quatro linhas. A combustão da partida deu-se muito antes de a mesma se ter iniciado. Antevisões em conferências de imprensa com ironias e risos malvados, comunicados com pendor racista à boleia da intelligentsia de diretores de comunicação dos respetivos clubes, arqueologia factual guardada de confrontos anteriores distendidos a todas as modalidades e o insuflar do peito das cúpulas dirigentes a pedir tudo e mais alguma coisa sem se dar a rigorosamente nada.

Se a letra da canção “Sendo Assim” fosse adulterada, saía qualquer coisa como “Sendo assim o Sporting sai de cena com pressões/ Sinto coisas tristes e transformo-as em aceitações/ É a trajetória de outros traques em diferentes direções/ Contam-se menos estórias porque os mais fracos têm orações”. Asseguro, desde já, que a outra parte do refrão terá uma rima com o termo “digestões”. Só tive tempo para formular a primeira parte. Depois, foi beber e digerir para esquecer.

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Romão Rodrigues
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