Académica OAF 0-2 Sporting CP B: Mesmo com a porta fechada a Briosa deixou os leões fugirem

    A CRÓNICA: ACADÉMICA/OAF TEVE DESTINO FATAWU

    Nunca me tinha apercebido que um jogo de futebol se assemelha a um bando de gaivotas a cantar quando só há um peixe para comer. São pelo menos assim os sons que se ouvem quando as bancadas estão mudas e os gritos dos jogadores ecoam nas cadeiras vazias. As portas do Estádio Cidade de Coimbra fecharam-se para o jogo entre Académica OAF e Sporting CP B referente à quarta jornada da Série B da Liga 3 como castigo por incidentes ocorridos em 2019. Os adeptos da Académica receberam a equipa em ditirambo, mas a pirotecnia e os cânticos ficaram do lado de fora do estádio. Dentro dele, o sistema de rega foi o que de mais barulhento se ouviu.

    Nos leões, Fatawu, em estreia pela equipa B, foi reforço de peso no onze inicial assim como Rodrigo Ribeiro. No entanto, foi o extremo ganês que teve um início de jogo notável e colocou a bola perto da linha de golo depois de várias incursões pelo flanco. A ocasião de maior relevo proporcionada pelo extremo habitualmente às ordens de Rúben Amorim aconteceu logo aos três minutos.

    O Sporting CP B dominava a posse, mas a Académica começava a superiorizar-se no que a ocasiões flagrantes dizia respeito. Só Pepo teve duas à sua responsabilidade. Diogo Ribeiro, por sua vez, deu a Diego Callai pretexto para brilhar. Com tantas chances para fazer do nulo um resultado obsoleto, os jogadores começavam a dever à eficácia.

    Por esta altura do ano, milhares de novos estudantes chegam a Coimbra e trazem na bagagem a ingenuidade de chegarem a uma cidade nova. Coimbra é a cidade que tudo nos dá e dela ainda levamos saudade. É onde os acordes das guitarras vibram no coração e as ruas têm histórias escritas nas paredes das casas que sobem até à torre. Coimbra é a cidade onde o adeus não é mais que um ponto de partida.

    Isto para dizer que também os jogadores da Académica foram praxados que nem caloiros. Jesús Alcantar subiu na hierarquia quando se fez doutor após, na sequência de um canto, saltar de encontro a uma bola que direcionou ao fundo das redes. Também já Diogo Agreu, de fora de área, tinha assustado a Briosa.

    Para piorar as coisas, a Académica viu Pedro Prazeres ser expulso. O jogador lançado por Miguel Valença como resposta ao golo sofrido deixou a Briosa em inferioridade numérica, sendo que, nesse período, a Briosa ameaçou o golo como nunca, mas Diego Callai, de novo, travou as intenções academistas.

    Do outro lado, o guarda-redes da Académica, Bernardo Santos, também ia brilhando entre os postes e fora deles. Só não conseguiu que Flávio Nazinho não marcasse o golo que vaticinou os destinos do jogo. O Sporting CP B somou assim a segunda vitória consecutiva.

     

    A FIGURA

    Issahaku Fatawu Esteve constantemente ligado à corrente e deixou qualquer um que o tentou defender sem energia. Teve em Nivaldo, defesa da Académica/OAF, o alvo preferencial para os transtornos que aplicou.

     

    O FORA DE JOGO

    Pedro Prazeres Teve uma curta passagem no jogo. Lançado na segunda parte, Pedro Prazeres pontapeou a cara de Alcantar num lance em que o jogador da Académica/OAF foi com o pé onde o mexicano do Sporting CP B foi com a cabeça. O árbitro considerou o lance merecedor de vermelho direto.

     

    ANÁLISE TÁTICA – ACADÉMICA OAF

    A Académica OAF de Miguel Valença apresentou-se bastante dinâmica. A Briosa passava de um 4-4-2 a defender para um 4-3-3 a atacar.

    A defender, a Briosa montou um bloco baixo, mas ao contrário do que aconteceu noutros jogos, João Pais não recuou para afazer uma linha de cinco, mantendo-se sempre como extremo. Das poucas vezes que os estudantes tentaram subir linhas, erraram o tempo de pressão.

    Em momento ofensivo, Isaac Boakye assumia-se como extremo-direito, procurando fletir, com recurso ao pé esquerdo, para zonas interiores. David Brás baixava para iniciar a construção, enquanto David Caiado subia para jogar como médio interior ao lado de Pepo.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Bernardo Santos (8)

    Marco Grilo (5)

    Fábio Pala (5)

    Diogo Costa (5)

    Nivaldo (4)

    João Pais (6)

    David Brás (7)

    Pepo (7)

    David Caiado (5)

    Isaac Boakye (6)

    Diogo Ribeiro (5)

    SUBS UTILIZADOS

    Vasco Gomes (5)

    Vasco Paciência (5)

    Pedro Prazeres (5)

    Hugo Sêco (5)

    Desmond Nketia (5)

     

     

    ANÁLISE TÁTICA – SPORTING CP B

    O Sporting CP B atuou em 4-3-3. A primeira fase de construção dos leões foi assumida com clarividência pelos criteriosos pés esquerdos dos dois centrais, Marsà e Alcantar.

    Renato Veiga foi o vértice mais defensivo do meio-campo e um sólido complemento aos centrais. A dupla de interiores foi composta por Mateus Fernandes/Diogo Abreu.

    Fatawu atuou como extremo-direito e, a jogar em largura, foi uma dor de cabeça para quem quer que lhe aparecesse à frente. Do lado esquerdo, também Afonso Moreira se manteve bem aberto.

    O Sporting CP B assumiu uma clara preferência por atacar pela direita, explorando a velocidade de Fatawu contra a maior lentidão de Nivaldo. Diogo Travassos, latera-direito, também progrediu bastante no flanco.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Diego Callai (7)

    Diogo Travassos (6)

    José Marsà (8)

    Jesús Alcantar (7)

    Flávio Nazinho (7)

    Renato Veiga (6)

    Mateus Fernandes (5)

    Diogo Abreu (5)

    Fatawu (8)

    Afonso Moreira (5)

    Rodrigo Ribeiro (5)

    SUBS UTILIZADOS

    Diogo Cabral (5)

    Vando Félix (5)

    Dário Essugo (6)

    Gilberto Batista (5)

     

    BNR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

     

    ACADÉMICA/OAF

    Bola na Rede: A Académica/OAF atuou hoje, ao contrário do que tem sido habitual, sem um médio defensivo declarado e sem baixar o João Pais para formar uma linha de cinco atrás. Estas mudanças mostram que esperava ser mais dominante no decorrer do jogo?

    Miguel Valença: Foram esses os dois pontos principais da nossa estratégia. Não conseguimos, por demérito nosso, fazer o ataque posicional que tínhamos que fazer para descobrirmos as zonas que o Sporting CP B estava a dar e que podíamos usar para criar perigo junto à baliza deles. Foi um dos nossos erros para não conseguirmos pontuar hoje.

     

    Bola na Rede: Tantas mudanças táticas de um jogo para o outro não atrasam o processo de cimentação da ideia de jogo da Académica/OAF?

    Miguel Valença: Não, porque jogamos sempre da mesma forma. O sistema tem sido sempre igual.

     

    SPORTING CP B

    Bola na Rede: O Sporting CP B contou com o Fatawu para o jogo de hoje. É um jogador que já contava com presenças na equipa A, mas não na equipa B. Por onde passa o plano de desenvolvimento do jogador e o quão agradado ficou com a exibição do Fatawu?

    Filipe Çelikkaya: Havia a necessidade clara de o Fatawu ter minutos de jogo. Eu cumpri essa diretriz na íntegra. O Fatawu teve minutos e oportunidades para fazer golo. Não fez golo, mas merecia pela qualidade que ele transportou para o nosso jogo. Há que continuar o trabalho do Fatawu dentro da equipa em que ele estiver inserido.

     

    Bola na Rede: Quando olhamos para as equipas principais, costumamos falar da mudança de chip entre as competições nacionais e as competições internacionais. No caso, muitos jogadores do Sporting CP B jogaram a meio da semana para a Youth League e jogaram hoje para a Liga 3. Há algum trabalho na preparação dos jogadores para as diferenças entre as competições?

    Filipe Çelikkaya: Não diferenciamos as competições. No Sporting CP B olhamos muito para o desenvolvimento dos jogadores. Sabemos que eles vão ter que competir e vão ter que produzir aquilo que realizam no treino. Se as tarefas estiverem bem orientadas do ponto de vista coletivo e individual, eles terão que as fazer em ambas as competições. Os jogadores estão avisados desde o início da época.

     

    Bola na Rede: O Flávio Nazinho tem andado entre a equipa principal e a equipa B. Sente que a Liga 3 é um bom espaço para evoluir?

    Flávio Nazinho: Não importa em que equipa esteja. Onde estiver, vou trabalhar sempre para evoluir. O que importa é jogar seja onde for. O patamar ideal não existe. Desde que jogue, é o mais importante.

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    Francisco Grácio Martins
    Francisco Grácio Martinshttp://www.bolanarede.pt
    Em criança, recreava-se com a bola nos pés. Hoje, escreve sobre quem realmente faz magia com ela. Detém um incessante gosto por ouvir os protagonistas e uma grande curiosidade pelas histórias que contam. É licenciado em Jornalismo e Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e frequenta o Mestrado em Jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social.