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«Surpresa» em francês escreve-se «FC Lorient»

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Jogadas as primeiras onze jornadas da Liga Francesa, podemos começar a suspeitar de uma pequena (grande) surpresa que se começa a desenhar em França. Isto porque o modesto FC Lorient (16.º classificado na época passada) se encontra “isolado” na segunda posição do campeonato apenas atrás do todo-poderoso Paris Saint-Germain FC. São onze jogos realizados, oito vitórias conquistadas, apenas uma derrota sofrida (frente à outra surpresa, o RC Lens por 5-2), tem o terceiro melhor ataque da competição, e um plantel jovem que conta com três individualidades muito acima da média, e que têm passado despercebidas aos “tubarões” europeus, mas já lá vamos.

Regis Le Bris, ex-jogador, tem aqui o seu verdadeiro primeiro teste enquanto treinador, ele que até ao início desta época tinha orientado apenas equipas de formação. Vindo do Lorient “B”, Regis Le Bris trouxe consigo um tal de Théo… Le Bris, seu sobrinho, mas além disso, trouxe uma forma de jogar que encaixou perfeitamente nos jogadores que tem à sua disposição e, mais importante, com o contexto do clube. O Lorient é, por definição, uma espécie de “David” que cada vez que entra em campo vê do outo lado um “Golias”, não esquecer que a equipa de Le Bris é a quinta com a massa salarial mais baixa no campeonato francês. Mas é aqui que está a parte mágica da coisa, esta falsa aceitação de serem a “equipa menos capaz”, cada vez que entram em campo, ilude os adversários deixando-os confiantes e menos prontos a reagir aos contra-ataques venenosos dos les merlus. Mas passemos aos intervenientes.

Se “surpresa” se escreve “Lorient”, Lorient com certeza escreve-se com Enzo Le Fée, pois é impossível descrever a formação de Le Bris sem falar do médio francês de 22 anos. Le Fée é o cérebro desta equipa, é por ele que passa o jogo, é ele que rompe as linhas adversárias (com uma facilidade inacreditável), é ele que dita os tempos de jogo, tudo isto e muito mais com apenas 22 anos. Estudar este Lorient tornou Enzo Le Fée num dos meus mais recentes “jogadores fetiches”, e como eu não sou ciumento deixo-te aqui um pequeno lance do médio francês (número 10 nas costas, como não podia deixar de ser) a ser tudo aquilo que foi referido até agora.

E se agora te mostrar um lance em que com apenas um passe de primeira, Le Fée desmonta a defesa adversária dando origem ao golo da sua equipa, já ficas convencido?

Se a isto juntarmos os dois golos marcados que já tem, os três passes que faz por jogo para situações de finalização (32 ao todo nos 11 jogos, à frente dele estão apenas Messi e Neymar, nomes que talvez já tenham ouvido falar), os 53 passes por jogo que faz com uma eficácia de 86%, quatro deles longos, numa equipa que passa mais tempo a defender (média de 40% de posse de bola) do que a atacar e cujas ações têm necessariamente que ter um risco muito maior, talvez sejam razões suficientes para pelo menos tentar perceber quem é Enzo Le Fée. Mas não acaba aqui, é que o francês apesar de ter características de “10”, ainda surpreende mais no plano defensivo. O Lorient é a equipa que mais cortes faz por jogo no top-5 das ligas europeias, com 20.1 cortes por jogo (dados WhoScored). Nesta matéria o médio francês é impressionante, atualmente é: o jogador que mais duelos ganha (87) e o segundo com mais cortes feitos (42) na Ligue 1. Mas não é apenas de Enzo que se faz este Lorient.

A formação de Le Bris joga num 4-2-3-1 muito definido e muito próprio, com Enzo a jogar no duplo pivot (com liberdade para chegar ao ataque). À frente dele jogam, por norma, numa linha de três, Dango Ouattara, Julien Ponceau e Stephane Diarra. A referência na frente é Terem Moffi. Deste quarteto ofensivo é obrigatório falar de dois jogadores: Ouattara e Moffi.

Ouattara, 20 anos, é um verdadeiro pesadelo para os defesas, é o típico extremo desequilibrador, muito rápido, forte fisicamente e com muitas soluções no um para um ofensivo, além disso parece ter três pulmões, pois o seu trabalho ao longo de todo o jogo é incansável. Esta época em 10 jogos realizados tem: quatro golos e quatro assistências. Já disse que só tem 20 anos e que esteve nomeado para jogador do mês de setembro? Vou deixar aqui um dos golos dele esta época e que também mostra a simplicidade de processos do ataque do Lorient e a forma agressiva como atacam o espaço livre através do terceiro homem.

E, por fim, Terem Moffi, 23 anos, 8 golos marcados em 10 jogos (marcador de 40% dos golos da equipa), ultrapassado apenas por Mbappé, Neymar (PSG) e Jonathan David (Lille) na lista de melhores marcadores. É a referência ofensiva da formação de Le Bris, um avançado muito possante, rápido e que dá muito, mas mesmo muito, trabalho aos defesas adversários, que o digam José Fonte e Tiago Djaló. Deixo aqui um exemplo da verticalidade e agressividade de Moffi no ataque ao espaço livre nas costas da defesa… ah sim, e uma bomba que só parou no fundo das redes, também típico do avançado nigeriano.

Um verdadeiro conto de fadas, que apesar de ter as suas fragilidades (que as tem, várias), honra aquilo que de mais belo tem o futebol: a esperança no impossível. Incrível como damos por nós a torcer por uma equipa que até ao dia de hoje nunca nos tinha suscitado qualquer tipo de sentimento. Obrigado, Lorient. Obrigado, futebol.

É mais um prego no caixão da Superliga Europeia, e dos “iluminados” que a defendem. Quanto ao Lorient, cá estaremos para ver onde nos leva este “Conte de Fée” (conto de fadas em francês, agora é a sério prometo).

Renato Alexandre Soares
Renato Alexandre Soareshttp://www.bolanarede.pt
O Renato é natural de Aveiro mas atualmente reside em Lisboa. Está, neste momento, a tirar uma licenciatura em Ciências da Comunicação no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Tem no futebol a sua maior paixão, mas é um aficionado pelo mundo do desporto. Desde futebol até à Fórmula 1, passando pelo basquetebol e andebol, se for um desporto, tem lugar garantido na vida do aveirense.

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