Acabou em derrota a receção do SL Benfica ao FC Bayern, em jogo referente à fase de grupos da Liga dos Campeões feminina. Numa partida em que as águias rubricaram uma das melhores exibições da sua curta história europeia e em que estiveram a vencer por 2-0, fica o sabor amargo do 2-3 que as bávaras alcançaram no último dos oito minutos de compensação do segundo tempo.
Fica, no entanto, também o sabor doce de testemunhar o crescimento desta equipa. E o sabor doce de ver o futebol que pratica. Frente a uma das melhores equipas da Europa – que procura dar o passo que lhe sobeja para passar da segunda linha de candidatos e alcançar o patamar de FC Barcelona, Chelsea FC, Olympique Lyonnais, por exemplo -, as Inspiradoras procuraram sempre praticar o futebol que sabem e que lhes tem valido conquistas.
Sobretudo no segundo tempo, houve claramente momentos de domínio benfiquista, com a bola a fluir nos pés criativos de Kika, Nycole e Cloe e nos pés seguros de Pauleta, Andreia Faria e Ana Vitória. De resto, prova da capacidade para “jogar à bola” desta equipa foi o facto de os dois golos terem surgido em lances de bola corrida – e bem trabalhados (o segundo com ajuda preciosa da guardiã adversária). Num clube em que não se admitem vitórias morais, não deixa de ser um pequeno triunfo perceber a evolução que se registou do ano passado (em que também houve uma receção – empate a zero – ao Bayern) para este ano.
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E, acima de tudo, importa crescer. E importa crescer neste contexto competitivo de elite, em que as adversárias e as adversidades que se enfrentam obrigam a um crescimento rápido. Como tal, mais do que sonhar com a passagem à fase seguinte (sonho a que o Benfica tem direito, mas que não se traduz numa obrigação), o Benfica deve aproveitar estes embates (sobretudo ante Barcelona e Bayern) para evoluir tática, física e competitivamente.
Os 9-0 concedidos em Barcelona também constituem uma dor de crescimento, mas impunha-se uma resposta nesta partida que demonstrasse essa mesma evolução. Infelizmente, o resultado não a espelhou, mas o futebol apresentado em campo atestaram-na. Continua a faltar, é natural, a maturidade que estas andanças requerem (e que incutem) e a capacidade para controlar os nervos e os momentos de jogo com maior tranquilidade, porque os erros que advêm dessa incapacidade pagam-se com juros nesta competição (e o BCE ainda por cima subiu a taxa de juros esta semana).
Todavia, há que realçar que, apesar de talvez ter sido mais cônscio, de um ponto de vista “resultadista”, segurar o empate a dois, por exemplo, as águias foram abatidas no último minuto por estarem a tentar sufocar as alemãs e por não desistirem do golo que valeria um triunfo histórico. E isso… foi à Benfica. Perderam por serem Benfica e, com toda a certeza, vão muito em breve vencer por serem Benfica.
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Isto se continuarem a trilhar este caminho de evolução. Para isso, é fundamental garantir, essencialmente, dois vetores: a continuidade da presença na Liga dos Campeões e a continuidade da espinha dorsal deste grupo de trabalho. Nenhum dos vetores será de fácil garantia, mas a conquista e conjugação dos dois vai significar invariavelmente o crescimento desta equipa e o crescimento desta equipa vai, mais cedo do que tarde, traduzir-se em conquistas históricas.
Seguem-se os embates com o FC Rosengard, da Suécia. Antes, há campeonato. É crescer, SL Benfica, é crescer. Já faltou mais.