Análise ao sorteio da UEFA Champions League

    As bolinhas rolaram esta segunda-feira e o aguardado sorteio dos oitavos de final da UEFA Champions League finalmente aconteceu.

    Com SL Benfica e FC Porto ainda em competição, confrontos de gigantes e surpresas em ação, era impossível desiludir. É tempo de, com um olhar mais frio, analisar cada equipa em competição e perspetivar os confrontos que vão ficar até fevereiro a marinar.

    Nestes quatro meses teremos Mundial, transferências de inverno, mudanças no comando técnico e momentos de forma diferentes, pelo que será impossível as análises não alterarem até lá. Ao dia de hoje, são estas as perspetivas dos confrontos que prometem parar o mundo.

     

    RB Leipzig vs Manchester City FC

    Leipzig: A classificação foi deixada para a última jornada, mas garantida com goleada. O Leipzig de Marco Rose vive muito pela capacidade ofensiva e foi através desta que conseguiu garantir o apuramento, mesmo depois de perder os dois primeiros jogos na fase de grupos. Depois de um início de época turbulento, a equipa encontra-se numa sequência de 11 jogos sem perder (apenas dois empates). A frota ofensiva – Nkunku, Werner, André Silva, Olmo, Forsberg, Poulsen, Szoboszlai – mete medo a qualquer defesa. Impulsionados pela segurança de Gvardiol, pelo cruzamento de Raum, pela fiabilidade de Kampl ou pelo transporte de bola de Laimer os touros vivem um momento enérgico. Resta saber se continuarão a ter asas para voar.

    Manchester City: Guardiola montou um eterno candidato à Champions que passeou na fase de grupos. A palavra de ordem no grupo G foi gestão, mas a eliminar a conversa deverá ser outra. É um Manchester City mais evoluído e completo a cada ano que passa. Cancelo cimentou o lugar como um dos melhores jogadores do mundo e Akanji e Aké acrescentam qualidade ao nível da condução e do passe. No miolo há “só” Rodri, Gundogan e Bernardo Silva. Mais para a frente há dois destaques notórios que fazem a principal sinergia do futebol atual: Kevin de Bruyne e Haaland. O belga ocupa a meia direita (os movimentos nas costas do extremo, principalmente Foden, são de mestre) e tem uma batida na bola invejável. Haaland é um robô programado para colocar todas as bolas da baliza e promete bater todos os recordes, mesmo os inquebráveis. Isto, sem esquecer a capacidade física para jogar como referência e a potência para ganhar bolas em campo aberto. Com um onze de luxo e um banco que poderia ser o onze de qualquer equipa de topo, Guardiola tem todos os argumentos para triunfar. Só uma questão se impõe: este ano é que é?

    O confronto: O duelo entre Leipzig e Manchester City personifica o futebol moderno, opondo um clube-empresa a um clube financiado por um Estado autocrata. Focando no que se passa entre as quatro linhas, é difícil de imaginar um desfecho que não passe pelo apuramento do Manchester City, que é mesmo o único crónico candidato com tarefa “facilitada” (entre muitas aspas, naturalmente). Será uma boa oportunidade para ver Haaland e De Bruyne de volta à Alemanha e para ver como se comportam jogadores como Gvardiol ou Nkunku perante um dos adversários mais temíveis da Europa.

    Club Brugge KV vs SL Benfica

    Club Brugge: A consistência defensiva explica o apuramento. Foram apenas quatro golos sofridos – os quatro no mesmo jogo – em seis jogos, numa campanha que surpreendeu todos os adeptos de futebol. A organização defensiva é claramente o ponto forte dos belgas, mas a brutalidade das exibições de Mignolet também ajudam a explicar a quantidade de clean sheets do Brugge nesta edição da Champions. A surpresa é explicada também pelo talento capaz de resolver na frente: Jutglà, Skov Olsen, Sowah e Lang são nomes para manter debaixo de olho. O desafio é mesmo continuar a surpreender.

    Benfica: 2022 é o ano da melhor fase de grupos da história do Benfica na Champions League. Dois empates contra o todo e poderoso PSG, duas vitórias contra a Velha Senhora adormecida e outras duas contra o Macabbi Haifa. A goleada em Israel e o golo do renovado João Mário já para lá dos 90 permitiu ao Benfica surpreender meia Europa e garantir o primeiro lugar do grupo. Roger Schmidt deu identidade ao Benfica que precisou de um alemão para recuperar a identidade. Com uma proposta de pressão alta a procurar sufocar o adversário e com apontamentos interessantes com bola, principalmente contra equipas que procuram pressionar, mas deixem espaços, o Benfica tem feito um dos melhores arranques de temporada de que há memória – mentalmente está inabalável. António Silva agarrou o lugar, Grimaldo e João Mário à esquerda falam a mesma língua, Enzo e Florentino complementam-se e à frente Neres e Rafa desequilibram através do drible e da condução a alta velocidade. O Benfica resgatou o sorriso e a confiança dos adeptos e a Luz, outrora carregada de semblantes carregados recuperou a alegria e a felicidade.

    O confronto: O Brugge regressa a Portugal, onde foi feliz esta temporada, mas não há surpresa que retire o favoritismo do Benfica (o golo de João Mário contra o Macabbi Haifa ganha todo um novo significado depois do sorteio favorável). Embora favorito, o Benfica terá de ter muita cautela. O Brugge está confortável a defender mais atrás e os encarnados não têm tido tarefa fácil em desmontar defesas coesas (os encontros com o Casa Pia ou o Caldas são exemplo disso). O espaço nas costas dos médios encarnados tem sido cada vez mais bem protegido, mas há Vanaken a lançar os extremos virtuosos suportados a ter em conta. Resolver o jogo nos períodos de posse para evitar surpresas em transição será chave.

    Liverpool FC vs Real Madrid CF


    Liverpool: Tal como nas mais belas relações de amor, Jurgen Klopp está a atravessar a crise dos sete anos. O alemão que recuperou o Liverpool e levou o clube da cidade de volta ao topo vive uma temporada difícil, principalmente nas competições internas (na Champions League foi segundo com 15 pontos). Podemos falar do sub-rendimento de Arnold e de Van Djik, da diferença abismal que Thiago – as lesões são um dos capítulos mais negros da história deste desporto – faz no jogo do Liverpool, das dificuldades de Salah apresentar regularidade exibicional (principalmente quando colocado em posições mais centrais) ou da ausência de substituto para Mané, já que Darwin tem características muito diferentes. São muitos os pontos que explicam a má fase dos reds. Ainda assim, continuamos a falar de uma das melhores equipas do mundo, de uma equipa com jogadores autossuficientes e capazes de resolver qualquer jogo, e de um dos melhores treinadores do mundo. Se hoje olhamos para um Liverpool negro, daqui a quatro meses podemos estar de novo a olhar para um Liverpool brilhante.

    Real Madrid: “Avião sem asa, Real Madrid sem Champions. Sou eu assim sem você”. Não fosse a métrica alterada e a ausência de rima e ninguém estranharia as mudanças na letra da mítica canção de Adriana Calcanhotto. Nenhum outro clube tem a dimensão europeia dos merengues e, não fosse a memória faltar, a última temporada mostrou porquê. Eliminatórias frenéticas, muitas vezes dadas como perdidas, contra os maiores tubarões do futebol europeu com o mesmo resultado: ganhou sempre o Real Madrid. Ancelotti criou uma equipa de culto e cimentou o seu lugar como um dos treinadores mais vitoriosos da história. Não é um revolucionário tático, mas a capacidade de gerir um balneário apresenta-se como uma virtude importantíssima e nesse aspeto Ancelotti é, de facto, um génio. Consegue conjugar de forma perfeita e dar liberdade em campo a craques consolidados como Benzema, Modric e Kross e a meninos que já cimentaram o lugar no patamar dos craques, como Vinícius Júnior. Tchouaméni assentou como uma luva no onze e oferece mais garantias na construção que Casemiro, Rodrygo insiste em fazer da Champions o parque onde brinca e Valverde tem feito uma temporada ao nível dos melhores. Quer partindo da direita como falso extremo, quer no meio, oferece garantias defensivas, pulmão para fazer as coberturas ao lateral e agressividade com bola na condução em velocidade. Estão a nascer novas estrelas numa constelação chamada Real Madrid.

    O confronto: Liverpool vs Real Madrid é confronto de final da Champions League – e a reedição da final do ano passado. Um dos principais candidatos ficará necessariamente pelo caminho, naquele que é um dos confrontos mais mediáticos desta fase da competição. Sobre o jogo há mais dúvidas do que certezas. Quem procurará assumir as despesas do jogo? Qual o momento dos reds em fevereiro? Qual o nível defensivo de Arnold no confronto com Vinícius? Qual a frente de ataque – e que indícios dará esta – do Liverpool? Conseguirá Thiago, se apto fisicamente, guardar a bola de Modric e Kross? Tudo dúvidas para serem respondidas em quatro meses. O pior deste confronto é mesmo a espera.

    AC Milan vs Tottenham Hotspur FC

    Milan: Não há grandes mudanças do Milan de uma temporada para a outra, mas não foi tarefa fácil para o Milan garantir o apuramento (muito mérito tanto do RB Salzburgo como do Dínamo de Zagreb). A ausência de Maignan por lesão já não deverá fazer mossa em fevereiro e o Milan tem uma equipa que, embora algo assimétrica, pode sonhar. Kalulu e Tomori constituem uma das duplas de centrais mais subvalorizadas na Europa, quer pela capacidade de sair a jogar, quer pela velocidade que permite defender longe da baliza e são acompanhados à esquerda por Theo Hernandez, um dos melhores laterais do mundo. Bennacer garante saídas limpas, Giroud é uma referência com muita capacidade para usar os més e o Milan baila a dança de Leão. O português joga descaído na esquerda e é um fenómeno capaz de decidir jogos e eliminatórias.

    Tottenham: O golo de Hojbjerg em Marselha já nos descontos garantiu o primeiro lugar de um grupo que não foi pêra doce para Conte e os seus discípulos. O grupo D prometia equilíbrio e, embora o Tottenham teoricamente partisse com ligeira vantagem na luta pelo apuramento, teve de suar – e muito – para garantir presença noa oitavos. Não foi um Tottenham sempre dominante, muitas vezes teve até dificuldade em alterar o rumo das partidas e em assumir o controlo do jogo. Assente num sistema com três centrais e com alas que, embora sejam o ponto débil da equipa (nem Sessegnon nem Emerson Royal oferecem garantias sólidas), oferecem muita projeção, a principal novidade esteve no meio-campo. Habitualmente com dois jogadores, os Spurs pareceram sempre mais confortáveis (tanto na Champions como em encontros mais difíceis na Premier) com um meio-campo a três. Quando Bissouma esteve em campo, Hojbjerg e Bentancur ganharam liberdade e confiança para ter bola e se projetarem com ela e, defensivamente, a equipa esteve mais acautelada em campo. Embora algo intermitente, o Tottenham tem qualidade e Conte, já se sabe, é um dos mais fortes estrategas no mundo.

    O confronto: Conte regressa a Itália para defrontar um Milan que, com Pioli, atingiu uma regularidade há uns anos inimaginável. Um dos pontos fortes do jogo estará na forma como o meio-campo do Tottenham será capaz de anular a influência de Bennacer e de Tonalli no jogo do Milan (Hernandez por dentro pode ser uma das soluções). Os encaixes dos alas do Tottenham, principalmente do ala direito, também são uma das curiosidades, pois deixar Rafael Leão com oportunidade para acelerar poderá ser mortífero. Kane em apoio pode confundir marcações e gerar vantagens no meio.

    Eintracht Frankfurt vs SSC Napoli

    Eintracht Frankfurt: O carrasco leonino dá pelo nome de Eintracht Frankfurt, que, pela massa adepta fervorosa promete trazer espetáculo a qualquer palco. Se o ambiente proporcionado pelos adeptos é um fator a ter em conta, dentro de campo a máquina de Glasner parece cada vez mais carburada. A equipa alemã estrutura-se num 5-3-2 que coloca os jogadores confortáveis. Centrais exteriores com capacidade de condução e de projeção, alas que ocupam o corredor e extremos, muitas vezes por dentro. Kamada desequilibra no passe, Gotze é mais uma referência técnica por dentro, Lindstrom tem golo e Kolo Muani – um dos nomes em destaque na temporada europeia – é uma ameaça pela agressividade dos movimentos de rutura. Depois de conquistar a Liga Europa, o patamar subiu, mas a esperança move o sonho do Eintracht.

    Napoli: Qualquer palavra parecerá insuficiente para adjetivar o jogo do Nápoles. Spalletti esteve dois anos voluntariamente fora do mundo do futebol, e voltou de ares renovados. Se o ano passado o Nápoles já era atração, este ano reforçou esse estatuto e há mesmo quem considere os napolitanos a melhor equipa da Europa. As saídas de históricos foram compensadas de forma perfeita e, sem Koulibaly, Mertens ou Insigne – maior figura do passado recente do clube – coube a jogadores como Kim Min-jae, Raspadori e Kvaratskhelia assumirem o protagonismo (sem esquecer Lobotka, Anguissa, Zielinski, entre outros). Khvicha Kvaratskhelia, outrora o georgiano com nome impronunciável, tem sido dos melhores do mundo e o nome de Kvaradona, com o qual é carinhosamente tratado, mostra o clima que se vive e sente na cidade de Nápoles. Remeteu o Liverpool para o segundo lugar e neste momento, só deixa uma pergunta no ar: quem será capaz de travar o Nápoles?

    O confronto: O sonho do Nápoles continua mais real que nunca. Não que o Frankfurt seja um adversário acessível – antes pelo contrário –, mas porque tendo em conta as possibilidades, o sorteio sorriu aos azuis do sul de Itália. A liberdade dada aos jogadores do Nápoles para de deslocarem pelo campo e para se acumularem perto da bola poderá manipular as marcações tendencialmente individuais do Eintracht. Os centrais exteriores poderão ser a armadilha do Frankfurt: defensivamente é importante que façam as coberturas aos alas e ofensivamente podem ser o trunfo alemão, projetando-se e oferecendo uma linha de passe adicional.

    BV Borussia Dortmund vs Chelsea FC

    Borussia Dortmund: Os anos passam e a única certeza que o Dortmund oferece é que não há qualquer garantia de certezas. Porém, nunca em termos de nomes houve tanta qualidade em tantas posições. A caixinha de surpresas superou os grupos com facilidade e há muitos motivos para Terzic sorrir. Kobel, apesar de alguns erros dá garantias, Hummels passou a ter a companhia de Schlotterbeck e de Sule e Guerreiro bem fisicamente oferece um nível competitivo muito alto. Bellingham é a estrela da companhia e, entre os muitos nomes de qualidade para as posições da frente, é impossível não falar em Brandt. O alemão é desequilibrador pelo acerto nas ações e um dos nomes por vezes esquecidos ao falar no Dortmund.

    Chelsea: Do inferno, o Chelsea subiu para o purgatório. Saiu Tuchel após a derrota contra o Dínamo Zagreb no primeiro jogo da fase de grupos e chegou o também entusiasmante Graham Potter. A estrutura tática não mudou, e embora tenha garantido com relativa tranquilidade o apuramento, o Chelsea ainda não é uma equipa que ofereça total confiança. Há essencialmente uma dúvida no Chelsea de Potter: será um Chelsea que, muitas vezes entrega a iniciativa ao adversário confiando num trabalho sem bola ainda longe do nível desejado, ou Potter assumirá a varinha e o jogo. A pausa pode ser importante para responder. A principal novidade foi o regresso triunfante de Kepa (entretanto lesionado) ao onze. Com jogadores como Koulibaly, Reece James, Jorginho, Mount e Havertz, Graham Potter, habituado a transformar pedra em diamante, tem material humano para um trabalho entusiasmante. Se assim o fizer, o Chelsea ultrapassará com sucesso o purgatório e chegará ao paraíso.

    O confronto: Tem todos os ingredientes para ser interessante, numa eliminatória que promete golos. Aubameyang e Pulisic regressam ao Signal Iduna Park e Bellingham terá a oportunidade de se mostrar em solo inglês. A consistência defensiva do Dortmund será verdadeiramente testada e qualquer erro poderá ser fatal. Jorginho e Kovacic, se não forem bem condicionados, podem facilmente desequilibrar. Do outro lado há expectativa para ver se Haller – já voltou a treinar – será opção. Pode funcionar como opção direta capaz de ser intermediário nas transições e de ser referência de cabeça.

    FC Internazionale de Milão vs FC Porto

    Inter de Milão: Mesmo deixando o Barcelona de fora, o Inter de Milão é uma das desilusões da temporada europeia, um pouco por culpa da última temporada. As exibições em 2021/2022 deixavam água na boca para o que aí vinha, mas a qualidade exibicional não tem sido replicada. Se nos anos anteriores a competitividade interna não era replicada pelo Velho Continente, a tendência por agora alterou-se, com o Inter a patinar em território transalpino, mas a garantir resultados na Champions League. A enorme variabilidade usada para superar pressões já não é tão constante e Lukaku não teve ainda o impacto esperado, também por culpa das lesões. Ainda assim, há nomes como Bastoni, Barella ou Lautaro Martínez a ter em conta.

    FC Porto: O início da fase de grupos do Porto foi tenebroso. Duas derrotas incluindo uma goleada caseira sofrida com o Brugge faziam soar os alarmes no Dragão. Até que, o dragão se fez fénix, renasceu das cinzas, garantiu o apuramento e ainda foi a tempo de carimbar o primeiro lugar do grupo. Sérgio Conceição tem de ser destaque: época após época assume-se como um estrategista dos maiores palcos e, apesar das constantes saídas de jogadores vitais (ainda se nota a ausência de Vitinha e de Fábio Vieira), tem conseguido arranjar maneira de se readaptar e de não perder competitividade. Além do timoneiro, três jogadores foram fundamentais na fase de grupos. Diogo Costa é destaque pelo jogo de pés capaz de colmatar as dificuldades dos centrais neste quesito e de lançar transições. Entre os postes garante pontos, tanto em lances de bola corrida como em grandes penalidades (defendeu três na fase de grupos). Otávio é a referência técnica do meio-campo (especialmente com a adaptação de Pepê à lateral direita), pela leitura de jogo e capacidade de execução. Os estereótipos do jogador raçudo, não sendo totalmente incorretos, são limitados, tamanha é a beleza do jogo cada vez que Otávio perfuma a bola. O terceiro jogador não poderia não ser Taremi. O iraniano é muito mais que um ponta de lança. Vem pedir bola atrás, ocupa os espaços com mestria e tem uma qualidade nas ações ao nível de poucos. O refino técnico permite-lhe jogar – muito e bem – longe da baliza, mas também fez a diferença quando a teve à frente: foram cinco os golos que marcou até agora.

    O confronto: sem meias palavras é, taticamente, o confronto mais espetacular dos oitavos de final. Sérgio Conceição tem-se revelado muito capaz frente a equipas italianas, e o menor reportório do Inter na saída pode virar calcanhar de Aquiles perante a pressão montada pelo Porto. Num jogo de xadrez onde o posicionamento de cada peça terá impacto na partida, o estrategista Conceição pode sobressair. Galeno nas costas de Dumfries – ofensivamente pela capacidade física de se projetar é arma, mas defensivamente (e tecnicamente) tem lacunas gritantes – pode ser uma das armas a usar. Se Lukaku regressar ao bom nível, a dupla com Lautaro pode causar estragos (Pepe está condicionado e David Carmo e Fábio Cardoso além de não serem muito rápidos acumulam infantilidades).

    Paris Saint-Germain FC vs FC Bayern de Munique

    PSG: Não foi por falta de qualidade que o PSG ficou em segundo lugar no grupo. Invictos até agora na temporada, os parisienses são candidatos à vitória. Galtier conseguiu conjugar Mbappé, Neymar e Messi e deixou os três astros brilhar. O primeiro passo para o sucesso foi alcançado a partir desse momento. Com uma linha de três atrás, com a irreverência de Nuno Mendes e Hakimi nas alas e com a capacidade de ter bola de Verrati e Vitinha, não há muitas equipas no mundo que se possam orgulhar de ter tamanha qualidade. O golo do Benfica nos descontos relegou o PSG para o segundo lugar no grupo.

    Bayern de Munique: Invicto há quatro fases de grupos. Este ano foram seis jogos e seis vitórias naquele que foi apelidado por muitos como o grupo da morte. Nagelsmann herdou uma máquina que, embora não seja indestrutível, quando oleada é praticamente imparável. Sem Lewandowski e numa estrutura tática muitas vezes em 4-4-2 com dois avançados centro móveis, o Bayern encontrou o seu lugar. Mané chegou para se juntar a talentos como Sané – o melhor dos bávaros na fase de grupos – Gnabry, Coman ou Musiala. O menino com apenas 19 anos pegou de estaca no 11 do Bayern e, com as devidas distâncias, tem-se afirmado como uma versão de Muller mais requintada tecnicamente. Com Kimmich como maestro, a orquestra de Munique bailou na fase de grupos. Resta saber se, a eliminar, os músicos não vão desafinar.

    O confronto: Curioso como o PSG, que perdeu a final da Champions League contra o Bayern no Estádio da Luz, reencontra os bávaros por culpa… do Benfica. Roteiros de cinema como este tornam este desporto tão bonito. Enfrentam-se duas hegemonias nacionais no confronto que, a par do Liverpool vs Real Madrid, concentra maior quantidade de holofotes. Verratti e Kimmich disputam a batuta, Mbappé e Coman a pista de velocidade. A linha defensiva dos bávaros tem sido algo instável, o que pode ser fatal contra o poderio parisiense. Hakimi e Mazraoui não são os jogadores mais badalados, mas a diferença brutal de estilo nos dois laterais direitos marroquinos também é ponto de interesse.

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