Força da Tática | Marcar, cair e acabar em grande: o apuramento de Portugal

À segunda partida de Portugal no Campeonato do Mundo aconteceu o que tantos temeram: dois médios de características mais defensivas no 11. Rúben Neves repetiu titularidade e desta feita foi William – ‘8’ para Fernando Santos – a ocupar a vaga deixada pelo lesionado Otávio.

A julgar pelas características adversárias, e sobretudo pela capacidade de condução de Bentancour e Valverde, esta medida pode ser interpretada como preventiva.

William aproveitou-se das indicações positivas que deixou frente ao Gana e voltou a ser dos mais esclarecidos no meio-campo português no decorrer da primeira parte – Repartiu com Neves a responsabilidade de ligar jogo em fase de construção. Já o médio do Wolves muitas vezes baixou para o meio dos centrais para ganhar superioridade face à insípida pressão uruguaia.

Portugal x Uruguai 1

O Uruguai com as linhas baixas, e mesmo assim uma equipa portuguesa com pouco critério para chegar à frente, com muitas bolas despachadas pela linha defensiva. De notar ainda, nesta primeira fase do jogo, o posicionamento de Portugal na construção adversária. Colocação de vários elementos altos no campo e Rochet obrigado a bater na frente. Aí, Pepe e Rúben Dias ganhavam quase todas as primeiras bolas.

Portugal x Uruguai 4

Na primeira parte, jogo morno, Portugal com mais bola, mas a melhor oportunidade a pertencer ao Uruguai- brilhante a defesa de Diogo Costa. Fora da baliza foi Nuno Mendes com claro sinal mais até sair lesionado. Impressionante a capacidade atlética do lateral do PSG.

O intervalo chegou, o jogo pedia Leão por Rúben Neves, mas entraram os mesmos 11 para a segunda parte. A verdade é que o que parecia ser uma continuação da primeira parte mudou com um momento brilhante de Bruno Fernandes, que ao tentar cruzar acaba por colocar a bola na baliza. O golo é acidental, o passe seria tremendo.

De notar a forma como Bruno recebe na zona onde mais perigo causa aos adversários, no half-space, e mesmo contra uma defesa em superioridade numérica 4×1 e bem posicionada, consegue colocar a bola quase ao alcance de Cristiano Ronaldo.

Portugal em vantagem e vieram as substituições. Rafael Leão entrou para o lugar de Rúben Neves, com a substituição a não ter o efeito desejado pelo selecionador. Quase simultaneamente, entraram Maxi Gomez e Suárez no Uruguai, momento em que pareceu faltar um tampão defensivo à nossa seleção. Nessa fase, o poste e a má definição de Arrascaeta evitaram o empate. Uruguai a crescer no jogo e com espaço para jogar nas costas do meio campo luso.

Mais tarde, segunda ronda de substituições. Saíram Ronaldo Félix e William, entraram Matheus Nunes, Ramos e Palhinha. Coincidentemente, a melhor fase da seleção das quinas no jogo. Palhinha estancou a ferida aberta, Matheus transportou quando teve de o fazer, e Gonçalo Ramos segurou bola na frente. O contexto ajudou, mas a verdade é que as mexidas pareceram ter um efeito em Bruno Fernandes, que assumiu a batuta, marcou de pénalti, e ainda teve mais duas boas ocasiões para chegar ao Hattrick.

Apuramento conseguido com o pragmatismo que nos deu o Euro, num jogo com três momentos distintos. Ganhou o melhor conjunto, mas é possível melhorar não só na agressividade com bola em meio-campo ofensivo, como também no risco das ações em meio-campo defensivo. É necessário melhorar o nível, mas a equipa de Fernando Santos parece a engrenar para as fases mais adiantadas da prova.

Afonso Cabral
Afonso Cabralhttp://www.bolanarede.pt
O Afonso Cabral é comentador do Bola na Rede TV e participa na rubrica "Força da Tática" do Bola na Rede. É co-responsável do departamento de análise do G.D.Estoril Praia e treinador da UEFA nível C.

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