UFC Fight Night: Bigfoot vs Mir – Quantas vidas tem Mir?

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Bastaram 10 golpes, desferidos em 1 minuto e 40 segundos, para que Mir mostrasse a tudo e a todos o porquê de ser um dos grandes pesos pesados da história da UFC, o porquê de ser uma referência no desporto eo porquê de ter sido ridículo sequer duvidarem dele.

UFC Fight Night: Bigfoot vs Mir”, em Porto Alegre, no Brasil, foi, de facto, uma noite de surpresas, onde todos (!) aqueles considerados underdogs venceram. A primeira luta do cartaz principal, entre Sean Strickland e Santiago Ponzinibbio, prometia… Mas para o lado do primeiro. Strickland, agora com um recorde de 15 vitórias e 1 derrota, estava, na altura, invicto. Entrou como grande favorito e uma das maiores promessas da categoria de peso Meio-Médio, estatuto a que não conseguiu corresponder dentro do octógono. Ponzinibbio dominou a luta com a sua agressividade no ataque, encurtando os espaços para que Strickland não pudesse usar a sua vantagem de envergadura. Este último mostrou ter um queixo duro, resistindo a dois fortíssimos pontapés e variadas sequências de Ponzinibbio, mas pouco mais. A luta foi bastante unidireccional e estava claro, passadas as 3 rondas, de que o vencedor seria Santiago Ponzinibbio (21- 2) como aconteceu, via decisão unânime.

A segunda luta da noite (madrugada, em Portugal) teve como protagonistas Iuri Alcantara e Frankie Saenz, na categoria de Bantamweight. O recorde de lutas de Iuri Alcantara sozinho impunha respeito, com 31 vitórias para apenas 5 derrotas e 1 sem resultado, versus as 9 vitórias e 2 derrotas de Saenz. O combate que sucedeu foi totalmente contra a maré. O pedigree de Alcantara nunca se mostrou, nem mesmo quando a luta ia para o chão, onde este poderia usar o seu Jiu-Jitsu, num combate com ritmo baixo e do qual Saenz nunca perdeu o controlo. O bom uso de wrestling e, no geral, melhor abilidade de striking valeram a Saenz a vitória no final das 3 rondas, por unanimidade.

O regresso de Rustam Khabilov, após a derrota contra Benson Henderson a Junho de 2014, era um dos momentos mais esperados da noite. O russo, número 14 do ranking de peso Leve, é uma das maiores promessas da UFC e esperava, certamente, confirmá-lo contra Adriano Martins. Após uma primeira ronda muito táctica, de estudo mútuo, com destaque apenas para uma entrada nas pernas por parte de Adriano, seria de esperar que a luta aumentasse de ritmo, algo que nunca aconteceu. Khabilov até esteve por cima na segunda ronda, mas nem remotamente mostrou a mesma qualidade de outros tempos, em que chegou mesmo a ser apontado como possível candidato ao título. Adriano Martins conseguiu inúmeras quedas face a Khabilov, algo que muito provavelmente lhe valeu a vitória por decisão (2 rondas para 1), numa luta insonsa e que quebrou o andamento do evento.
Uma das maiores surpresas da noite veio em forma de Sam Alvey, que, aos 3 minutos e 34 segundos da primeira ronda, desferiu um K.O limpo, com uma sequência de esquerda-direita, ao vencedor do primeiro The Ultimate Fighter Brasil, Cezar Ferreira, quando ainda não tinha feito nada significativo na batalha. Uma noite feliz para o americano.

A derrota de Rustam Khabilov (na foto) afasta-o do estatuto de promessa e de um combate pelo título que em tempos esteve perto Fonte: Getty Images
A derrota de Rustam Khabilov (na foto) afasta-o do estatuto de promessa e de um combate pelo título que em tempos esteve perto
Fonte: Getty Images

Com este desfecho a noite estava novamente ao rubro, à medida que se entrava na penúltima luta do evento. Edson Barboza e Michael Johnson teriam, certamente, a melhor luta da noite, não tivesse Frank Mir surpreendido. Ambos entraram agressivos, trocando socos e pontapés fortes. Johnson fez um trabalho incrível a encurtar os espaços, constantemente correndo para cima Edson, impedindo-o de usar o seu Muay Thai. O ritmo imposto por Johnson era frenético, sufocante. Barboza ocasionalmente tirava um pontapé da cartola, geralmente respondido por strikes absolutamente furiosos do americano, que dominou, contra as expectativas, do início ao fim. Venceu por decisão unânime e estendeu a sua sequência de vitórias para 4, aproveitando no final para desafiar Benson Henderson para um combate que, se se suceder, promete ser melhor do que este.

Findado o duelo entre Barboza e Johnson, estava na altura de se ver os cabeças do Evento Principal, António “Bigfoot” Silva e Frank Mir, lutarem pela sua sobrevivência. Ambos atravessavam uma série de combates sem ganhar: Mir, apesar de ter lutado contra grandes nomes dos pesos Pesados, não ganhava desde 2012, tendo uma série de 4 derrotas; Silva não vencia desde 2013, com um empate vs Mark Hunt pelo meio. Ambos já tinham passado o auge das suas carreiras, ambos queriam mostrar que ainda tinham valor. A realidade é que, se alguém era suposto perder, esse alguém era Frank Mir. Está no desporto desde 2001, tendo uma carreira longa, que esteve perto de acabar após um acidente de mota, o qual o deixou de fora do octógono desde 2004 a 2006, tendo de entregar o título de campeão no processo. Todos pensaram que Mir perderia contra um António Silva que, enquanto número 8 do ranking, ainda tinha muito mais para dar. Perderia e abandonaria o desporto, certamente.

Mir, com um gancho e diversas cotoveladas, facilmente quebrou "Bigfoot", que não teve tempo para corresponder ao nome Fonte: UFC
Mir, com um gancho e diversas cotoveladas, facilmente quebrou “Bigfoot“, que não teve tempo para corresponder ao nome
Fonte: Getty Images

Precisamente o contrário aconteceu. Mir quebrou “Bigfoot” com um gancho de esquerda, finalizando o trabalho com múltiplas cotoveladas na face. Em 100 segundos Mir renasceu das cinzas, como já o havia feito anteriormente na sua carreira, e inverteu os papéis – questões levantam-se acerca do futuro de Silva na UFC.

Apenas Mir saberá se sairá numa nota alta ou se procurará mais sucesso no octógono. Uma coisa, no entanto, é certa: cimentou o seu legado enquanto lutador de forma esplêndida e veemente e mostrou que ninguém tem o direito de lhe declarar o fim senão ele próprio. Sê bem-vindo de volta.

Resultados do cartaz principal:

Frank Mir derrotou António “Bigfoot” Silva via knockout na primeira ronda (1:40)
Michael Johnson derrotou Edson Barboza via decisão unânime (29-28, 30-27, 30-27)
Sam Alvey derrotou Cezar Ferreira via knockout na primeira ronda (3:34)
Adriano Martins derrotou Rustam Khabilov via decisão dividida (29-28, 28-29, 29-28)
Frankie Saenz derrotou Iuri Alcantara via decisão unânime (30-27, 30-27, 29-28)
Santiago Ponzinibbio derrotou Sean Strickland via decisão unânime (30-27, 30-27, 30-27)

Foto de Capa: Getty Images

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Entusiasta de MMA e futebol, o Gonçalo apoia fervorosamente o Benfica e a ideia de que desportos de combate não são apenas socos e pontapés.                                                                                                                                                 O Gonçalo não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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