
Quis o calendário que à penúltima jornada da Liga, se encontrassem Sporting CP e SL Benfica, eternos rivais separados por 13 pontos e duas equipas ainda com a posição na tabela classificativa por resolver.
O Sporting entrou avassalador, dominador e normal, normal porque é assim que joga contra equipas de igual valor. O Benfica entrou a querer ser mais maduro, mas tudo não passou numa sensação, tal não foi a pouca assertividade, impetuosidade e criatividade dos jogadores do Benfica.
Durante a 1.ª parte viu-se um jogo, quase, de sentido único, com o Sporting a ganhar inúmeras vezes a bola a João Neves e Chiquinho. A equipa da casa estudou bem as saídas do Benfica a partir do guarda-redes, e coloca Edwards e Pote a jogar em parelha com Morita e Ugarte no “fechar do meio-campo” do Benfica. Este facto daria duas conclusões: 1 – Perdas de bola no corredor central; 2 – Bolas longas para Gonçalo Ramos, Rafa ou Neres, onde o tridente defensivo, quase sempre com supremacia, controlava e ganhava os lances.
Com o desenrolar do jogo, a única coisa nova que a equipa visitante mostrava era um livre indireto, bem desenhado e executado, algo que nestes derbies, costumam fazer a diferença. Mas nada de mais.
O Sporting fiel aos seus princípios ofensivos, era à largura que controlava o seu jogo ofensivo, ora Nuno Santos, Morita e Pote, ora Esgaio, Edwards e Ugarte. A juntar a isto, creio que se juntou mais um jogo mediano de António Silva, que não demonstrou, uma vez mais, a impetuosidade que lhe é característica.
O lance do golo de Trincão foi um dos exemplos disso mesmo. Com exceção do lance de Rafa, o Benfica vivia de tentativas de ataques rápidos que facilmente eram bloqueados pelas coberturas e contenções próximas dos jogadores da casa, que impediam o avanço no terreno dos jogadores benfiquistas.

Ao Intervalo, sabe-se agora, houve uma conversa, normal entre treinador e jogadores do Benfica, mas percebe-se também, que teve um efeito diferente do que normalmente tem tido.
Sentiu-se, ou pelo menos senti, que a mensagem passada teve, efetivamente um qualquer resultado na atitude e mentalidade dos jogadores do Benfica. Schmidt, também “inovou”, perdoem-me a ironia, quando decide tirar do jogo João Mário, Rafa e Gonçalo Ramos.
Essa tripla alteração teve a vantagem de ser certeira não só pelos jogadores que saíram, pelos que entraram, e por ter sido o treinador Benfiquista o primeiro a mexer no jogo. A equipa da casa, embora tivesse duas situações para marcar na 2.ª parte, foi a equipa visitante que empurrou a equipa da casa para trás. À verticalidade dos jogadores do Sporting, respondeu a verticalidade de Aursnes.

Neres fez um jogo apagado e Bah ainda a voltar de lesão, tentou dar também ele mesmo, essa verticalidade. O jogo mudou e as alterações de Ruben Amorim, não trouxeram o que Ruben Amorim necessitaria no jogo coletivo. Na reta final, precisava-se de maturidade e inteligência, mas o que se viu, foi inexperiência e poucas rotinas. A saída de Morita, foi no meu entender, fatal, para o desmoronar do castelo. Justiça feita no resultado, embora ela não exista no futebol, se bem que por um caminho que deixa muitas dúvidas.
Uma jornada a faltar, e quase tudo a ficar definido. Vamos ver se ainda restarão surpresas.
Análise da autoria de Paulo Robles.