Projeto Textor | Um flop ou uma maré de azar?

Desde os anos 90 a investir no ramo tecnológico e com muito sucesso, o magnata John Textor viu no futebol, um mercado atrativo e onde podia jogar todas as suas cartas e, desta forma começou a sua aventura pelo “desporto-rei”, em 2021.

Há cerca de dois anos o empresário norte-americano, através da sua empresa a Eagle Football que tem como objetivo financiar clubes de primeira liga, investiu no Crystal Palace Football Club e deteu, naquele ano, 18% do clube inglês por 87,5 milhões de libras, começando desde aí um leque de investimentos espalhados pelo mundo. Neste momento esta percentagem já está em 46%, logo apesar de não maioritário tem um papel importantíssimo nas ações do clube britânico.

Até ao momento, é detentor do clube inglês em cima relatado, o RWD Molenbeek, da cidade de Bruxelas que está a disputar a primeira divisão belga, o Olympique Lyonnais, de França, onde adquiriu 77,49%, por 800 milhões de euros e o Botafogo FR, clube que detém 90% e desembolsou aproximadamente, 74 milhões de euros. Sem esquecer do modesto FC Florida que não é uma equipa profissional.

Olhando para os investimentos feitos por John Textor e os clubes envolvidos, principalmente o Botafogo, Lyon e Crystal Palace a inteligência do empresário está à vista, pois são instituições que têm uma grande história, mas o futebol, em campo, não é regido pelos milhões e isso tem sido bem visível nestes três projetos. Não irei abordar a situação atual do RWD Molenbeek, pois estão a disputar, neste momento, a primeira divisão belga após, na época transata terem disputado o segunda maior escalão do futebol da Bélgica e acaba por ser natural os resultados menos bons.

Serão estes projetos de Textor um flop ou apenas uma maré de azar?

Claramente que até ao momento, a meu ver, são um flop e a perspetiva é que continuem a ser por mais uns meses.

No Crystal Palace, em meados de 2021 quando a equipa passava por uma crise financeira e desportiva a entrada de John Textor parecia ser o que faltava para alavancar a equipa, mas não aconteceu. Até ao momento, por quatro vezes a equipa mudou de treinador e apesar dos mercados onde as “injeções” de dinheiro se sucediam, os resultados não sentiram esse fator. A qualidade do plantel é visível com nomes como Rob Holding, ex-Arsenal, Eberechi Eze, médio criativo com uma capacidade técnica superlativa, o brasileiro Mateus França, Michael Olise e outros tantos.

Na temporada atual, já realizaram 14 jogos, nos quais venceram cinco, empataram três e perderam seis, estando na 13.ª posição da Liga Inglesa e perante estes resultados as dúvidas pairam em Croydon.

Em França, a situação complica-se e as notícias vindas dos gauleses não animam. O Lyon vive um dos piores momentos da sua história. Em maio deste ano, John Textor “quebrou” uma magnífica história, de 36 anos, que até então, Jean-Michel Aulas protagonizava como presidente dos les gones.

Após na temporada passada ter ficado no humilhante, face à qualidade da equipa e a reputação, sétimo lugar os adeptos perspetivavam uma reviravolta com a entrada destes investimentos, mas o pior estava para acontecer. Atualmente, as más notícias têm sido recorrentes, desde a 18.º posição do campeonato, às várias mudanças de treinadores (quatro) e consequentemente alguns comportamentos infelizes fora de campo por parte dos seus apoiantes. De relembrar que o Lyon venceu a primeira vez na época, apenas à passagem da 11.ª jornada da Liga Francesa.

Uma das primeiras aquisições de Textor foi o Botafogo e deixei para o fim do texto, pois é a história com mais “vais e vens”. John Textor tornou-se, em 2022, o principal acionista da equipa do Rio Janeiro e atualmente, vive um torbilhão de emoções.

Podendo fazer história no clube com o título do brasileirão mais de 30 anos depois, tendo estado, a certa altura, com uma vantagem de 12 pontos do segundo lugar, chega ao fim da temporada e a faltar apenas cinco jornadas com a necessidade de vencer todos os jogos. À semelhança dos restantes projetos do norte-americano, a rotação de treinadores aconteceu com dois portugueses entre os cinco que passaram no comando do Botafogo. Falo dos portugueses, Luís Castro, Bruno Lage e os canarinhos, Lúcio Flávio, Claúdio Caçapa e o Tiago Nunes (atual).

Mas entre todos, o pior cenário ficou para o Tiago Nunes que assumiu a equipa há poucos dias e com uma missão que não será nada fácil. Vencer todos os jogos até acabar o campeonato, caso não o faça, é muito provável, e olhando para as equipas que estão na luta pelo título, que seja ultrapassado e, não por culpa própria, perder um campeonato, imperdível.

Os investimentos de John Textor vivem momentos muito conturbados, à parte do RWD Molenbeek, e comprovam que é necessário, em qualquer instituição, que haja um projeto bem delineado para que os resultados apareçam. Vários são os clubes e as ligas, ao longo da história, que apesar de terem muito dinheiro, não vingam.

O futebol é um jogo coletivo e as injeções financeiras, não causam impacto se não forem bem aplicadas.

Miguel Costa
Miguel Costa
Licenciado em Jornalismo e Comunicação, o Miguel é um apaixonado por desporto, algo que sempre esteve ligado à sua vida. Natural de Santiago do Cacém, o jornalismo desportivo é o seu grande objetivo. Tem sempre uma opinião na “ponta da língua”, nunca esquecendo a verdade desportiva. Escreve com acordo ortográfico.

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