Nova oportunidade para o estrategista Sérgio Conceição | FC Porto x Arsenal

Liga dos Campeões, Oitavos de final: quarta-feira, 21 de fevereiro, 20:00

A ANTEVISÃO: QUANDO O HINO DA CHAMPIONS LEAGUE TOCA, A MÚSICA É OUTRA

O FC Porto chega pela segunda vez consecutiva aos oitavos de final da Liga dos Campeões e tem na mente o sonho de repetir 2020/21 e carimbar o passaporte de uma das oito melhores equipas na Europa.

Apenas por uma ocasião dragões e gunners se defrontaram numa fase tão adiantada na competição. Em 2010 os dragões de Jesualdo Ferreira, Radamel Falcão e Hulk venceram a primeira mão no Dragão (2-1) diante do Arsenal do lendário Arsène Wenger, de Sol Campbell e de Tomás Rosicky. Na altura falhou a segunda mão e a goleada sofrida pelo FC Porto no Emirates Stadium – onde brilhou com um hat-trick Nicklas Bendter – acabou por eliminar os azuis e brancos da competição milionária.

Sérgio Conceição costuma gostar de colocar o hino da Liga dos Campeões como despertador matinal. Há mais exemplos, mas a forma como o FC Porto em 2021 se superiorizou à Juventus em Itália (com menos um desde os 54 minutos) ainda está bem viva na memória. Sérgio Conceição tem um lado matreiro e estrategista muito forte que consegue evidenciar em jogos em que não precisa de assumir a bola. Anula as principais referências criativas do adversário, condiciona a saída de bola desde trás e obriga a pressão a desaguar em terrenos pré-determinados pensados para sufocar.

O FC Porto atravessa um período de maior turbulência na Primeira Liga, mas na prova milionária nada disso importa. Mais do que o empate diante do Rio Ave, a derrota diante do Arouca levantou fantasmas do passado e levantou dúvidas sobre a solidez defensiva dos dragões. Depois de uma vitória tranquila sobre o Estrela da Amadora, o nível vai subir.

Ainda assim, Sérgio Conceição tem armas para ferir este Arsenal. Alan Varela e Nico González oferecem soluções com bola e a presença do espanhol no meio-campo liberta algum peso e responsabilidade das costas do médio argentino, esteio do FC Porto no momento sem bola pela inteligência no preenchimento dos espaços e pela agressividade nas transições defensivas. Terá um grande palco para brilhar.

Entre a irreverência de Francisco Conceição e a capacidade de atacar defesas em campo aberto de Wenderson Galeno o FC Porto tem dois trunfos para ferir o Arsenal. O português está mais livre em campo – com João Mário constantemente a passar por fora – e desequilibra por dentro. Já não entra só nos minutos finais e ganhou consistência nas exibições. À esquerda Wenderson Galeno tem na Liga dos Campeões o terreno fértil. Não é o jogador mais esclarecido em espaços curtos nem ao nível da decisão, mas quando tem espaço para acelerar e arrancar é letal. Já o provou nesta temporada e, se o Arsenal o permitir, voltará a fazê-lo.

Do lado do FC Porto é preciso também falar individualmente de outros nomes. Diogo Costa, não só pela agilidade na baliza, mas também pela qualidade na distribuição, fundamental também no passe longo que bate a pressão. Otávio Ataíde pode repetir a titularidade. Nota-se ainda alguma instabilidade nas ações defensivas – muitas vezes vai à queima e falha a interceptação – mas dá outras garantias numa linha mais subida e na construção do FC Porto. Evanilson, que já foi associado ao Arsenal, também é para ter debaixo de olho. Mostrou nas últimas semanas que não se restringe às ações na área e que também é muito capaz de contribuir em apoio.

Do lado do Arsenal há mais certezas que dúvidas. Depois de um Natal e de uma passagem de ano sem motivos para celebrar, o Arsenal vem de cinco vitórias consecutivas nas quais se incluem três goleadas e um triunfo incontestável diante do Liverpool. O Arsenal encontrou uma base competitiva mais sólida atrás e voltou à fase goleadora sem goleador.

O lado direito do ataque do Arsenal é o mais decisivo. Martin Odegaard sobre a meia-direita é um criador de luxo. Usa o pé esquerdo, abre o campo e torna-se imprevisível nas ações. Cria situações de golo, descobre passes impossíveis e chega à área para finalizar. Complementa-se na perfeição com Bukayo Saka, um extremo puro que parte da linha para ameaçar, quer por fora onde encontra desequilíbrios, quer por dentro onde consegue cruzar ou rematar. Melhorou muito a capacidade com que chega ao segundo poste para finalizar.

De resto a última versão do Arsenal fez esquecer a ausência de um goleador. Kai Havertz melhorou o rendimento – ainda está à procura da melhor posição em campo – Leandro Trossard vai-se destacando por entre as estrelas e Gabriel Martinelli, além das arrancadas explosivas, contribui com números. Será curioso perceber qual dos três começará no banco (se algum). Tem sido apanágio em jogos com níveis de complexidade mais elevada (e Mikel Arteta não irá desvalorizar o FC Porto como o fez com o Sporting na última temporada) ver o espanhol reforçar o meio-campo. Além de Declan Rice, contratação da temporada pelos lados de Londres, Jorginho costuma ser chamado e o Arsenal varia entre um 4-3-3 padrão (com Havertz como interior esquerdo e Trossard, por exemplo, como referência ofensiva) e um 4-2-2-2 com o meio-campo reforçado e uma dupla muito móvel na frente.

Por fim, o crescimento recente do Arsenal chegou também pelo reforço da estabilidade defensiva. Jakub Kiwior apareceu à esquerda no lugar de Oleksandr Zinchenko e ofereceu outra capacidade defensiva nos duelos e no posicionamento (mais cauteloso nas abordagens e capaz de aguentar posição e resistir à tentação de colocar o pé na altura errada). Fez Ben White passar a jogar como um lateral mais interior – à semelhança do ucraniano – e confirmou a ascensão meteórica do antigo defesa central como um defesa total.

Entre os lesionados de longa data e os mais recentes indisponíveis, não pisarão o relvado jogadores como Mehdi Taremi, Zaidu Zanusi, Mehdi Taremi, Jurrien Timber, Thomas Partey, Oleksandr Zinchenko, Gabriel Jesus ou Takehiro Tomiyasu. Entre os regressados, nenhum com tantas expectativas como Fábio Vieira que regressa ao Dragão que encantou. A Liga dos Campeões é mais bonita quando é vivida em Portugal.

10 DADOS RÁPIDOS

  1. O FC Porto chega aos oitavos de final depois de se apurar em segundo lugar no Grupo H com 12 pontos.
  2. O Arsenal foi primeiro lugar no Grupo B da competição com 13 pontos.
  3. Na última temporada o FC Porto caiu precisamente nesta fase da competição: perdeu nos oitavos de final diante do Inter Milão.
  4. Já o Arsenal foi eliminado nos oitavos de final pelo Sporting. Não tem boas memórias recentes de Portugal.
  5. Depois de um empate e uma derrota consecutivos, o FC Porto regressou às vitórias na última jornada diante do Estrela da Amadora.
  6. O Arsenal está na melhor fase da temporada. São cinco vitórias consecutivas, incluindo três goleadas (Crystal Palace, West Ham e Burnley).
  7. A última vez que o FC Porto defrontou uma equipa inglesa numa fase a eliminar da Liga dos Campeões foi eliminado. Perdeu com o Chelsea, que se viria a sagrar campeão no Estádio do Dragão, nos quartos de final da edição 2020/21 (2-1 no agregado).
  8. A última vez que os dois clubes se defrontaram na Liga dos Campeões (e a única numa fase a eliminar), o Arsenal foi superior ao FC Porto. Em 2009/10 eliminou os dragões nos oitavos de final (6-2 no agregado).
  9. O Arsenal nunca venceu o FC Porto no Estádio do Dragão (duas derrotas e um empate).
  10. No plantel do Arsenal apenas um jogador representou o FC Porto: Fábio Vieira. No dos dragões nenhum jogador vestiu a camisola dos gunners.

JOGADORES A TER EM CONTA

Wenderson Galeno a jogar pelo FC Porto
Fonte: Filipe Oliveira/Bola na Rede

Wenderson Galeno (FC Porto): Não é o melhor jogador do FC Porto, muito menos o mais confiável. No entanto, e tentando perspetivar cenários de desequilíbrio no encontro, o vertiginoso extremo poderá ser decisivo. Bem White, parte como lateral direito, mas nos últimos jogos atuou mais por dentro, numa espécie de papel híbrido que o torna, nos momentos em que o Arsenal tem a bola, num falso médio. Se o FC Porto conseguir sair com critério e de forma rápida em transições, Wenderson Galeno terá campo aberto e cenário ideal para se afirmar.

Martin Odegaard Arsenal
Fonte: Arsenal FC

Martin Odegaard (Arsenal): Não há como não ficar apaixonado com o jogo que Odegaard carrega nas chuteiras. O norueguês é o principal responsável pelo desequilíbrio ofensivo do Arsenal e, sozinho, consegue mover pedras. Integrado num sistema coletivo que o permite evidenciar-se pode mesmo deslocar montanhas. Joga sobre a meia direita e tem no pé esquerdo um requinte e um perfume singulares. Encontrou nos londrinos a rampa de lançamento da carreira e é, neste momento, um dos melhores do mundo. E esta afirmação não restringe o universo de jogadores a médios.

XI´s PROVÁVEIS

FC Porto: Diogo Costa; João Mário, Pepe, Otávio, Wendell; Alan Varela, Nico González, Francisco Conceição, Wenderson Galeno; Pepê, Evanilson.

Treinador: Sérgio Conceição

«A história do jogo tem a ver com o poderio e as situações que advêm da forma de estar ofensiva do Arsenal que, depois de recuperarmos a bola, permite explorar o que trabalhamos para sermos felizes. Temos de ser uma equipa muito competente e perceber que a coesão e solidez defensiva vai ser a chave para ganhar o jogo».

Arsenal: David Raya; Ben White, William Saliba, Gabriel, Juakub Kiwior; Declan Rice, Jorginho, Martin Odegaard; Bukayo Saka, Kai Havertz, Gabriel Martinelli.

Treinador: Mikel Arteta

«Têm uma grande educação dos treinadores e as academias portuguesas são, sem dúvidas, das melhores da Europa. Não é coincidência a quantidade de talento que produzem e jogadores que são bem-sucedidos em muitas ligas».

PREVISÃO DE RESULTADO: FC Porto 1-1 Arsenal

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