O Paços de Ferreira não tem tido a vida fácil neste regresso à Segunda Liga. A equipa da capital do móvel é das três equipas que mais distante está da subida, apesar de o técnico Ricardo Silva ainda não ter deitado a toalha ao chão, pelo menos, na luta pelo playoff de subida.
Em 2018/2019, o Paços de Ferreira, orientado pelo mestre das subidas Vítor Oliveira, sagrou-se campeão da Segunda Liga e foi o último degrau trepado. Com um plantel construído para o objetivo com vários jogadores experientes na competição e alguns dos quais já com várias subidas no cardápio, tudo pareceu alinhavar-se para o desfecho concretizado.
Esta temporada, o plantel do Paços de Ferreira tem muita juventude e alguns dos quais com pouca ou nenhuma experiência na Segunda Liga. Apesar de ter alguns nomes pesados, como Luiz Carlos, Marafona e Antunes, estes não são experiente neste escalão competitivo.
Contra os mais diretos adversários, o Paços não consegue ganhar e isso obviamente acaba por ajudar a cavar o fosso para o trio de ilhéus na frente.
Este projeto tem futuro, mas não parece ser a curto prazo. Talvez com jogadores com um perfil de Segunda Liga possa dar um traquejo mais estável que permitirá devolver o Paços de Ferreira à Primeira Liga. Falta também golo a uma das equipas da primeira metade da tabela classificativa com menos golos marcados.
Frente a outro candidato à subida no início da época, o Académico de Viseu, o conjunto treinado por Ricardo Silva só se mostrou atrevido na segunda parte e chegou ao golo rapidamente numa jogada rápida concretizada também por um jogador já da casa, Uilton.
Contudo, a falta de gestão dos momentos do jogo, talvez fruto de alguma imaturidade na ideia de jogo, levou o Académico Viseu a chegar ao empate e a quase fazer a reviravolta.
As ideias do treinador Ricardo Silva estão em campo, mas ainda numa fase de desenvolvimento que impedem uma maior estabilidade.
BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA
BnR: O Académico é, a par do Paços de Ferreira, uma das equipas e com menos golos marcados da primeira metade da tabela. Neste jogo, conseguiu criar muitas oportunidades, só conseguiu marcar de grande penalidade. O que é que falta à equipa para ser mais eficaz e traduzir as oportunidades em mim?
Jorge Simão: Melhor treinador, um treinador mais competente [risos] que prepare melhor jogadores para fazer golos. Estou a brincar, obviamente.
O que eu sinto é para o volume de jogo e para a qualidade do jogo. Estou-me a cingir ao jogo de hoje e para a qualidade do jogo ofensivo que nós apresentamos, os golos que marcamos são manifestamente poucos porque nós conseguimos chegar com bola controlada, com vários jogadores após envolvimento e construção a partir de trás e com vários jogadores no último terço. E, depois, confesso que eu próprio sinto também que no último 1/3 falta-nos criatividade. Falta nos jogadores tirarem um da frente, ficarem em campo aberto para poderem cruzar o poder, rematarem em condições, de poderem um fazer um golo.
É como é. Eu como treinador, volto a dizer, tenho de olhar para aquilo que posso controlar, aquilo que eu tenho de melhorar. Construir situações no treino para que leve os jogadores a conseguirem encontrar melhores decisões no decurso do jogo. Passa por aí. Não há muito mais a fazer. Mas é uma boa questão, sem dúvida.
BnR: Na segunda parte, a equipa entrou a todo o gás e fez o golo. O que tentou alterar ao intervalo, em relação ao que não correu tão bem na primeira parte?
Ricardo Silva: Eu acho que, na primeira parte, o jogo foi muito repartido, muito apertado do ponto de vista daquilo que era o fecho dos espaços. O atacar os espaços sem grande risco. As duas equipas tiveram pouca dinâmica ofensiva, tanto de uma como da outra. Aí tentamos sobretudo passar uma mensagem de confiança, de tentamos impor o nosso jogo, de sermos muito mais agressivos para provocarmos o erro porque não somos uma equipa de expectativa.
Fomos uma equipa sempre à procura de oportunidades nesse início de segunda parte. Criámos espaço, dinamizámos, criámos, fizemos o golo. Voltámos a carregar, voltámos a ter bola, voltámos a sair bem e apareceu essa grande oportunidade para podermos fazer o 2-0 e depois perdemos um bocado aquilo que foi o ímpeto. O jogo de futebol está sempre ligado. Há um lado emocional que é que é muito importante e aí eu o crescente de uma equipa e o abaixar da outra, isso foi a chave do jogo.