Penalização potencialmente perigosa | Fórmula 1

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Carlos Sainz foi o grande vencedor do último Grande Prémio de Fórmula 1, na Austrália, com uma prestação ‘Verstappenesca’ depois de Max Verstappen ter tido um problema de travões logo nas primeiras voltas. O espanhol, que tinha falhado a ronda anterior devido a uma apendicite, dominou a prova, mas o assunto que nos traz aqui hoje está relacionado com outro espanhol.

Fernando Alonso partia do décimo lugar, com uma qualificação abaixo das expetativas, mas aproveitou um safety car virtual que lhe caiu numa boa altura para subir ao sexto posto, atrás de Sergio Pérez e à frente de George Russell. Com Russell a parar tarde e a ter melhores pneus para o último stint, Alonso precisava de se defender para manter a sexta posição. Na última volta do Grande Prémio, Russell despistou-se na curva 6 e acabou com o seu Mercedes virado de lado no meio da pista. Umas horas depois do Grande Prémio, Alonso foi penalizado com um drive-through (equivalente a 20 segundos de penalização), caindo de sexto para oitavo.

Entenderam os comissários que o piloto da Aston Martin agiu de forma “potencialmente perigosa” perante o seu adversário, ao travar mais cedo do que tinha travado em todas as voltas anteriores, com Russell a aproximar-se demasiado e a perder carga aerodinâmica devido ao ar sujo que vinha da traseira do Aston Martin, levando-o à gravilha e ao muro. Se a penalização em si já é ridícula, a forma como é escrito o comunicado a anunciar a penalização é do mais absurdo que já vi na Fórmula 1.

Aquilo que Alonso fez foi desacelerar antes da saída de uma curva que antecedia uma zona de DRS, prejudicando ligeiramente a curva do piloto que vinha atrás, algo que, não sendo convencional, não é de todo ilegal. Aquilo que o piloto que está à frente não pode fazer é travar abruptamente tendo um carro mais rápido atrás de si, provocando uma situação em que quem vem atrás tem de bater no piloto da frente ou desviar-se e ir contra o muro.

De resto, o incidente não teria acontecido se Russell tivesse lido melhor a situação, com o britânico a ver Alonso a desacelerar, a querer aproximar-se mais e a não contar que ia perder apoio aerodinâmico que o ia levar contra a barreira. O próprio comunicado dos comissários diz que Alonso tem o direito de tentar uma abordagem diferente à curva e que o espanhol “não é responsável pelo ar sujo, que causou o incidente”. Ainda assim, no parágrafo seguinte anunciam que o vão penalizar com 20 segundos.

O facto de Johnny Herbert ser um dos comissários presentes na Austrália este fim de semana (com ‘maus fígados’ do passado entre ele e Alonso, depois de um artigo de Herbert sobre Alonso em 2016) a poderem, ou não, ter influência na decisão. O grande problema é que, daqui para a frente, isto abre um precedente para futuras situações, com curiosidade para perceber como é que os pilotos se podem defender dos carros que vêm atrás. Em casos anteriores (e são vários), entrar mais lento nas curvas nunca foi um problema. Neste caso, a penalização foi totalmente absurda.

Bernardo Figueiredo
Bernardo Figueiredohttp://www.bolanarede.pt
O Bernardo é licenciado em Comunicação Social (jornalismo) na Universidade Católica de Lisboa e está a terminar uma pós-graduação em Comunicação no Futebol Profissional, no Porto. Acompanha futebol atentamente desde 2010, Fórmula 1 desde 2018 e também gosta de seguir ténis de vez em quando. Pretende seguir jornalismo desportivo e considera o Bola na Rede um bom projeto para aliar a escrita ao acompanhamento dos desportos que mais gosta.

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