A seleção de Espanha deu um autêntico banho de bola à Itália, mas não materializou esse domínio em golos. Com este triunfo, está apurada para os oitavos-de-final
Era o encontro mais esperado desta fase de grupos do Euro-2024, ou não estivéssemos a falar de duas das mais fortes candidatas ao título europeu, com a Itália a ser a detentora do troféu, e a Espanha, atual vencedora da Liga das Nações. Foi a primeira final antecipada deste Campeonato da Europa, a reviver novamente o Europeu de 2012, quando os espanhóis derrotaram, no jogo decisivo, os italianos por 4-0. Quem vencesse este jogo do Grupo B, já sabia que tinha bilhete garantido para a próxima fase da competição.
O treinador espanhol, Luis de la Fuente, apresentou em campo um 4-3-3, enquanto o seleccionador transalpino, Luciano Spalletti, optou por um 4-2-3-1.
Mal começou a partida, e já a fúria espanhola se fazia sentir, com Pedri a cabecear para uma grande defesa, daquele que viria a ser o principal responsável por a Itália não levar para casa uma goleada das antigas.
O guarda-redes Donnarumma não merecia ter saído de Gelsenkirchen com a derrota e o leitor já vai perceber porquê. O que se percebeu logo nos instantes iniciais é que a Espanha escolheu atacar preferencialmente pelo lado esquerdo, a tentar aproveitar a velocidade e a irreverência de Nico Williams, ele que falhou um golo cantado só com Donnarumma pela frente.
Só dava Espanha, e só muito timidamente a Itália foi-se aproximando da área contrária, mas sempre sem causar perigo de maior. A Espanha fazia circular bem a bola, a jogar de pé para pé, e a ter paciência para atacar no momento certo, e seria essa a chave para chegar com êxito à baliza.
Morata foi o próximo a tentar o golo, mas Donnarumma negou-lhe essa felicidade com mais uma boa defesa. A Espanha, com um cheirinho de tiki-taka, sufocou a seleção transalpina, que andou aos papéis em alguns momentos da primeira parte, e nunca conseguiu controlar o seu meio-campo, ao contrário dos espanhóis, que recuperavam a bola muito facilmente e faziam as suas transições de forma tranquila.
Donnarumma foi novamente posto à prova, quando rubricou uma grande defesa depois de um potente remate de meia distância de Fabián Ruiz. O jogo arrastou-se até ao intervalo, sempre com maior domínio espanhol, e Frederico Chiesa foi o responsável pelo primeiro remate da Itália aos 45 minutos, mas o esférico nem a direcção da baliza levou.
Muito pouco para quem está a defender o título europeu, e o que toda a gente deve estar a questionar neste momento, é tentar perceber como é que a squadra azzurra foi para o intervalo com o mesmo resultado que começou esta partida.
E quem pensou que a Itália ia entrar na segunda parte a trocar as voltas aos espanhóis, enganou-se redondamente. A toada continuou a mesma e Pedri dispôs de outra grande oportunidade para marcar, mas deslumbrou-se com a baliza totalmente à sua mercê.
Começava já a roçar o ridículo o que se estava a passar dentro de campo, e o ridículo aconteceu mesmo aos 55 minutos. Já que os espanhóis não estavam a conseguir introduzir a bola dentro da baliza, os italianos encarregaram-se de fazer esse favor. Calafiore quis ser hermano de nuestros hermanos e ofereceu um brinde com um autogolo. Infelicidade do central transalpino, mas que no fundo, veio trazer justiça ao resultado.
Com o golo sofrido, esperava-se, finalmente, uma Itália com garra a ir em busca do empate. Mas o pouco que se vislumbrou foi alguma posse de bola e ataques pelos flancos, mas tudo morria dentro da área espanhola. A Espanha de Luis de la Fuente continuava insaciável e teve mais três oportunidades para marcar. Primeiro, num remate de Morata, que Donnarumma defendeu, depois, foi Yamal a rematar com a bola a razar o poste, e por fim, Nico Williams acertou em cheio na trave.
Só nos últimos 10 minutos da partida é que se viu uma Itália desesperada em busca do empate, com a Espanha a passar, pela primeira vez, um mau bocado, muito por culpa de ter baixado as suas linhas, já a pensar em segurar a vantagem mínima. Mesmo assim, e por incrível que pareça, foi já durante o tempo de compensação que a Espanha que teve mais duas oportunidades claras de golo, mas Donnarumma foi mais uma vez gigante.
Triunfo sem espinhas da Espanha na Arena AufShalke, ainda que pela margem mínima, onde deu um verdadeiro recital de futebol à atual campeã europeia, que desiludiu por completo. O conjunto comandado por Luciano Spalletti foi uma equipa sem ideias, sem chama, e Donnarumma foi o único jogador da squadra azzurra que merecia ter saído em ombros de Gelsenkirchen. Não fosse uma noite inspiradíssima do número um italiano, e o resultado teria sido um escândalo.