McLaren não pode continuar a desperdiçar tanto | Fórmula 1

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5 de maio de 2024 foi a data da primeira e até agora única vitória de Lando Norris na Fórmula 1, que teve lugar em Miami. A partir daí, passaram seis Grandes Prémios, com três a serem vencidos por Max Verstappen, um por Charles Leclerc, um por George Russell e o mais recente por Lewis Hamilton. Na maioria desses Grandes Prémios, a McLaren podia ter vencido e em alguns deles não o fez por más decisões.

Em Imola, Norris só pressionou nos instantes finais, com Verstappen a controlar parte da corrida, mas a vencer por apenas 0.7 segundos. No Mónaco, quem fizesse a pole iria quase de certeza vencer a corrida e aí foi Charles Leclerc a bater Oscar Piastri. Depois disso, a McLaren tem desperdiçado demasiados pontos, com más decisões no Canadá, um mau arranque de Norris em Barcelona que levou o britânico a usar uma estratégia alternativa que não funcionou, um incidente entre Norris e Verstappen na Áustria (culpa de Verstappen, em boa verdade) que deu a vitória a George Russell e agora mais um par de más decisões com ambos os pilotos em Silverstone.

No Reino Unido, eram os Mercedes a saírem nas primeiras posições e Norris até chegou a estar em quarto, perdendo novamente na primeira volta para Verstappen. Contudo, tanto Norris como Piastri tinham mais ritmo do que Verstappen em piso seco e mais ritmo do que os Mercedes à chuva, passando para primeiro e segundo na volta 20. Chegava a altura em que era preciso tomar boas decisões (no que toca às paragens para colocar pneus intermédios, com a pista molhada) e a McLaren falhou em toda a linha.

Verstappen (e Carlos Sainz, que estava a pressionar o neerlandês, mas não tinha ritmo para lutar com os da frente) pararam à volta 26, algo que os beneficiou. Norris, Hamilton e Russell responderam na volta seguinte, com a Mercedes a fazer um duplo stack (o que não foi ideal, uma vez que Russell perdeu posição em pista para Verstappen). A McLaren tinha os seus pilotos demasiado próximos e optou por não os parar na mesma volta, fazendo com que Piastri parasse apenas na volta seguinte, com o australiano a perder uma quantidade absurda de tempo e a voltar para a pista no sexto lugar (quando, momentos antes, estava a uma distância muito curta da liderança). O ideal para a McLaren seria ter parado Norris na mesma volta de Verstappen e Sainz, com Piastri a parar na mesma volta dos Mercedes, mas, da forma como foi, a corrida de Piastri foi deitada ao lixo.

Umas voltas depois, a pista estava a secar e os intermédios já não faziam sentido, sendo preciso voltar a usar pneus de piso seco. Russell já não estava nestas contas, tendo abandonado com um problema no seu Mercedes, e Piastri estava demasiado longe. Com Norris ainda na liderança da corrida, Hamilton (segundo) e Verstappen (terceiro) pararam primeiro, na mesma volta, com o britânico a colocar pneus macios e o neerlandês a optar pelos duros. Com firmeza da Mercedes e da Red Bull na hora de tomar essas decisões, na McLaren havia muita confusão, com o engenheiro Will Joseph a perguntar a Norris quando é que devia parar e que pneus é queria utilizar.

Norris parou na volta seguinte, para meter pneus macios, algo que não só lhe fez perder posição em pista para Hamilton, como o deixou lento para o último stint, perdendo também depois para Verstappen, que era o mais rápido em pista na reta final. Nas comunicações de rádio anteriores, Joseph dizia a Norris que tinham um jogo de pneus médios que lhes daria vantagem para o final, mas acabaram por não tirar partido disso. Norris e Piastri terminaram em terceiro e quarto, respetivamente, quando podiam facilmente ter sido primeiro e segundo. Aqui, a McLaren voltou a cometer um erro que já tinham evidenciado em 2021, no célebre Grande Prémio da Rússia, aquele que Lando Norris perdeu quando começou a chover. Aí, a equipa de estrategas estava indecisa e Norris estava firme, mas firme com a decisão errada. Aqui, estavam os dois indecisos e acabaram por complicar demasiado. O problema é que, em 2021, a McLaren só tinha carro para vencer muito de vez em quando. Em 2024, tem carro para lutar quase sempre pela vitória e todo este desperdício de pontos prejudica a tentativa de aproximação à liderança nos respetivos campeonatos.

Bernardo Figueiredo
Bernardo Figueiredohttp://www.bolanarede.pt
O Bernardo é licenciado em Comunicação Social (jornalismo) na Universidade Católica de Lisboa e está a terminar uma pós-graduação em Comunicação no Futebol Profissional, no Porto. Acompanha futebol atentamente desde 2010, Fórmula 1 desde 2018 e também gosta de seguir ténis de vez em quando. Pretende seguir jornalismo desportivo e considera o Bola na Rede um bom projeto para aliar a escrita ao acompanhamento dos desportos que mais gosta.

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